municações visitou quatro concelhos do distrito da Guarda.

Á notícia nada tem, em princípio, de especialmente assinalável. O método cómodo das decisões de gabinete está há muito condenado; é indispensável que os. membros do Governo observem in loco as realidades ligadas aos problemas que têm de resolver; é legitimo que as pessoas afectadas por esses (problemas sobre eles se exprimam directa e abertamente; e, além disso o engenheiro Rui Sanches é dos que mais viajam pelo País.

Parece-me, no entanto, conveniente registar aqui a deslocação em causa. Não, como já disse, porque ela se revista de transcendência fundamental. Tão-pouco para a agradecer «m termos protocolares, visto que, quanto a mim, os governantes têm obrigação de visitar o território nacional. Apenas para acentuar dois aspectos.

Em primeiro lugar, foi uma visita de trabalho. A expressão está talvez demasiado usada para que nela se acredite, mas neste caso, efectivamente, trabalhou-se. O Ministro proibiu as sessões solenes, os discursos, os vivas, as criancinhas das escolas e todas as outras costumadas manifestações . . . espontâneas do entusiasmo popular.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - A visita resumiu-se a reuniões nas câmaras municipais e deslocações a .pé ou de automóvel aos locais onde se realizam ou vão realizar-se obras públicas. As reuniões nos municípios obedeceram a uma agenda previamente estabelecida e tiveram a colaboração de um valioso grupo de técnicos, ao nível de director--geral e de director de serviços, que acompanham o engenheiro Rui Sanches.

O Sr. Roboredo e Silva: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Roboredo e Silva: - Muito obrigado, Sr. Deputado.

Impossibilitado de ter estado presente na Guarda durante a visita que o Sr. Ministro das Obras Publicas fez a quatro concelhos do distrito, eu pretendo (associar-me inteiramente- às judiciosas considerações que V. Ex.ª está a fazer, e salientar acima de tudo essas simplicidade e sobriedade que o Sr. Ministro deu à sua visita de trabalho, como V. Ex.ª muito bem disse, porque só merece encómios tal processo de trabalho.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Roboredo e Silva: - De resto, eu sou das pessoas que se têm batido, nesta Assembleia, para que se faça o máximo pelo País, gastando-se o mínimo naquilo que não for absolutamente indispensável.

Desejaria ainda esperar que o Sr. Ministro, não obstante os seus múltiplos e complexos trabalhos, não perca uma oportunidade, tão próxima quanto possível, para visitar os restantes concelhos do distrito da Guarda e ir assim ao encontro dos gravíssimos problemas de carência de que aquelas populações enfermam, ansiando pela sua solução.

Muito obrigado.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado.

O público pôde assistir e participar nestas sessões, e, apesar da timidez resultante da falta de hábito e do medo, houve, nalguns casos, intervenções interessantes de anónimos que conheciam os problemas melhor do que nin-

guém, por serem os primeiros atingidos pela sua Só resolução.

Acima de tudo, foram tomadas decisões.

Questões pendentes, há muito tempo, algumas há dezenas de anos, puderam finalmente ser analisadas, equacionadas e resolvidas.

É congelador assistir a adopção de soluções concretos que correspondem a anseios de populações carecidas de quase tudo. Ë desintoxicante testemunhar que os problemas podem ser efectivamente resolvidos sem necessidade de mais burocracites, sem criação de comissões, sem recurso ao expediente dilatório da fabricação de legislação que .tontos vezes acaba por não passar do papel.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O segundo aspecto que queria focar relaciona-se com o facto de a visita do Ministro das Obras Públicas e das Comunicações ter sido efectuada a uma região que é das mais pobres do País. Quando, como agora sucedeu, se ouve dizer que, por exemplo, apenas no concelho da Guarda é ainda necessário construir 90 km de estradas para que deixe de haver povoações isoladas, ou que a cidade de Pinhel, no Verão, fica reduzida a duos horas de agua por dia, tomo-se súbita e brutalmente consciência de que, «m Portugal metropolitano, há, pelo menos, dois mundos que pouco contactam e nada RR conhecem.

Para o Ministro e seus colaboradores, para os Deputados e demais entidades, este choque, embora sempre doloroso, será porventura salutar, na medida em que a todos nos obriga

Para as populações locais, a visita ministerial foi, sem dúvida, positiva e encorajante, não só pelo trabalho realizado e pêlos resultados obtidos, mas também porque alimenta a esperança de que outras dificuldades e carências venham a ser vencidas.

Essas dificuldades e carências existem e agravam-se com o correr dos dias. Só no distrito da Guarda há ainda dez concelhos que aguardam com ansiedade, e impaciência a visita do engenheiro Bui Sanches. Não porque tal visita seja a panaceia contra todos os moles -os problemas soo mais profundos e começam pelas próprias estruturas políticas e sócio-culturais -, mas porque, pela eficiência do método de trabalho e pela sobriedade antidemogógíca da actuação, significa a tomada de decisões e a resolução de questões que inutilmente se arrastam, há anos, contrariando, assim, o natural pessimismo de quem tem recebido muitas promessas e poucos actos e despertando a crença, de que afinal ainda há alguma coisa a tentar.

Num país como o nosso, subdesenvolvido em relação à Europa a que pertence, a técnica é cada vez mais política. Disso se apercebeu, felizmente, o Ministro dos Obras Públicas e das Comunicações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Mota Amaral:-Sr. Presidente: O peso da insularidade, que convém nunca desmerecer, agrava-se na razão inversa da dimensão das ilhas. Quanto mais