sou Jorge Augusto Correia, mal parecia que não interviesse neste momento . . .

O Orador: - Muito obrigado.

A Universidade de Coimbra irá, mais uma vez com estudo profundo e trabalho sério e devotado, alcançar esse objectivo.

Os cursos de Engenharia estão a funcionar, provisoriamente, em instalações destinadas a outros uns, e a Faculdade de Economia irá também, necessariamente, instalar-se provisoriamente.

Há agora que projectar e construir os edifícios que permitam, em curto prazo, o ensino da Engenharia e da Economia em instalações próprias.

Esses edifícios deverão ser implantados, segundo um planeamento urbanístico bem virado ao futuro, em zonas livres, amplas e de urbanização imediata, economicamente viável.

Essa zonas, que só poderão ser escolhidas relativamente longe da velha Alta, na qual se erguem os edifícios da secular Universidade, rasgarão novos caminhos à expansão da cidade.

Abre-se assim mais um vasto campo de acção para diversos sectores da Administração, aos quais estarão reservadas tarefas bem definidas e escalonadas pelos próximos anos, que deverão ser programadas e realizadas em perfeita coordenação, para que sejam atingidos os objectivos em momento próprio.

Coimbra e a sua Universidade, conscientes das responsabilidades que lhes impõe a cidade do futuro, irão agora trabalhar para que assim se construam os seus edifícios da Engenharia e da Economia.

Tenho dito.

De facto, o bom povo português, sem poder avaliar sequer ainda, nesses recuados séculos, todo o alcance da missão ecuménica que estava cumprindo, sujeitando-se a sacrifícios e a perigos inauditos para embrenhar-se em caminhos desconhecidos, estendendo-se pelo mundo por forma superior à sua força humana, estava respondendo, por certo, a um misterioso apelo, pois tudo isso seria absurdo se não fosse a expressão natural de uma vocação.

Iam uns em busca de riqueza, outros de glória, outros simplesmente de aventura; porém, com tudo isso iam também os portadores de uma fé que fazia os homens irmãos e, sobretudo, iam eles próprios, ia o povo rude e simples, com todas as suas grandezas e fraquezas humanas, o qual, porque era, de si, humilde, sabia deixar-se prender as novas terras e às novas gentes, sabia viver e conviver sem arrogância, sabia, afinal - e nisso estava o seu segredo - conquistar, doando-se.

Fazer cristandade não era apenas a filiação de novos povos na religião cristã; era também a criação de uma nova e mais ampla comunidade política, de um novo estilo de vida, do maior e do móis decisivo movimento unificador da história da humanidade: fazer, nos séculos

XV e XVI, de homens de raças e civilizações diferentes, nos antípodas uns dos outros, não apenas irmãos na mesma fé divina, mas também irmãos na mesma pátria terrena.

Este destino singular à bem evidente em Timor.

A soberania portuguesa não se implanta aí por conquista de aguerridos capitães com acções gloriosas: a conquista - esta singular conquista - foi simplesmente obra da pacífica e discreta chegada de missionários arvorando a sua cruz. Talvez por isso, porque o símbolo desta nova e grande pátria terrestre, que estranha e fraternalmente assim se abria, fosse levado pêlos mesmos portadores dos símbolos sagrados da nova fé, o Timorense houvesse, como por instinto, sentido que ambas as coisas estariam, afinal, Intimamente ligadas nos planos de Deus, e daí aquele respeito profundo e comovente que conserva pela Bandeira, o carinho com que a guarda e a generosidade e valentia com que a defende.

Coisas como estas e como tantas outras que se ligam a presença da Bandeira Portuguesa em Timor não as poderão nunca compreender os que olhem apenas o homem como o ser que produz e que consome.

O ser humano é, na verdade, algo mais que um puro factor da economia - e uma nação também.

Por isso, serão igualmente compreensíveis para aqueles que apreciem as coisas portuguesas, sem, no fundo, as entenderem, a tenacidade, o interesse e o carinho com que o Governo tem procurado apoiar um povo como o de Timor, que de muito precisa e tudo merece, gastando nisso largas somas que, por certo, outros não despenderiam se vissem as coisas unicamente à crua luz de interesses económicos ou na mesquinha perspectiva de uma nação que só pensasse o futuro em dias, e não em séculos.

Já há dúzia 6 meia de anos, em despacho lapidar, um ilustre membro do Governo em visita à província teve ocasião de pôr em relevo que nos não prende a Timor a sombra do menor interesse material. Logo, somente interesses morais e espirituais aí nos retêm.

É nesta ordem de ideias que ganharão o seu verdadeiro significado as breves considerações que farei.

Por despacho de 30 de Novembro último do Sr. Ministro do Ultramar foi autorizada a adjudicação, por empreitada, de um importantíssimo conjunto de obras de estradas e aeródromos de Timor, destinado a dar novos e amplos horizontes ao desenvolvimento económico e social da província.

A empreitada compreende mais de 400 km de estradas nos principais itinerários, ligando por asfalto Dili a Same, na costa sul (onde estão os mais prometedores terrenos para expansão da agricultura), à Maliana, junto à fronteira com a Indonésia, e a Baucau, servindo o aeroporto internacional, bem como a zona leste.

No domínio dos aeroportos, compreende grandes melhoramentos em cinco deles: os de Dili, Suai, Maliana, Viqueque e Lospalos, que ficarão com pistas entre 1200 m e 1500 m.

A província, que já dispõe de uma excelente pista no aeroporto internacional de Baucau, além de outros aeródromos para serviço interno - no total de uma dezena -, ficará assim com uma magnífica infra-estrutura neste capítulo, que é, aliás, da maior necessidade e vantagem, tendo não só em conta o acidentadíssimo terreno da maior parte do território, como ainda a existência da ilha de Ataúro e do concelho de Oe-Cussi, isolados do restante.

O valor total da empreitada, que inclui a elaboração dos projectos das respectivas obras, está estimado em 550 000 contos, prevendo-se o prazo de cinco anos para a conclusão dos trabalhos.