O Orador: - Antes de partir para Brasília, o Chefe do Estado Português participará no lançamento da primeira pedra do monumento comemorativo da primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Perpetua-se assim a gesta heróica de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, o egrégio sucesso que em 1922 traduziu o propósito de sempre estreitar por todas as formas as ligações entre as duas pátrias.

Brasília, que representa o portentoso Brasil de hoje, esta capital famosa como hino a visito lúcida e a vontade inquebrantável do povo brasileiro, constituirá cenário para as mais elevadas e expressivas manifestações de nível político.

Américo Tomás e Emílio Medíeis mais uma vez darão sentido ao espírito que nos une, apoiarão os esplendorosos caminhos que o futuro abre A comunidade luso-brasileira.

E nas mais prestigiosas instituições da grande nação brasileira, desde o Supremo Tribunal Federal ao Congresso Nacional, reunido em sessão conjunta, o Presidente da República Portuguesa encontrará aquele acolhimento fraterno que os Brasileiros sabem dar aos seus irmãos de Portugal.

A Brasília suceder-se-á S. Pardo, e aqui uma visão prodigiosa que todos os dias se agiganta num hino a vontade criadora do homem 'brasileiro e português.

Esta será a terra do Mundo onde é singularmente expressivo o valor da raça.

Ao depor uma palma de bronze no Monumento da Independência, o Presidente Américo Tomás recordar-se-á do sacrifício e do mérito de quantas gerações abnegadas que, desde as viagens nas margens do Piratininga, sonde Martim Afonso primeiro povoou", conforme se acha numa carta do padre Manuel da Nóbrega, até hoje, permitiram erguer a urbe milionária que, na sua força expansiva, afirma que o Brasil não é apenas o país do futuro, é já grande, A majestosa, incontestável realidade dos nossos dias.

Tal como nas outras terras do Brasil, também em S. Paulo assumirá particular significado o encontro do almirante Américo Tomás com a colónia portuguesa.

Como será grato ao Presidente de Portugal este encontro de família, numa casa onde nenhum é estranho! Sentir-se-á honrado e orgulhoso ao rever o labor estrénuo de quantos um dia saíram das terras de Entre Douro e Minho ou das Beiras, das serranias de Trás-os-Montes ou das plagas do Atlântico Norte, porá, no Brasil, se associarem aos que na paz, na tolerância e no trabalho profícuo continuam a alma lusíada.

Sr. Presidente: O País fica a dever ao almirante Américo Tomás mais um relevante serviço. A dignidade que o venerando Chefe do Estado empresta, com a sua visita oficial ao Brasil, as relações luso-brasileiras insere-se numa continuidade de acção política, pela qual todos os portugueses se manifestam profundamente gratos ao supremo magistrado da Nação.

Brasil e Portugal vão viver dias inolvidáveis no próximo mês de Abril.

Por toda a porte o povo desta grande comunidade, em que têm .assento homens dos mais variadas raças e -latitudes, identificar-se-á com o sentir dos seus chefes.

Consagra-se uma comunhão de entendimentos, aspirações e vontades, que constitui o melhor penhor da nossa grandeza e prosperidade no futuro.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: É claro que o Sr. Deputado Henrique Tenreiro pressupôs um assentimento, nos termos do artigo 76.º da Constituição Política, que, confio, será muito grato à Assembleia prestar quando lhe for pedido.

O Sr. Martins Nunes: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Antes de mais, saúdo respeitosamente na pessoa de V. Ex.ª, Sr. Presidente, esta ilustre Câmara, ao mesmo tempo que aproveito a oportunidade para colocar à sua inteira disposição todos os meus préstimos.

Sendo esta a minha primeira intervenção nesta Assembleia, as minhas palavras pouco irão para além de apresentação: apresentação do homem, da causa que se propôs defender e do povo que veio representar.

Quanto ao homem, pouco há u acrescentar ao que já foi dito e escrito durante o período eleitoral: homem comum, vindo do povo, no seio do qual continua a viver para servir de seu elo de ligação com o Governo; homem cujo título máximo é o profundo amor que nutre pela sua terra e suas gentes. Para além disso, só há a acrescentar que, como homem que sou, amo a humanidade e interesso-me por tudo quanto possa trazer a paz e o bem-estar sociais; membro de uma nação livre, amo a liberdade e comprometo-me na sua defesa contra tudo o que possa conduzir À sua perda; português de lei que me prezo de ser, respeito os princípios por que se rege a Nação e sempre tenho procurado cultivar o amor à Pátria como um sentimento indispensável à coesão nacional ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e, finalmente, por temperamento e por formação, tenho um profundo amor a Justiça e respeito pelo Direito e jamais hesitei na escolha entre a Razão e a Força1, que seja enfare a força da Razão e razão da Força, dando sempre a minha inteira preferência à primeira.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E esta a minha filosofia, e não tenho dúvidas em afirmar ser esta a linha geral por que se pauta a conduta desta nobre Câmara, onde reside grande parte das esperanças de sobrevivência da Nação.

Como é fácil de ver, apesar de algumas diferenças que se admite possam existir entre mim e os meus pares nesta magna Assembleia, há entre nós uma perfeita identidade de sentimentos1 e de ideal, identidade que faz com que possamos trabalhar num clima de paz e solidariedade, de forma a alcançarmos, no mais curto espaço de tempo, o nosso objectivo comum: o bem-estar dos povos que representamos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Falei do homem. Vou agora falar da causa que se propôs defender.

Ao ser eleito Deputado pelo círculo da Guiné, que neste momento represento, prometi solenemente: respeitar a Constituição e acatar a ordem social estabelecida e, neste alto colégio da Nação, dar o meu contributo para que os leis que aqui se elaborarem para servir os Portugueses, os sirvam o melhor possível e para que não sirvam menos os portugueses da Guiné, de todas as origens a credos.

Prometi igualmente, fiel a um dos princípios básicos da política do Governo da província - a participação do