Por outro lado, e em consequência, fundamentalmente, das operações com o estrangeiro, pois que as operações com o ultramar redundaram sempre em deficits bastante quantiosos, o saldo global da balança de capitais passou de -2074 milhões de escudos em 1969 para -882 milhões em 1970 e +820 milhões em 1972. Quanto ao comportamento da aludida balança de pagamentos externos da metrópole durante o ano em curso, a falta dos quadros da balança de pagamentos com o estrangeiro respeitante ao 1.º semestre impede a apresentação dos resultados desses pagamentos externos para esse período.

Considerando, todavia, que o saldo positivo da balança cambial do Banco de Portugal se elevava, entre os 1.º semestres de 1971 e 1972, apenas de 1173 para 1537 milhões de escudos, do mesmo passo que o deficit da balança de liquidações com o ultramar aumentava de 531 para 2288 milhões, será de admitir que se haja registado, entre aqueles períodos, uma considerável deterioração dos resultados dos pagamentos externos da metrópole. E possível, em todo o caso, que a situação tenha melhorado na segunda metade do ano, posto que sem atingir, afinal, resultados semelhantes aos que se observaram de 1970 para 1971. Justifica-se analisar, agora, a evolução recente do comércio externo da metrópole, tomando por base as estatísticas alfandegárias publicadas pelo I. N. E.

Comércio especial da metrópole

Dos elementos constantes do quadro XI conclui-se que, apesar do continuado crescimento das exportações ao longo do triénio de 1969-1971, a expansão mais rápida das importações determinava um progressivo agravamento do deficit: de 12 736 milhões de escudos em 1969 para 18196 milhões em 1970 e 22 168 milhões em 1971. E estes comportamentos mantinham-se entre os períodos de Janeiro a Agosto de 1971 e 1972, redundando numa subida do deficit comercial de 9951 para 15 766 milhões de escudos.

De salientar também, neste contexto, que as taxas de cobertura das importações pelas exportações foram decrescendo ao longo do referido triénio - a taxa global de cobertura passou de 65,8 por cento em 1969 para 60 por cento em 1970 e 57,7 por cento em 1971 -, prosseguindo esse comportamento entre os períodos de Janeiro a Agosto de 1971 e 1972. Analisando a repartição do comércio especial da metrópole por zonas monetárias (v. quadro XII), verificava-se que na expansão das exportações em 1971 a maior representação continuava a pertencer aos países da Associação Europeia de Comércio Livre, seguindo-se os da Comunidade Económica Europeia; e o mesmo se observava quanto ao aumento das exportações entre os períodos de Janeiro a Agosto de 1971 e 1972.

No tocante ao acréscimo das importações, enquanto em 1971 a maior fracção se repartira, em partes quase iguais, entre os países da A. E. C. L. e da C. E. E., já no aumento entre os ditos períodos de Janeiro a Agosto de 1971 e 1972 a maior representação coube aos Estados Unidos e Canadá (devido, pelo menos em parte, à valorização do escudo relativamente ao dólar americano), seguindo-se-lhes os países da C. E. E. e, depois, os da A. E. C. L.