povo nas tarefas da Administração, prestar e trazer outros a prestarem a sua máxima colaboração aos que têm a ingrata missão de governar.

Mas, para além de tudo, prometi - e essa é, a meu ver, a sagrada missão de todos nós - promover e defender a unidade de todos os portugueses ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... sejam quais forem as vicissitudes por que o País tenha ainda de passar. Pois se pode pensar que somos capazes de, separados, promover o nosso bem estar, porque não havemos de demonstrar que somos capazes de o fazer em conjunto, pondo de parte ambições cegas, egoísmos estéreis ou individualismos improfícuos? E quanto mais fácil não nos seria deste modo atingir o objectivo por que todos ansiamos?

Há uma razão para eu desejar e prometer aquilo que prometi. Todos nós sabemos a difícil situação que se tem vindo a viver na província dia Guiné. Através da guerra subversiva - a miais hedionda que o génio humano inventou - os inimigos dia Nação procuram, por todos os meios, semear ódios, malquerenças e dissenções e criar um clima permanente de agitação dos espíritos, com vista a destruir a. unidade do povo e entre o mesmo e o Governo, de modo a entravar ia marcha do progresso económico e social que se impõe.

A que pode levar essa manobra do inimigo? A resposta é só uma: partindo da uberdade irresponsável que se apregoa, passar-se-ia, acto contínuo, à autarquia, a ruína e ao caos. Nenhum verdadeiro guinéu e, felizmente, somos muitos - pode permitir tal coisa, que apenas viria a favorecer a introdução de ideologias estranhas, incompatíveis com as estruturas moral, social e tradicional do nosso povo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para além do mandatário do povo nesta Assembleia, sou um representante dessa corrente.

Eis, em resumo, a causa que me propus defender na Mãe-Pátria como Deputado, como membro da L. P. G., movimento integrado na A. N. P., que fundei juntamente com outros guinéus de boa vontade com o fim de apoiar o Governo na luta pela paz e pelo progresso, é ainda, como simples cidadão deste país de característica ímpar no Mundo: pluricontinental, multirracial e pluricultural. São tais objectivos a razão da minha presença nesta Casa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para que possa cumprir cabalmente a minha missão, só peço e, compreensão de todos, em especial dos meus purés nesta Gamara, tendo em atenção HS diferenças peculiares que nos diversificam sem nos separar - e condicionam as nossas "reacções particulares, em face das várias soluções (adoptáveis para os magnos problemas nacionais que enfrentemos. Espero essa compreensão, que antecipadamente agradeço, prometendo da minha parte corresponder com atitude iguid ao vosso nobre gesto.

Cabe, neste momento, e vez de falar do povo que represento.

Efectivamente, fui escolhido pelo povo, proposto pelo povo e eleito pela vontade irresistível desse mesmo povo, com o qual perfeitamente me identifico.

Por isso, posso, à vontade, falar dele. Conheço-o como me conheço a mim mesmo. Dignidade, personalidade, sentido de justiça e noção de direito; respeito pelas suas tradições, conjugado com um ardente desejo de evolução e de progresso económico e social; possuidor de elevadas virtudes morais, como lealdade, sinceridade e heroísmo, eis o que caracteriza o povo da Guiné, um dos mais fiéis que a Nação pode conter no seu seio.

São tantos e de tal ordem os exemplos quase lendários de amor pátrio e de fidelidade à Nação pôr parte do povo da Guiné que nem sequer não vou deter a enumevá-los.

Desde os primórdios da colonização às mais recentes épocas, dos régulos o chefes de todos as etnias, passando por Horário Barreto, Lamine Injai, Augusto Colam, D. Rosa Carvalho de Alvarenga, D. Vitória Alves (a célebre Nhã Velha das campanhas de Teixeira Pinto) e muitos outros, até aos nossos contemporâneos, o bravo capitão João Bacar Joio, comandante dia 1.º Companhia de Comandos Africana, e o Dr. James Pinto Buli, inspector administrativo e Deputado pela Nação, ambos mortos ao serviço da Pátria, estende-se uma plêiade de homens célebres nesse aspecto, sem os quais a Guiné não seria portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esses homens fizeram o que deviam ter feito, agindo cada um de acordo com as realidades e condicionalismos das respectivas épocas, mas todos sempre no mesmo sentido. Não bosta, porém, que eles tenham realizado uma obra que nós todos admiramos e de que nos orgulhamos com legítimos motivos- Ë necessário, que lhe demos continuidade.

Os guinéus de hoje não são menos em valor do que os de ontem. Têm é <1e sentir, como os seus ancestrais, a necessidade de continuarem portugueses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A missão que nos cabe ia todos - não apenas a nós, Deputados, mas a todos os responsáveis pelos destinos da Nação, tanto no sector oficial como no sector privado é fazer sentir essa necessidade, pondo em evidência os reais vantagens e conveniânciins de pertencer â Nação Portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, é nessa linha que se orienta a acção do Governo da província, com resultados animadores.

A Guiné não pede o impossível, nem pede demasiado. Ela pede apenas que, na constância de uma política que se deseja ver continuada, a auxiliem, concedendo-lhe os meios necessários para, utilizando os próprios recursos locais, materiais e humanos, responder pelo seu futuro. E o futuro, neste caso, será continuar Portugal naquelas paragens do continente africano.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Peço neste momento licencia a V. Ex.ª para me dirigir em especial aos meus ilustres colegas Srs. Deputados Cancela de Abreu, Salazar Leite e Teófilo Frazão, companheiros na viagem que, ditada pelos mais nobres propósitos de servir Portugal servindo a Guiné, ficou, no entanto, marcada por um dos acontecimentos mais tristes da história contemporânea daquela nossa província: o acidente aéreo que ocasionou a perda de cinco elementos válidos a serviço da Nação, os Deputados Pinto Buli, Leonardo Coimbra. Pinto Leite e Vicente de Abreu e o oficial das forças