cipalmente do interesse que o plano de rega e a barragem do Alqueva tem para o Alentejo. Com efeito, o interesse é máximo para essa vasta região, principalmente para os distritos de Évora e sobretudo de Beja.

Além disso, o problema de abastecimento de água das populações de Beja e de várias vilas está baseado na Roxo que vá mais tarde alimentar a zona de Sines; a barragem do Alqueva, por sua vez, alimentará a barragem do Roxo.

Além disso, o rio Guadiana, fazendo também parte do distrito de Faro, e necessitando imenso toda a província algarvia de água para o abastecimento dos aglomerados populacionais em intonso aumento e necessitando principalmente de energia para os seus futuros parques industriais, se for possível instalá-los, como eu julgo que aqui provei, na zona de Faro-Olhão-Vila Real de Santo António e Portimão-Silves-Lagos, a água ó condição necessário, o rio Guadiana é um manancial de água e de energia eléctrica.

Falou-se aqui muito na barragem do Alqueva. Não sei se por esquecimento...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Leal de Oliveira e Sr. Deputado Gabriel Gonçalves, não está generalizado o debate sobre a rega do Alentejo. Peço a V. Ex.ª, Sr. Deputado Leal de Oliveira, o favor de encurtar a sua interrupção.

Nós estamos a entrar num caminho perigoso, o de generalizar debates por meio de interrupções longas e múltiplas. Não é esse o sentido da interrupção parlamentar. Eu lamento muito que, ao fim de quase três anos de sessão legislativa, ainda tenha de lembrar a V.Ex.ª estas evidências, e peço ao Sr. Deputado Gabriel Gonçalves o favor de não consentir mais interrupções, porque já ontem anunciei, com a máxima seriedade e que gostaria fosse tomada na devida conta -, que não podemos agora estar alongar os períodos de antes do ordem do dia além de severos limites que o Regimento me consente estipular e que a necessidade me obriga a impor.

O Sr. Leal de Oliveira: - Sr. Presidente: Eu peço muita desculpa, mas o tema tem tal importância que sem querer me vi mergulhado nele.

Peço imensa desculpa.

O Sr. Presidente: - Há outras formas de tratar temas de grande importância.

O Sr. Leal de Oliveira: - Então, dada a ordem do nosso Presidente e que tem toda a razão, claro, eu finalizo a minha interrupção.

O Orador: - Concluindo: concretizada a 1.ª fase - Caia, Roxo, Mira e Divor, e muito próximo o aproveitamento de mais 7400 ha referentes aos perímetros de Odivelas e do Alto Sado contará então o Sul com 32 400 ha do chamado Plano de Rega do Alentejo, o qual, insiste-se, respeita a quase 170 000 ha. E muito, é muitíssimo, representa um esforço tremendo do Governo em favor do Sul e do País, mas, não o esqueçamos, é apenas a quinta parte do previsto e desejado como essencial para que o Alentejo deixe de ser factor de estrangulamento no processo do crescimento económico nacional. Este objectivo só será atingido com a construção da barragem de Alqueva, no Guadiana, a qual, com os seus 3800 milhões de metros cúbicos de água a armazenar, possibilitará o regadio em mais 134 500 ha e proporcionará uma produção média anual de energia de 300 GWh, obra que, na verdade, dá expressão ao Plano e justifica as esperanças nele concentradas.

Esta grande albufeira, cujo regolfo se estenderá por quase 32 000 ha, com mais de 725 ha de ilhas, constituirá a, infra-estrutura básica sobre a qual assentará todo o regadio do Alentejo então articulado por intermédio de uma perfeita e completa interligação entre ela e outras albufeiras e reservatórios do sistema. O problema é decisivo para o Sul e, por tal, bem merecedor do interesse da Câmara.

Com Alqueva toda esta tão vasta quanto deprimida região passará a contar com toda uma estrutura capaz de a arrancar da estagnação actual garantindo-lhe a água e a energia para tal necessárias. Um exemplo, entre mil ... A barragem do Divor, que abastece de água a cidade de Évora e domina cerca de 500 ha de regadio, dada a sua pequena bacia de recepção, tem-se mostrado insuficiente para garantir os seus fins. No entanto, a interligação prevista permitirá a satisfação dos progressivos consumos urbanos e tomará possível qualquer surto sério de industrialização.

Recente inquérito feito a todos as câmaras da região perfeitamente detecta a indispensabilidade desta grande obra, para definitiva e económica resolução da carência de água de inúmeros dos seus centros urbanos.

A influência das grandes centrais de Alqueva e da Rocha da Galé e o estabelecimento de várias subestações e linhas de ligação certamente determinarão que, finalmente, se amplie e complete o fornecimento de energia a tantas povoações que dela carecem, se generalize a electrificação agrícola e capazmente se abasteçam as indústrias existentes e a criar.

Sem tudo isto, coordenadamente acompanhado pela intensificação agrícola, pecuária e florestal em marcha, o Alentejo morrerá sonhando com grandezas passadas sem encontrar cominho seguro que o leve a adquirir a impulsividade dinâmica exigida pela vida modernas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E o País necessita mais do que nunca do seu contributo como fonte de matérias-primas e produtos alimentares, por só assim se tornar possível a progressiva poupança de divisas agora utilizadas na sua aquisição. E serão os grandes sistemas de rega, já existentes e os convenientemente programados, complementados pelas dezenas de pequenas albufeiras de iniciativa particular, que desencadearão as reacções em cadeia que levem ao tão desejado quanto necessário aumento de produtividade e consequente satisfação da apontada e cruciante necessidade. E digo crucial, porque uma coisa a todos parece indiscutível... Que o País não pode continuar a suportar o crescente peso das importações de produtos agrícolas verificadas nos últimos anos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se atentarmos que em 1970 só em trigo e milho importámos 713 546 t, no valor de l 467 065 contos, facilmente acordaremos que tudo há que tentar para estancar tão nefasta e progressiva sangria de divisas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A agricultura tem de satisfazer as crescentes exigências do consumo interno, e de melhorar