raças da Margueira Velha, morto sobranceiro ao cais de Coalhos, desaparecerão totalmente ato ao fim do ano corrente. Entretanto, já 180 famílias gozam da habitação capaz, fornecida pelas mesmas entidades, num esforço conjunto que nunca é de mais realçar e tem sido ainda possível pelo auxilio do Ministério das Obras Públicas, do Ministério das Corporações, da Secretaria de Estado da Saúde e Assistência e cie empresas particulares, de entre as quais merece referência especial a Lisnave. O investimento, só o da responsabilidade da Câmara, é já da ordem dos 37 000 contos. As restantes barracas de Almada, dispersos por aqui e por ali, terão desaparecido, ao que se anuncia, no 1.º semestre de 1978.

Acentue-se ainda, como outra nota de interesse, a (preocupação de integra os transferidos das barracas em bairros de população heterogénea. Não há qualquer discriminação e os espantosos resultados de promoção social já verificados são a melhor resposta ao estimulo dado. Aliás, o viver em barracas resulta, a maior parte das vezes, da impossibilidade de se pagar as rendas hoje pedidas, e não de uma situação moral decadente. Esta surge quando as pessoas se acomodam ao inevitável, e para muitas delas a barraca é esse inevitável irremediável. Quando, porém, é possível, por um esforço que tem de ter sempre a vontade férrea de um homem como fulcro - e é este o caso de Setúbal e de Almada -, nascem os flores do pântano, e eu as vi, ontem lodo, hoje flores...

Almada, na margem contrária a Lisboa, ligada já a ela por uma ponte, é .todo* os dias procurada por aqueles que na grande capital ganham o pão da boca, mas não podem pagar a casa cara, ou a cosa mais o transporta da longa distância e mais o almoço, por não poder ir a cosa. For isso nela, na zona do Monte da Caparica, vai o Fundo de Fomento da Habitação iniciar a construção de 2500 do .primeiro grupo de 6000 fogos, parcela dos 20 000 que ali seroo cidade satélite do futuro. Ali serão, mas a vida é (presente, acontece todos, os dias, exigindo acção constante se se quiser evitar que voltem a surgir as .barrocas agora em agonia.

O Sr. Alberto de Alando: - Muito bem!

O Orador: - Esse esforço está a ser feito em Almada e teve por precursores o da Junte Central das Casas dos "Pescadores, contemplando 42 famílias de pescadores da Caiparica, e o do realojamento das 92 famílias deslocadas pela construção da ponte sobre o Tejo e continuado pela Câmara Municipal, quando as inundações da Trafaria desalojaram novas famílias; esse o esforço que em Setúbal se tem feito, após um descanso de catorze anos. ambos por um mesmo trabalho de equipa, que fez bandeira da compreensão humana.

Que o exemplo frutifique silo de certo os votos de todos nós.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Almeida e Sousa: - Com a amarga desilusão que sempre provoca o desfazer de uma esperança, tomou agora o Norte do País conhecimento dos horários que a ÏAP fez aprovar para o Verão de 1972. Mais uma vez, e, se se não tomarem medidas em contrário, por mais um ano, os ligações do Porto com a Europa continuam as mesmas: apenas de Verão, três frequências semanais para Londres, duas delas de noite e de fim de semana, e mais nadai

Uma região que é praticamente metade de Portugal e 4 milhões de habitantes continuam, por decisão discricionária e discriminatória do monopólio nacional, em estado de injustiça em quanto a transportes aéreos se refere.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Já aqui o dissemos o voltamos a repetir: em 1972, 4 milhões de habitantes têm o irreprimível e irrefutável direito de serem tratados de outra maneira. Estamos mais perto da Europa, ninguém, seja quem for, tem o direito de nos afastai- dela.

Reduzindo ao mínimo as nossas reclamações, pedimos apenas que algumas dos carreiros que saem de Lisboa façam escola no Porto. Para a Europa, ficar-lhes-III, ou quase lhes ficaria, em caminho.

Dizem-nos -não oficialmente, que oficialmente nunca nos- deram a honra de nos dizer nada - que, para 03 aviões em serviço, não é económico escalar no Porto, apenas a 300 km de Lisboa.

Mas que vemos nós nos horários da TAP? Aviões que fazem escuta em Genebra para aterrarem em Zurique, apenas a 280 km de Genebra. Não são esses aviões os mesmos, ou maiores? Será que lá é económico?

Porquê esta discriminação? Será só porque somos portugueses? Tem a TAP o direito de a fazer? Não foi a TAP constituída para servir os Portugueses, todos os portugueses? Ou merecerão os Suíços à TAP aquilo que nós, Portugueses, não merecemos?

Meus senhores, isto revoltar Ano após ano, um diálogo surdo que não acaba e um subdesenvolvimento que continua. Com que sinceridade falamos nós em desenvolvimento- regional?

Mais uma vez o temos de dizer: as populações do Norte entendem que as deficiências dos transportes aéreos que as servem têm sido, são e continuarão a ser fortíssimo estrangulamento dos suas aspirações e potencial idades turísticas, comerciais e industriais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Entendem que, numa época em que se planeiam espaços económicos que interligam as grandes massas, chamando mais e mais à colaboração homens que vivem longe, ninguém, seja sob que pretexto for, tem o direito de coarctar possibilidades, afastando, pelas comunicações, os que geograficamente estão mais perto.

Entendem que, quando tanto se pensa, se fala e se legisla em termos de desenvolvimento regional, é contraproducente, para só empregar esta palavra, tirar às regiões mais pobres, em favor das regiões mais ricas, as suas reais possibilidades de promoção.

Entendem que a região Norte tem incomparáveis potencialidades turísticas que até agora, e com gravíssimo prejuízo, têm sido anuladas pelo absolutismo do seu acesso aéreo.

Será que haja quem negue alguma destas razões?

Pois já que não há mais ninguém que proteste contra a injustiça, que seja mais uma vez -desculpem-mo- a fraca voz de um Deputado que peça ao Governo que nela não consinta.

Que alguns dos aviões que partem de Lisboa façam escala no Porto.. Que se for preciso, por qualquer razão, suprimir escalas, se suprimam os de Genebra ou Zurique, nunca as do Porto!

Nós também somos portugueses e temos exactamente os mesmos direitos que qualquer português pode ter.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi cumprimentado.