A partir dos índices publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, conclui-se, porém, que o ritmo de variação dos salários não tem diferido significativamente do observado nos anos precedentes. Por outro lado, nos primeiros seis meses de 1972. de acordo com aqueles índices, a taxa de aumento dos salários pagos na agricultura terá excedido a dos salários da indústria e dos transportes em Lisboa, apresentando-se da mesma ordem de grandeza da calculada em relação a esses sectores para a cidade do Porto.

5 -A formação de capital e o III Plano de Fomento De acordo com os elementos das contas nacionais, a formação bruta da capital fixo progrediu nos anos de 1963 e 1970 a ritmo elevado, com taxas que atingiram 9 e 10,6 por cento, respectivamente. Para 1971, os números provisórios facultados em Maio último pelo Instituto Nacional de Estatística traduziam sensível afrouxamento da cedência de expansão da formação de capital, devido sobretudo no comportamento insatisfatório que se previu, para o investimento privado.

Os números referidos revelavam que, no ano transacto, se teria assistido « uma diminuição da participação do investimento na procura interna, se não fora a intervenção do sector público. E, efectivamente, os acréscimos na contribuição do Estado para a formação bruta de capital fixo em 1971 constituem um dos aspectos mais relevantes da política de investimentos nesse ano.

Cumpre, todavia, assinalar que outros indicadores disponíveis permitem inferir que a formação de capital terá apresentado comportamento mais favorável do que as estimativas da contabilidade nacional deixam transparecer. Com efeito, as importações de bens de equipamento registaram um aumento da ordem dos 2,5 milhões de contos, o que traduz uma taxa de acréscimo de quase 23 por cento em relação ao do anterior. Por outro lodo, os indústrias nacionais produtoras desses mesmos bens acusaram apreciável expansão, segundo os resultados do inquérito de conjuntura realizado em Março do corrente ano pela Corporação da Indústria. Na verdade, em 1971 a produção das indústrias de bens de investimento abrangidas pela amostra teria experimentado o significativo acréscimo de 22,5 por cento.

São também elucidativos os resultados apurados pela direcção-geral dos Serviços Industriais quanto a intenções de investimento mo indústria transformadora. Através desse apuramento, que se realizou pela primeira vez em 1971 e que não compreende, alias, todas as perspectivas de investimento, dado que se encontram excluídas não só as instalações cuja tramitação administrativa, não é da competência daquela Direcção-Geral, mas também todas os ampliações não sujeitas a condicionamento, concluiu-se que no ano de 1971 foram concedidas autorizações de empreendimentos no montante de 8526 milhares de contos. Embora tais investimentos exijam, para a sua concretização, períodos superiores a um ano, o certo é que o número «apontado reflecte uma perspectiva francamente favorável, visto que excede de maneira substancial os investimentos fixos que têm vindo a ser realizados anualmente na indústria transformadora. Entre os sectores que apresentaram intenções de investimento mais elevados destacam-se, com valores superiores a l milhão de contos, o do material, de transporte, o das químicas, o dos minerais não metálicos e o das metalúrgicas de base. Relativamente ao ano em curso, os indicadores disponíveis não permitem caracterizar, com segurança, a evolução que se tem processado. Conjugando, porém, as escassas informações quantitativos existentes com valores previsionais obtidos por outras vias, poder-se-á admitir, embora com algumas reservas impostas pela fragilidade dos elementos de base, que, em 1972, se bera notado certa retoma nos ritmos de expansão do investimento.

Com efeito, as importações de bens de capital, cujos orçamentos anuais representam, em média, 50 por cento do acréscimo do investimento global, atingiram, no período de Janeiro a Agosto, valor superior em cerca de 36 por cento às aquisições de período correspondente do ano anterior. Por outro lado, na produção de bens destinados ao investimento o já referido inquérito de conjuntura da Corporação da Indústria detecta perspectivas de evolução favoráveis. E verdade que as previsões desse inquérito para o período de Abril a Setembro de 1972 levam a concluir por um ritmo de aumento mais moderado que o do conjunto de 1971, ano em que, segundo os indicadores considerados, a taxa de crescimento se mostrou excepcionalmente alta. Mesmo assim, permanece a indicação de que o investimento estará a evoluir a ritmo satisfatório.

Essa conclusão aparece, alias, reforçada pelas intenções de investimento apuradas pela Direcção-Geral dos Serviços Industriais, respeitantes as autorizações concedidas à indústria transformadora durante o 1.º semestre. Com efeito, o montante dos projectos autorizados ascende a quase 7 milhões de contos, o que traduz uma evolução francamente favorável, em confronto com o valor correspondente ao conjunto do ano de 1971 (8,5 milhões de coutos). Salienta-se a posição ocupada pêlos distritos de Setúbal e Lisboa, que, no seu conjunto, representam 78 por cento do montante total dos investimentos autorizados. De um ponto de vista sectorial, nota-se que uma grande parte dos pedidos se concentra nas indústrias metalúrgicas e de produtos minerais não metálicos.

Finalmente, é de apontar que as operações de crédito a médio e a longo prazos voltaram a denunciar nos primeiros meses de 1972 avultado aumento: de Janeiro a Agosto o soldo do crédito a médio e a longo prazos distribuído pela Caixa Geral de Deposites e pelo Banco de Fomento Nacional aumentou de 6,7 milhões de contos.

24. Como em anos anteriores, na expansão da formação de capital fixo em 1972 deverá exercer particular influência a execução do programa anual de investimentos do III Plano de Fomento. Os empreendimentos previstos