tática, inoperante, inconsciente, mas de uma unidade dinâmica, activa, consciente e voluntàriamente aceite pelas partes, de que a Guiné constitui um exemplo.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Como disse recentemente aqui nesta tribuna o ilustre Deputado Almirante Roboredo e Silva, a guerra que enfrentamos no ultramar é uma guerra total - com subversão e tudo, pois embora o inimigo não o tenha conseguido, o seu objectivo é subverter, a população, e um dia em que isso acontecesse, estava tudo perdido para nós. Como guerra total que é, temes que ganhá-la em todas as modalidades...

Gostaríamos de podermos estar todos de acordo, nesta Câmara, pelo menos, em que o problema do ultramar não é um caso particular do problema da Nação, mas é o próprio problema nacional.

Vozes: -Muito bem!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Por isso, antes do mais, devemos preocupar-nos com a defesa da unidade, pois só através dela conseguiremos atingir os restantes objectivos.

Façamos de conta que em cada parcela do ultramar português - Angola, Moçambique, Macau, Timor, S. Tomé, Cabo Verde, Goa cativa e Guiné -, tal como na metrópole, está Portugal todo inteiro, e não apenas um fragmento que se pode desprezar, por ser insignificante. Defender qualquer delas é defender Portugal, porque perder uma delas é também perder Portugal.

Vozes: -Muito bem! Muito bem!

O Orador: - Como disse o Sr. Presidente do Conselho, Prof. Marcelo Caetano, num dos seus discursos, tal facto seria comparado à perda de um pedaço da nossa própria carne - e nesse pedaço pode estar a nossa vida.

Aliás, nós na Guiné, admitimos que a metrópole, pelo direito que a história e a tradição lhe conferem, seja a sede da Nação, mas não aceitamos que tenha exclusivo da nacionalidade.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - E por isso temos querido e procurado participar efectiva e activamente tanto na sua defesa como no esforço para o seu engrandecimento, funções que, na situação actual, não se separam.

Quando advogamos a individualização e a descentralização administrativa, política e financeira da província, não está de forma alguma na nossa mente a sua separação, ou mesmo o simples afastamento da Nação ou de qualquer das suas parcelas, pois não ignoramos que, sozinha, num mundo cheio de ambições imperialistas como este em que vivemos, ela seria incapaz de manter-se independente e livre, além de que constituiria uma porta aberta para o

assalto comunista ao Ocidente, com graves consequências para o mundo livre e para os povos que nele vivem. Antes, pelo contrário, estamos defendendo maior estreitamento das relações e a mais íntima interdependência das partes que constituem o conjunto nacional, através da adopção de estruturas mais adequadas ao seu rápido desenvolvimento, única forma de neutralizarmos os ataques de que estamos sendo alvos.

Em nosso entender, enquanto a Nação encara a possibilidade de uma eventual participação em qualquer comunidade económica, deverá, ao mesmo tempo, ir consolidando a comunidade que ela própria constitui em si - e na qual tem garantido um espaço económico a escala mundial - estruturando-a convenientemente e institucionalizando-a se necessário.

Neste aspecto, é de louvar o Governo presidido pelo Prof. Marcelo Caetano, político de visão e coragem, que consegue combinar o idealismo com o realismo, numa rara simbiose que só pode aproveitar o povo cujos destinos lhe foram confiados num momento crítico da vida nacional.

O segundo dos princípios orientadores da política orçamental a que vimos fazendo referência é o do equilíbrio financeiro em termos de tesouraria. A este princípio devem estar associados, como aliás vem referido no relatório que acompanha a proposta, os princípios de austeridade na utilização dos dinheiros publicou sintetizados na fórmula lapidar: «o máximo de rendimento com o mínimo da gastos».

Sobre este assunto queríamos apenas dizer que tais princípios não se devem restringir ùnicamente ao campo financeiro do Estado, mas devem estender a sua acção ao campo económico, em todos os sectores da vida nacional, tendo em vista a fase que atravessamos, em que é necessário fazermos muito, com recursos limitados, em pouco tempo, e bem.

Vozes: -Muito bem!

O Orador:- Com efeito, o desperdício é o inimigo n.° l das sociedades do nosso tempo, que, se produzem muito, tudo malbaratam; que têm quase todo o tempo ocupado em actividades, mas, por falta de selecção dessas actividades, pouco de verdadeiramente útil produzem.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Que mal tendo ocupado a Terra e sem a ter suficientemente aproveitado, saltam a descobrir outros planetas... Desperdício de tempo, de espaço e de meios de produção, com que nós, os Portugueses, não podemos dar-nos ao luxo de manter, sequer, uma convivência pacífica, sob pena de derrota fatal.

Tal compreendeu o Governo e por isso, como depreendemos da leitura da proposta, resolveu mover-lhe uma guerra sem quartel, tanto no sector público como no privado, pois o dinheiro, um dos principais meios de produção da riqueza, tem, como tal, uma função social que não podemos esquecer.

Terminamos estas considerações acrescentando os nossos sinceros votos nos muitos aqui formulados no Sr. Ministro das Finanças e da Economia, Dr. Cotta Dias, de louvor pelo magnífico trabalho apresentado, magnífico pela forma e pelo conteúdo, e para que iguais êxitos alcance na execução da lei em apreciação, à qual damos a nossa aprovação na generalidade.

Tenho dito.