que foi traduzido nas duas leis que agora são postas em causa. Valerá a pena acentuá-lo. Portugal teve varies dificuldades para iniciar a sua industrialização, mas após os anos 40 começou-se uma via que deu alguns- frutos, embora todos reconheçamos a sua insuficiência.

Julgo que esta deveria ser a primeira palavra aqui dita.

A segunda, é que penso que uma lei de fomento industrial não deveria simplesmente ter acontecido. Deveria ter sido alguma coisa de mais vivo e de mais actuante, e participado mesmo nesta Câmara. Está em causa o lançamento de uma nova política, que é sempre, de algum modo, um repto que a todos compromete, pois todos, no- maior ou menor espaço e tempo das nossas capacidades, temos que acrescentar o nosso esforço e a medida dele.

Quereria terminar citando o engenheiro Ferreira Dias, o grande autor das duas leis que vamos revogar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - e que dizia:

Aos portugueses do século XX se abre o caminho de subir, de posição. Caminho tão ingrato, tão difícil, tão perigoso, mas tão prometedor como as rotas do Mar Tenebroso se abriam aos portugueses do século XV.

Como estes se houveram, como então se criou uma consciência nacional, di-lo história; como se hão-de portar os de hoje, é segredo de Deus.

Se à obra do nosso tempo falta o estímulo religioso de Quatrocentos, temos de compensá-lo com a consciência mais perfeita dos deveres sociais e a necessidade móis premente de olharmos ao prestígio da nossa bandeira - prestígio de textura complexa, que já não vive apenas da ponta das espadas, mas de um misto de forças, de riqueza, de organização, de inteligência e de sentimentos. E se podemos desculpar-nos de não ter força, que é função do número, não sei como podemos airosamente justificar-nos da falta de predicados, que só dependem da. qualidade.

Devia acrescentar só mais duas palavras. O actual Secretario de Estado da Indústria, antes da lei que estamos votando, disse também:

Penso que Portugal [ ] se encontra na exacta situação e o desafio a que está submetido ser tão imperioso e tão grave que é profundamente estimulante, sem vir a tombar no extremo de ser excessivo.

Apela para toda a nossa energia, imaginação, entusiasmo e capacidade de organização e realização nacionais, mas não é paralisante nem, por isso, fatal. Tem de ser tomado tremendamente a sério [ ]

Julgo que, efectivamente, estamos numa fase em que todos os desafios têm de ser tomados tremendamente n sério.

Gostaria que cada um de nós fosse capaz de pôr, perante si mesmo e perante a responsabilidade que temos para com os outros e para com a nossa terra, que queremos construir melhor, que cada um de nós tivesse posto n pergunta: como posso eu ajudar a construir uma terra mais justa, mais rica e melhor?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Creio que era isto que necessitava aqui dê ser dito ao terminar esta votação, mas é me muito grato, por mim, encarar - aquilo que disse citando o Prof. Marcelo Caetano quando disse: "temos de escolher entre a estagnação e o progresso, e dal resultam certas opções difíceis, mas se não as tomarmos ficaremos eternamente presos a situações ultrapassadas".

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Se mais nenhum de VV. Ex.ªs, quer usar da palavra para discutir esta base, passaremos à votação.

Submetida à votação, foi aprovada.

O Sr. Presidente: - Está assim esgotada a discussão na especialidade e votação da proposta de lei de fomento industrial.

Convoco a nossa Comissão de Legislação e Redacção para se reunir na próxima segunda-feira, às 17 horas, a fim de iniciar o estudo da última redacção deste texto.

Subsequentemente, a Comissão reunirá a melhor discrição do- seu presidente.

Amanhã haverá sessão, tendo como ordem do dia a matéria que já anunciei, início da discussão na generalidade da proposta de lei relativa ao emprego dos trabalhadores estrangeiros.

A sessão será à hora regimental.

Está encerrada a sessão.

Eram 17 horas o 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Albino Soares Pinto dos Beis Júnior.

António Bebiano Correia Henriques Carreira.

Camilo António de Almeida Gama Lemos de Mendonça.

Fernando do Nascimento de Malafaia Novais.

Francisco de Moncada do Casal-Ribeiro de Carvalho.

Henrique José Nogueira Rodrigues.

João António Teixeira Canedo.

João Bosco Soares Mota Amaral.

João Duarte de Oliveira.

Joaquim Germano Pinto Machado Correia da Silva.

Joaquim de Pinho Brandão.

José Dias de Araújo Correia José Gabriel Mendonça Correia da Cunha.

José da Silva.

José Vicente Pizarro Xavier Montalvão Machado.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Alberto Marciano Goijão Franco Nogueira.

Alexandre José Linhares Furtado.

Amílcar Pereira de Magalhães..

Armando Valfredo Pires.

Deodato Chaves de Magalhães Sousa.

Fernando Artur de Oliveira Baptista da Silva.

Francisco José Pereira Pinto Balsemão.

Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro.

Henrique dos Santos Tenreiro.

João Manuel Alves.

João Pedro Miller Pinto de Lemos Guerra.

João Ruiz de Almeida Garrett.