300 escolas agrícolas secundárias e milhares de cursos primários, e a pequena Dinamarca, com a sua área de metade do Portugal metropolitano, tem 45 por cento de lavradores bem profissionalizados em 29 escolas agrícolas. Entre nós o seu número é apenas de 10!

Mas a agricultura só por si é incapaz, ainda que eficientemente conduzida, de promover regiões menos desenvolvidas, como é o caso do Baixo Alentejo, e este tem sofrido de sempre o desfavor grande de um subdesenvolvimento gerado pela monocultura cerealífera. É preciso que o agro desta ubertosa província alentejana se policultive para se poder industrializar, e tem possibilidades imensas disso, como o exige o interesse regional, para robustecimento do interesse nacional.

A agricultura, que em Beja se está a reconverter em bom caminhar, com a sua pecuária a qualificar-se grandemente, precisa, no entanto, para mais poder ser útil, do arrimo da indústria, e esta ligada à produção da terra há-de vir naturalmente, e em boa dimensão, num futuro que se antolha que não estará longe.

Há dias o nosso esclarecido e dinâmico Ministro da Economia declarou que "a principal razão do baixo crescimento do nosso produto agrícola está no desajustamento entre a utilização do solo e as suas potencialidades naturais", e é bem verdade.

Mas o ajustamento, que se quer que não demore, assenta primordialmente numa técnica afeiçoada, que ainda temos muito falha em quantidade, e porque não dizê-lo, mesmo em qualidade.

Sempre pensámos que desta vez é que Beja teria o seu ensino agrícola bem integrado na região, que vem sendo seu anseio velho de muitos anos.

Todos os indicadores citados pelo Sr. Ministro da Educação Nacional como válidos para a boa localização politécnica apontam certo para o distrito de Beja, celeiro de Portugal e futuro bálsamo da nossa exagerada fome proteica.

E não se queira que Beja se desertifique mais, pois bem basta o êxodo brutal da sua população agrária no último decénio, expresso na altíssima percentagem de 25 por cento, havendo concelhos com variação negativa superior a 30 por cento e mesmo a 40 por cento!

Em entender nosso, é exactamente nestes pólos de fraqueza, que no entanto escondem muita fortaleza, que só o homem de bom saber é capaz de pôr à vista, que devem ser implantados todos os meios possíveis de fixação à terra, dos quais o acesso fácil ao ensino tem a mais marcada importância.

Porque Beja tem a maior população do Alentejo, largas oportunidades de emprego, tanto na terra como nos serviços, e agora mais com Sines à ilharga, tem por si em afirmação a política de ordenamento, e ainda a necessidade de mão-de-obra qualificada, tudo isto havido como bons indicadores da actividade regional, nós daqui, desta tribuna onde se proclamam, para serem ouvidos, os anseios dos povos, pedimos ao Sr. Ministro da Educação Nacional, que entende, e bem, poder haver "transformações a introduzir" no esquema geral apresentado, que nelas considere o ensino politécnico em Beja.

E na certeza que nos dá a clarificação de espírito de S. Ex.ª e a vontade bem demonstrada de acerto nas suas ideações, estamos mesmo convencidos de que considerará a justeza deste nosso pedido, e assim Beja terá em breve, para além da Escola Normal Superior, que tanto devemos agradecer, o ensino técnico, que é sua suprema aspiração.

O Sr. Ramiro Queirós: -Sr. Presidente: O Sr. Ministro da Educação Nacional, nas visitas que anteontem realizou a várias instalações escolares na margem sul do Tejo, afirmou, segundo a notícia que li na imprensa:

As escolas nascem e multiplicam-se em Portugal como fontes de renovação para o futuro.

Escolas pobres, em pavilhões pré-fabricados? Sim. Mas de outro modo não as havia.

Escolas com dificuldades de funcionamento? Tantas vezes. Mas antes assim do que não estarem abertas, deixando as crianças abandonadas nos campos e nas ruelas.

Escolas sem o equipamento que seria de desejar? Decerto. Mas um plano de reapetrechamento tem-se vindo a executar com celeridade. Cantinas que já deviam existir? Sim. Mas nunca se criaram tantas. Escolas sem aquecimento? Muitas. Mas, pela primeira vez, algumas centenas foram aquecidas.

Não se pode resolver tudo de pronto, mas muitas coisas julgadas irrealizáveis há pouco tempo estão hoje a um passo de serem executadas.

E sabemos bem que novos empreendimentos e iniciativas geram novas aspirações. Ainda bem. Todos os que acreditam na essência da política educacional devem ajudar em força. Agora mais do que nunca.

Há uma reforma a instaurar, Universidades e escolas superiores a abrir, há trabalho sem limites.

porque "novos empreendimentos e iniciativas", como agora a criação de novas Universidades há pouco anunciadas ao País, "geram novas aspirações".