Correia, a curiosidade de saber quem era o seu malévolo detractor. Ao Dr. Jorge Correia agradeço as tão amáveis referências que entendeu de mim dever fazer, talvez exageradas pela óptica forte da sua amizade.

No entanto, para completo esclarecimento, informamos mais aqueles que nos ignoram, e já agora aqueles que nos esqueceram - quão fraca- é a memória do homem! - sermos um húmil Deputado interessado, e tão-só, em ser útil, por todos os seus muitos anos, ao bem-estar da comunidade, maiormente ao daqueles que nela estão situados em níveis mais modestos.

Por isso mesmo aderimos, desde o primeiro momento, à política do Estado social, pela qual de sempre propugnámos, que nos governou e na continuidade nos governa e que a temos na "recta intenção" de servir, o melhor que lhe é possível, o interesse nacional.

Por assim ser, e só por isso, é que no absoluto divórcio de propósitos demagógicos, o que ficou agora bem patenteado, desde 1965 que vimos a afirma:

1.º Em Dezembro desse ano, na nossa primeira intervenção nesta Casa, "que era preciso olhar a sério para a precária situação económica dos funcionários dos corpos Administrativos" - dos corpos administrativos, note-se bem;

2.º Nessa -mesma- intervenção, "a necessidade instante da aproximação dos funcionários estaduais e administrativos dos da actividade privada";

3.º Em Fevereiro de 1966, "a injusta desigualdade de tratamento dos tão prestantes servidores das autarquias, relativamente àqueles que servem o Estado, sem bem se saber porquê, nem se compreender";

4.º Na mesma data, "a necessidade premente da melhoria de vencimentos e atribuição de abono de família para os funcionários (municipais, não com carácter facultativo, como se verificava, mas obrigatório, como devia ser";

5.º Ainda em Fevereiro de 1966, "que a Assistência na Doença aos Servidores do Estado, já instituída, era justíssimo que fosse estendida aos funcionários dos corpos administrativos". Dissemos que "não percebíamos por que é que tal benesse ainda não lhes tinha sido atribuída".

E de um modo geral para todos os funcionários:

6.º Em Dezembro de 1965, pedimos "o tão necessário e justo aumento de vencimentos";

7.º Em Dezembro de 1966, proclamámos "a situação difícil tio funcionário público", dizendo mais que "o provento directo carece de ser urgentemente corrigido, ajustando-o ao nível do da empresa privada, evitando-se assim a repulsão que se está verificando";

8.º Em Dezembro de 1968, insistimos "na reestruturação dos quadros para melhor viver do funcionário";

9.º Nessa data, pedimos a melhoria da situação dos reformados e para eles a assistência na doença;

10.º Ainda méis, em outra intervenção a seguir, solicitámos ao Governo "a revisão do regime das ajudas de custo e a sua actualização para os funcionários das categorias mais baixas, pois se havia dado ajuda maior aos menos fracos e menor aos mais débeis".

11.º Em intervenção de Dezembro de 1969, mostrámos quanto "o problema do funcionalismo era candente e grave, tendo a grande massa dele entrado em desânimo, com toda a inconveniência de uma acção sumamente desinteressada";

12.º Então perguntou-se "o que eram os 18,65 por cento (média) de aumento atribuído aos vencimentos para baixo da letra Q?";

13.º Mais uma vez se disse "ser preciso colocar os servidores do Estado a par dos das empresas privadas";

14.º De novo pedimos "a justa e breve actualização dos vencimentos, tal como era entendido e prometido";

15.º Em Janeiro de 1971, outra vez nos batemos "a favor das famílias dos servidores modestos do Estado e corpos administrativos, quantas vezes - assim o declarámos em pleno sentir os de maior diligência-";

16.º Nessa intervenção corajosamente apontámos "as muitas distorções existentes quanto a gratificações, horas extraordinárias, diuturnidades e serviços sociais";

17.º Ainda nesta nossa fala pedimos "a pensão de sobrevivência para todo o funcionalismo, e ela, só Deus sabe, pode ser que à nossa família contemple; mas do que não usufruímos, seguramente, é das demais regalias então propostas:

Aumento do abono de família; Extensão da assistência na doença aos filhos dos funcionários";

18.º Outra vez, e nessa mesma intervenção, realçamos "a imperiosidade de robustecer a magreza da bolsa dos funcionários economicamente mais débeis";

19.º Em Abril de 1971, de novo voltámos à liça em defesa das regalias sociais "absolutamente devidos aos funcionários públicos, nestes incluídos os das autarquias locais";

20.º Em Dezembro de 1971, lutamos pelo "não cerceamento do direito do abono de família aos ascendentes", boato insistente, mas felizmente sem fundamento;

21.º Ainda mais pedimos:

A actualização dos vencimentos, e, além disso,

O 13.º mês, e

O subsídio de férias;

22.º Nessa mesma discutida intervenção de 23 de Fevereiro de 1972, dissemos que em relação com os vencimentos, as letras do nosso alfabeto, que não são muitas, desde o U e até ao Z pareciam estar a distância infinita do A!

23.º E já posteriormente, na minha intervenção de 10 de Março, com os olhos postos nas dificuldades imensas do viver do funcionalismo:

Afirmámos a inacessibilidade da habitação digna a família de viver médio;

Dissemos que a evolução dos vencimentos dos funcionários estava e continua a estar congelada;

E evidenciámos o interesse na construção pelo País de blocos habitacionais para os servidores públicos.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Porquê toda esta defesa acalorada do funcionário público?

Apenas porque também somos funcionários? Não! Tão - somente pela razão proclamada na nossa intervenção

de Janeiro de 1971. Assim o ditámos:

Toda a Nação, para que seja autêntica no seu valor, (precisa que o Estado seja perfeito na sua contextura, que nunca o será se os seus servidores forem imperfeitos no seu executar.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Para quem tem observado com tanta profundeza e intensidade o viver angustioso dos serventuários da função pública, sobretudo defendendo, sempre que oportuno, os de renda mais baixa, parece-nos não ser justo, e antes da vincada ingratidão, considerá-lo