bergar com sofrível dignidade a crescente corrente juvenil, a verdade á que ". próxima entrada em funcionamento do 3.° ciclo tomá-los-á exíguos, do presente para o próximo ano lectivo, já pelo aumento certo de alunos, já pela necessidade de novas instalações laboratoriais.

Eis por que, em nome de uma população orgulhosa do seu passado o das suas tradições de indesmentido e são portuguesismo, mas que pretende ver-se integrada na sua época, ao mais alto nível, ouso endereçar um papel a dois governantes ilustres - aos Srs. Ministros das Obras Públicas e Comunicações e da Educação Nacional -, invocando os seus tão comprovados dinamismo da acção, elevada competência e profundo sentido das realidades, para que a rápida construção dos edifícios da Escola do Ciclo Preparatório e do Liceu de Elvas seja um facto, para engrandecimento da cidade, dignificação do ensino e prestígio de quem governa.

Finalmente, seja-me ainda permitido deixar aqui mais uma palavra de muito recon hecimento e respeitoso apreço ao Sr. Ministro das Obras Públicas e Comunicações, pois contando-me entre aqueles que, nesta Câmara, levantaram a voz para solicitar ao Governo a urgente e necessária revisão dos modestíssimos solários dos guarda-rios, viram agora estes os mesmos aumentados, conforme se solicitou.

O Sr. Leal de Oliveira: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com certeza.

O Orador: - Agradeço a V. Ex.ª as suas palavras, que afinal vieram mostrar bem a razão e a justiça das minhas próprias.

E, se o novo nível de remunerações nem pelo próprio Governo será ainda considerado como totalmente satisfatório, justo e fácil será reconhecer que, para além do encargo que representaria um maior aumento, as implicações relativas a paridades com categorias equivalentes de outros sectores do funcionalismo remeterão a completa satisfação de justos desejos para uma reforma geral de quadros e de níveis de vencimentos que se deseja e espera em futuro breve.

O Sr. Leal de Oliveira: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Miller Guerra: - Sr. Presidente: No discurso de candidatura que proferi em Outubro de 1969, e em outros passos da minha curta carreira política, declarei as minhas ideias. É a altura de as reafirmar para que se não veja incerteza onde houve propósito, ambiguidade onde existiu determinação, obscuridade onde tudo foi transparente.

Com a subida ao poder do Sr. Presidente do Conselho de Ministros, pareceu-me abriram-se horizontes e possibilidades novas à política nacional. Foi pelo que a transição significava ou prometia, como diferença do passado imediato, que resolvi enfileirar na falange modernizadora.

Tinha os olhos fixos na mudança evolutiva e, de forma nenhuma, na continuação do um regime que considerava inadaptável às transformações inerentes ao processo técnico, social e político dos nossos dias.

A ideia de Liberalização divulgada nessa altura denotava o abrandamento do poder pessoal, a supressão da censura e a instauração do pluralismo ideológico. A palavra ressoava-me aos ouvidos e aos do povo português como prenúncio de libertação de quatro décadas de autocracia, encaminhadas num governante a quem os seus partidários atribuíam um intangível e quase sagrado.

O Sr. Henrique Tenreiro: - E era verdade!

O Orador: - Para os seus partidários . . .

Após um período depressivo de convivência política requeriam-se reformas fundamentais, concebidas e executadas à luz de um novo ideário.

Presumia-se que a fase transitam consistiria num movimento duplo e simultâneo: crítica do regime transacto e lançamento das bases de outro mais moderno, liberatizante e reformista. Para isso era mister reexaminar os esquemas ideológicos, rever estruturas, mudar posições.

Não se foi tão longe: fez-se apenas uma pequena abertura no bloco monolítico. A liberalização consistiu num certo grau de tolerância, sem abolir as regras tradicionais. Mas tanto bastou para areja a atmosfera, permitindo a descompressão dos espíritos e dos corações oprimidos.

Foi sol de pouca dura - essas expectativas, esperanças, anseios, retraíram-se pouco a pouco, particularmente no campo das liberdades individuais, cuja disciplina retrogradou, "aproximando-se da dureza antiga.

A minha posição era considerada ingénua por ambos os extremos.

Os Srs. Henrique Tenreiro e Cunha Araújo: - E continua, e continua. . . .

O Orador: - Graças a Deus!

Pelos da direita, por ter acreditado numa mudança que reputavam impossível, enquanto a força estivesse do lado deles; pelos extremistas da esquerda, porque só pensavam na mudança pela violência revolucionária.

Ingenuidade, quer dizer, singeleza e sinceridade. Terei de tudo um pouco, como é próprio de quem confia nas ideias justos e na vontade dos homens para transformar o mundo.

Concebo a política baseada no reconhecimento mútuo dos homens como seres livres, o que pressupõe o respeito pelas oposições ideológicas. Fundamenta-se nisto o pluralismo, cuja antítese vejo retratada no partido único e na hegemonia de um só pensamento e de um só credo.

Discordo da concentração dos poderes numa pessoa ou numa oligarquia, sem reconhecer, ou reconhecendo imperfeitamente, a variedade das tendências, dos interesses e opiriões.

Se não se admite a crítica, o controle das animações e dos actos governativos, como se pode classificar o Regime se não de autoritário?