a frisar uma noção que considero essencial. Às novas Universidades têm de ser confiadas a, gente nova que. possua ideias inovas. Não basta ter (ou parecer que se tem) o espírito novo, é indispensável a idade.

O Sr. Cotta Dias: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Cotta Dias: - Como ouvi dizer que V. Ex.ª ia passar adiante . . . Antes de passar adiante, queria pedir-Ihe para rectificar alguns ponto». Ex.ª começou por referir solicitações de cidades e vilas ao Sr. Ministro da Educação Nacional, quando do anúncio, pelo Sr. Ministro, da criação de três centros universitários, e fê-lo de uma maneira que parecia inculcar que nessas solicitações havia algo de imponderado.

Como fiz parte de uma das comissões que visitaram o Sr. Ministro, eu queria referir o mais vivamente que é possível essa afirmação de V. Ex.ª E queria, fazê-lo por uma primeira e fundamental razão.

É que, quando os representantes da minha região - o eu falo pela minha, os outros falarão pelas delas - visitaram o Sr. Ministro, não qniseram fazer aquilo que V. Ex.ª parece estar fazer, que é a querer substituir -se às instâncias que para decidir cuidadosamente meditam e estudam os assuntos.

Quando o Sr. Minaste da Educação Nacional visitou Évora, e aí foi abordado sobre este assunto, houve uma expressão que foi usada ao discurso com que ele foi recebido e que eu vou utilizar, apesar de não ser minha. Ao Sr. Ministro foi dito que as Universidades não se podem, merecem-se. E tudo o que nós pedíamos ao Sr. Ministro foi que estudasse, fizesse estudar e ponderar os elementos que as regiões interiores, que não são tão desprotegidas como V. Ex.ª parece fazer crer nas conclusões que colheu na primeira parte da sua intervenção, poderiam oferecer. Esses elementos desejaríamos nós que fossem objecto de meditação e não queríamos, de nenhuma forma, antecipar ou forçar conclusões para os estudos. Isto quanto à ponderação ou imponderação dos pedidos. Não quisemos nós quando se anunciaram três centros Universitários para o País, fazer mais do que pedir que, poderadamente, fossem consideradas as circustâncias das regiões que representávamos.

Quanto à conclusão que V. Ex.ª tira e, permito-me dizer um tanto ligeiramente, sobre a necessidade de colocação das Universidades na faixa costeira, há bons argumentos para contrabater essa tese.

Em primeiro lugar, as conclusões dos estudos demográficos mais recentes mostram que, também no interior, há algumas zonas demográficamente activas, e esse é um dos elementos que não pode deixar de ser tomado em consideração. Depois, há toda uma teoria do desenvolvimento polarizado que, em termos de ordenamento, leva à conclusão da que o fomento económico será prejudicado se não for acompanhado de todas as infra-estruturas sociais, urbanas e de ensino que justificam e fundamentam, e, portanto, nos permitem dizer que não são tão ligeiras, como as palavras de V.Exª poderiam fazer crer, as nossas exposições.

Finalmente, ao argumento que V. Ex.ª usou de que se podiam querer utilizar forças sentimentais de pura tradição, a esse respeito eu direi que a tradição é um argumento também forte em matéria de cultura que eu não esperaria ver V.Exª contestar. E digo mais: vejo-o mais ligado com a restauração das Universidades e com o estudo ponderado que se faça desse problema do que com outras circunstânciais, que vão desde a informação à política, que V.Exª invocou.

Muito obrigado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Gostei de ouvir V. Ex.ª porque me parece bem informado acerca da questão universitária, e para mim é um prazer saber que uma pessoa de tanta influência, possui tantos conhecimentos a este respeito.

O Sr. Cotta Dias: -Folgo com esse reconhecimento.

O Orador: - Em primeiro lugar, V. Ex.ª referiu que eu seria contrário à criação de instituições de ensino superior fora da faixa costeira. Ora, não foi isso que eu disse. Falei de Universidades, não falei em institutos, Faculdades ou centros Universitários. Até disse que podam estar situados fora da zona costeira, desde o momento que as actividades da região o, justifiquem. Por exemplo, uma região agrícola por que não há-de ter um Instituto ou uma Faculdade de Agronomia?

Em segundo lugar, e contra isto tenho de vincar bem a minha discordância, é que V. Ex.ª parece entender que só as instâncias superiores têm possibilidades de avaliar estes problemas e discuti-los, e, enquanto essas decisões não forem tomadas, está mais ou menos vedado ao público, aos Deputados e às pessoas que se interessam pelo assunto pronunciarem-se sobre eles.

Discordo profundamente desta doutrina.

O Sr. Cotta Dias: --V- Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Cotta Dias: - Eu tenho de rectificar imediatamente. Eu não poderia dizer que está vedado seja A quem for pronunciar-se «obre uma coisa, quando eu próprio aqui disse que já me tinha pronunciado.

O Orador: - As palavras precisas que V. Exª pronunciou foram: «substituir-se às instâncias de decisão».

O Sr. Cotta Dias: - Às instâncias de decisão, na medida em que V. Ex.ª inculcou decisões e eu pedi estudo.

Isto é pronunciar-me, isso seria decidir. É aí que reside a diferença.

O Orador: - Sr. Deputado, eu não me julgo com uma importância de tal ordem que possa tomar decisões a esse respeito. Eu apenas presto as informações que posso, estudo as questões, emito juízos e, quando posso, ajudo a resolvê-las.

O Sr. Cotta Dias: - Fico muito mais seguro depois de ouvir essas palavras.

O Orador: - O que me admira é que V. Ex.ª tivesse dúvidas sobre isso.

O Sr. Cotta Dias: - Respondo também à primeira parte da resposta de V. Ex.ª, quando diz que não firmou que só nos centros costeiros se deveriam instalar Universidades.

O Orador: - Não, Sr. Deputado, eu disse na «orla», na «faixa».