tade da água da sua capacidade, ou seja, 6 milhões de metros cúbicos, o que é pouquíssimo para garantir: Abastecimento á cidade; O funcionamento do complexo industrial do Divor (concentrado e tomate pelado, conserva de produtos alimentares, descasque de arroz, etc.); Rega dos 500 ha dominados, o que representa praticamente 100 por cento do respectivo aproveitamento.

Está a acontecer, por via desta dificuldade de água, que a central depuradora do Divor, que abastece a cidade, bomba frequentemente lodo em vez de água, e assim 50 por cento do produto bombado é lançado fora por serem lamas e a outra metade é então a água que terá de ser purificada por meio de um tratamento que muito encarece necessariamente o metro cúbico da água.

Industrialização sem água é utopia.

A demora na construção da barragem de Alqueva assume o gravíssimo aspecto de estar já a fazer gorar todo o sistema de valorização do Sul do País.

Outra faceta grave do problema é terem sido construídos largos canais de rega (caso do Roxo) para funcionarem em carga máxima com o previsto reforço de Alqueva e essas infra-estruturas caras estão subaproveitadíssimas.

Mais, as unidades fabris instaladas nos perímetros já em lançamento: Caia, Divor, Roxo e Mira, estão subaproveitadas, pois contavam, como é óbvio, com áreas muito maiores de regadio. Daqui, terem por vezes falta de matéria-prima para laborarem.

O problema agrava-se à medida que as rotações culturais exigem mais áreas de regadio para fazer variar os graus e os tipos de ocupação do solo.

Recorda-se que Portugal, pelo convénio com a Espanha, acordou o aproveitamento dos troços internacionais de todos os rios, recebendo em troca e por seu lado o direito ao aproveitamento do Guadiana, que continua desaproveitado.

Até agora demos tudo, não recebemos, na prática, nada em troca, mas só por inércia nossa, diga-se em abono da verdade.

Continuamos a importar, em certos períodos do ano, grandes quantidades de energia, não obstante a grande potencialidade energética que será Alqueva, considerada pelos técnicos como o mais rentável (até sob o aspecto eléctrico) de todos os futuros empreendimentos.

Por isso a C. P. E. está empenhada em que Alqueva seja uma realidade.

O problema número um do Algarve, particularmente do Sotavento, é a falta de água, em termos urbanos (turísticos, portanto), industriais e agrícolas.

0 solo algarvio, com altas rentabilidades (as maiores do País), só poderá ampliar a cultura de citrinos, de primores e de tardios (as mais ricas) se obtiver a água necessária, não se falando no aproveitamento de milhares de hectares de salgados que seriam recuperados. Isto numa província onde o hectare de terra é vendido normalmente por milhares de escudos, tal a sua valia, «mesmo em conceito meramente agrário.

Ora, o grave problema do abastecimento de água ao Sotavento algarvio tem de inserir-se ao sistema Alqueva- Rocha da Galé, em termos de se poder dizer que o Guadiana deverá desaguar não em Vila Real de Santo António, mas no Algarve.

Porque não se arranca para a fase final do plano em causa?

A ponte sobre o Tejo custou mais dinheiro e devolve-o a uma taxa mais baixa que o empreendimento do Guadiana!

É preciso dar ao País obras como a Ponte Salazar, mas não é menos certo que a Nação não pode dar-se ao luxo de consentir que um plano se quede a um quinto do que se concebeu, estudou, projectou e aprovou.

Parece, por isso, Sr. Deputado, quão evidente é para o desenvolvimento económico e promoção social da região Sul a construção da barragem de Alqueva.

Muito obrigado.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado Amílcar Mesquita. Eu, mais á frente, também falarei em alguns desses aspectos. Mas já que V.Ex.ª falou no problema de Sines...

Pois, quando recordamos que a barragem do Divor, armazenando 6 milhões de metros cúbicos de água, não chega já para o abastecimento de Évora e quando pensamos que o projecto de Sines exige um número astronómico - dê 200 milhões nalguns casos, outros dizem 270 milhões- de metros cúbicos de água, quando comparamos esses 6 milhões de metros cúbicos de água do Divor com os 200 milhões necessários para a obra de Sines, só temos uma conclusão: desejar ardentemente que o Plano de Rega do Alentejo se concretize, visto que, com esse facto, estarão resolvidos definitivamente todos os problemas de abastecimento do Alentejo.

A Sr. D. Raquel Ribeiro: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

A Sr.ª D. Raquel Ribeiro: - Eu gostaria de dar uma chegada a este problema, sobretudo no aspecto da participação das populações.

O Plano de Rega do Alentejo, como outros, até à data não tem sido suficientemente aproveitado por parte das populações locais.

Estudos sociológicos feitos nestes últimos anos verificam que, devido ao facto de as populações não terem sido chamadas desde o início a uma participação activa, não foram motivadas a uma orientação adequada do ponto de vista, talvez, da agro-pecuária, ou da comercialização dos seus produtos agrícolas. Apesar desses investimentos, muitas dessas populações continuaram a emigrar, e não estão hoje ainda suficientemente motivados para todo o aproveitamento facultado por esta riqueza enorme do País.

Compreendo e só posso louvar o Governo e os serviços oficiais pelo plano que se deve realizar, mas gostaria que ficasse esta nota de que a participação das populações locais é indispensável para que os investimentos económicos possam contribuir para o progresso e desenvolvimento social que todos nós ambicionamos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - V. Ex.ª tem toda a razão e no decorrer das minhas considerações focarei esse aspecto.

O Sr. Leal de Oliveira: - V.Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Leal de Oliveira: - Aproveitando a boa vontade do V. Ex.ª, que está permitindo que vários Srs. Deputados se pronunciem sobre um problema tão importante, eu desejaria chamar a atenção de que tem falado prin-