Contudo, segundo se verifica, a chamada «Oposição Democrática» já a iniciou perante a inexplicável (para mim) atitude da primeira autoridade de um dos mais lindos, populosos e industrializados distritos do continente.

Há anos, e comemorando o 31 de Janeiro, data evocativa de uma revolução republicana, realizou-se uma sessão pública no Coliseu do Porto, dando-se então verdadeiramente início, como agora, a uma campanha eleitoral legislativa. Assim o afirmei nesta Câmara ao comentar o acontecimento. Mas, desta vez, nem se procurou uma comemoração de carácter nacional e de ordem interna. Não há dúvida de que neste facto poderia encontrar-se uma certa lógica e, sobretudo, coerência, pelo menos da parte dos democráticos tradicionais, que aproveitaram então a efeméride para estabelecerem os planos da sua futura acção eleitoral.

Agora nem isso, pois o que se procura claramente, como o escalonamento das datas o indica, é organizar o «Congresso Nacional da Oposição Democrática» logo a seguir às eleições legislativas em França, jogando-se como muitos jogam na vitória da aliança entre socialistas e comunistas sobre a actual maioria gaulista, e julgando-se como muitos julgam que o clima político francês influencia sempre um pouco o pensamento político nacional. Ter-se-á assim forma de começarem imediatamente a orientar a sua campanha eleitoral da maneira que melhor entenderem, se as coisas correrem como esperam e desejam. Já sou velho de mais para acreditar em coincidências desta natureza ...

E aqueles que constituem a nossa maioria o que fazem? Nem o realismo, a firmeza - não isenta de amargura - e a justeza dos conceitos da última mensagem do Magistrado Supremo da Nação; nem os avisos repetidos e bem esclarecedores do Presidente do Conselho; nem tão-pouco o enérgico «basta» do Ministro da Educação Nacional, nem mesmo a denúncia de novos processos de aliciamento e programa comunista quanto aos nossos soldados referida pelo Ministro da Defesa Nacional -tudo a indicar uma orientação definida e um perigo que não se oculta - respondem à minha pergunta, nem à interrogação da esmagadora maioria dos portugueses: para onde vamos?

Conhecem-se altos funcionários da administração pública que hostilizam a política do Governo, ignorando-a sistematicamente ou apoiando os seus detractores. Ora não se entende bem como é possível que aqueles que se servem de um patrão, por ele escolhidos muitas das vezes, não saibam quais são os seus deveres, respeitando-o e servindo-o lealmente.

O País tem conhecimento desses factos, comenta-os e pasma; espera talvez agora que, com as medidas tomadas contra os que se solidarizaram com a «comédia» (poder-se-á chamar-lhe outra coisa?) que se verificou num lugar sagrado - a capela do Rato -, comece a vislumbrar-se uma acção mais enérgica e que de há muito vem a tornar-se indispensável.

É uma questão de profilaxia à escala nacional!

Diz-se que se sabe quem são os responsáveis apenas o seu dever; e ofendem-se as forças armadas, cuja abnegada missão no ultramar consiste em manter a integridade nacional!

O que impede, a quem de direito, tomar medidas adequadas para que os verdadeiros católicos possam assistir de facto à celebração de cerimónias religiosas, sem intervenções intempestivas e inadequadas ao lugar, por terem carácter vincadamente político?

E se nas igrejas, lugar sagrado, se cometerem actos contra a segurança do Estado, e se por razão disso se derem acontecimentos deploráveis, a quem pode ser imputada a responsabilidade?

Não confundamos! Rezar pela paz, implorar a paz ao Senhor, não é exactamente desafiar pùblicamente a nobre missão que a todos os portugueses compete, sejam eles católicos ou não, liberais ou ultras, monárquicos ou republicanos - defender, acima de tudo, a integridade da Pátria!

O Sr. Themudo Barata: - Muito bem!

O Orador: - Srs. Deputados: Que fazemos e para onde vamos? A parte sã do País, a maioria esmagadora dos portugueses nesta frente interna, onde pode perder-se a última batalha de uma guerra que nos foi imposta, e militarmente temos sabido demonstrar que podemos vencer, pergunta-o e olha-se inquieta, por enquanto; mais alarmada, certamente, amanhã; perdida, talvez, depois!

O surto do progresso a que afanosamente se meteu ombros, a corajosa batalha educacional que se trava, os enormes investimentos e reestruturação a que econòmicamente se recorreu para podermos enfrentar a tão desejada união europeia, tudo isto parece nada valer perante uma minoria activista que lança mão de tudo para destruir os efeitos alcançados na paz e na estabilidade interna que vivemos durante trinta anos e no progresso e renovação que procuramos agora!

Não será tarde quando acordarmos e tomarmos a sério o desafio- de uns tantos teóricos, católicos progressistas (ou intitulando-se como tal), de alguns padres eufóricos, e de uns tantos elementos comunistas que por todo é lado se infiltram, e que a bem da liberdade do povo o tentam destruir com a sua propaganda insidiosa e as suas bombas de plástico?

Por vezes há circunstâncias em que o acordar se torna lento, e todo o cuidado é pouco com qualquer desatenção perante acontecimentos e factos iniludíveis!

Sr. Presidente, Srs. Deputados:

Desta tribuna, onde se aproxima do fim o meu segundo mandato como Deputado, ergo mais uma vez a minha voz num aviso soleníssimo ao Governo e