E o mencionado Ministro regista e realça, no seu artigo, este pormenor bem expressivo: o do arranjo das cidades e povoações dos territórios portugueses. Os termos em que o faz suo bem elucidativos: «até nas pequenas aldeias se encontram fileiras do casas bem tratadas, cercadas de palmeirais, de plantas e de flores e, talvez, um poço ali perto; a sua limpeza é um convite aberto ao visitante para entrar e compartilhar da hospitalidade dos que lá vivem»; e tudo isto em flagrante constraste com outras terras, onde o espectáculo é descrito neste termos: «poeirentas e delapidadas cosas, indiferentemente alinhadas, ruas e estradas amontoadas de lixo e frequentadas do gado à solta e salpicadas de crianças nuas e famintas».

Tais factos falam por si e dispensam qualquer comentário.

Sr. Presidente: não posso deixar de manifestar a V. Exa. o meu reconhecimento por me haver sido dada a oportunidade de evocar, nesta Assembleia, a terra onde nasci e as indeléveis recordações que guardo religiosamente no meu espírito e no meu coração, e com elas as lembranças de todos os portugueses que lá longe buscam alento no passado para enfrentar o futuro.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Conceição Pereira: - Sr. Presidente: Em 15 de Junho deste ano, dignou-se o Sr. Professor Doutor Marcelo Caetano passar o dia em ambiente ferroviário.

O Chefe do Governo viajou connosco de Lisboa ao Entroncamento, em comboio especial, e ali visitou demoradamente as oficinas, o moderno Centro de Formação de Pessoal e um bairro residencial pertencente à C. P., tendo assistido a uma brilhante exposição feita pelo presidente do conselho de administração da empresa, em que lhe foi apresentada a situação actual do caminho de ferro em Portugal.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros inteirou-se pormenorizadamente de todos os assuntos e teve a gentileza de almoçar na cantina, em convívio com todo o pessoal, findo o qual conversou demoradamente com os dirigentes sindicais presentes, que lhe expuseram muitos dos anseios dos seus representados.

Aliás, S. Exa. já anteriormente tivera a amabilidade de receber em S. Beato esses mesmos dirigentes corporativos, demonstrando assim o carinho que dispensa a esses trabalhadores.

Por isso quero desta bancada saudar e agradecer no Sr. Prof. Marcelo Caetano, em nome de todos os ferroviários, estes dois dias inesquecíveis e mais uma vez testemunhar a S. Exa. que poda contar em todas as circunstâncias com a gratidão e lealdade de todos os trabalhadores do caminho de ferro.

Aproveito também, Sr. Presidente, para pedir ao Governo que seja concedido aos ferroviários da C. P. um subsídio pelo Natal, dado que esta empresa é uma das únicas, senão a única, que ainda não concede tal regalia aos seus colaboradores.

Parece ser de toda a justiça que tal subsídio seja concedido, pois será mais um acto justo praticado pelo Governo.

Sr. Presidente: Peço também para que, pelos Ministérios das Corporações e das Comunicações, seja conseguido que aos ferroviários da Sociedade Estoril sejam pagas as importâncias a que têm direito, ao abrigo do acordo colectivo de trabalho, e que já foram definidas pelo Sr. Secretário de Estado do Trabalho e Previdência.

Pois, apesar dessa definição, a Sociedade Estoril continua a protelar o seu pagamento, o que ocasiona já certo cepticismo e mal-estar entre os colaboradores daquela empresa.

Já é tempo de que os pessoas com responsabilidade acatem as determinações do Governo.

Sr. Presidente: Infelizmente nem sempre é possível, como era nosso desejo, proferir palavras de agradecimento, mas creia V. Exa. que as que vou dizer visam somente chamar a atenção das entidades responsáveis para anomalias que só prejudicam o bom nome de uma administração.

Trata-se novamente do Barreiro, a que eu chamaria, se me fosse permitido, a «vila mártir».

No dia 8 do corrente recebi inúmeras chamadas telefónicas pedindo-me que desse uma volta pela vila do Barreiro.

Assim fiz, e creia, Sr. Presidente, que não estou arrependido, porque vivi mais um drama da população da «vila mártir».

Não vou falar, Sr. Presidente, do mau duas calamidades que encontrei na visita que fiz no dia 8.

A passagem das águas das chuvas pelo túnel do Lavradio, as inundações das Ruas do Dr. Pacheco Nobre, D. Manuel I, da Recosta e transversais adjacentes.

Triste espectáculo ver os habitantes destes locais descalços, calças arregaçadas, transportando mulheres e crianças de um lado para o outro, as águas invadindo as casas, os duches que são obrigados a tomar quando os veículos passam, pois projectam as águas misturadas com os dejectos saídos dos sarjetas e câmaras de visita dos colectores.

Este espectáculo não é de hoje nem de ontem, é de muitos anos. E durante todos estes anos ainda não apareceu uma entidade consciente da sua responsabilidade que pusesse cobro a esta anomalia.

Todos os anos o Município é alertado, mas a resposta é sempre a mesma: que não há verbas, foi um erro antigo, a população cresceu rapidamente, ou então os outros é que deviam ter feito, etc., etc.

Eu diria que o que tem existido é comodismo, falta de coragem para enfrentar os problemas, ou então negligência para cumprir o dever do cargo que ocupam, mas nunca falta de verbas.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Não compreendo como um Município que está a substituir uma iluminação com poucos anos de instalado, quando porte do concelho ainda não tem luz eléctrica, que contrai um empréstimo de 12 000 contos