na Beira, em Nampula ou na ilha de Moçambique, ou as que na Alemanha Federal assistem aos emigrantes.

Aqui deixo o preito da minha homenagem perante a sua personalidade e a obra que fundou - a Congregação Madeirense de Nossa Senhora das Vitórias - e que hoje prospera ao serviço da igreja do nosso país.

Sr. Presidente: Ontem, quando o Prof. Miller Guerra acabara de falar, eu pedi a palavra, supondo que ainda o podia fazer regimentalmente, para marcar a minha posição em face do que ele dissera. Porque não quero, por um lado, que se possa pensar que eu não digo hoje o que ontem era capaz de afirmar, mas, por outro lado, porque não está cá o Prof. Miller Guerra, resumirei o meu pensamento acerca da sua intervenção.

Em primeiro lugar, manifesto o meu profundo pesar pelo modo como o Prof. Miller Guerra se referiu aos incidentes na capela do Rato e pela posição que assumiu.

Em segundo lugar, acentuo que se tratou de uma atitude política anticonstitucional e antinacional utilizando-se e abusando-se de um templo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aqueles mesmos ou os amigos daqueles que passaram a vida a afirmar que a Igreja se tinha comprometido à direita com o Regime estão agora a tentar comprometer a Igreja à esquerda contra o Regime.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há um grupo de pessoas que esteve vinte e quatro horas dentro de um templo, numa reunião de características políticas anunciada ao mesmo tempo em vários lugares de Lisboa e do Barreiro por manifestos clandestinos nitidamente revolucionários. Portanto, a reunião achava-se relacionada com esses manifestos. Não há dúvida nenhuma de que se tratava de um reunião política, que utilizou um templo. Não se trata de limitar liberdades religiosas, mas sim de uma reunião política anticonstitucional e antinacional proibida pelas leis do País.

Por outro lado, também as cautelas tomadas em relação à ordem pública nas horas e nos dias que se seguiram a essa reunião são evidentemente lógicas, porquanto não se sabia se em face dos manifestos divulgados haveria tentativas de novas reuniões políticas dentro da igreja referida.

Li uma nota oficiosa desse grupo de pessoas que estiveram na capela do Rato em que pretendiam candidamente pôr o problema como se de uma reunião religiosa se tratasse e até comprometer a Igreja, pelo menos compromentendo párocos em relação a eles, como que discordante das medidas policiais que deviam ser tomadas a seguir.

Mas, Sr. Presidente, basta para resumo o que venho de dizer. De resto, lendo a V. Ex.ª uma pequena parte de uma das moções aprovadas dentro da capela do Rato que me veio ter às mãos, está tudo dito.

Esta moção começa assim: "Considerando: A guerra injusta contra os povos de Angola, Moçambique e Guiné [...]", e, mais adiante, nos n.ºs 3 e 4: "Que esta guerra se integra, na lógica, no conceito de imperialismo", e "Que o povo português é também vítima deste processo de exploração e opressão, pois é o mesmo Governo que promove as guerras coloniais que explora, oprime e reprime o trabalho dos Portugueses".

Como vêem, os homens da capela do Rato estavam contra o Governo, estavam a tomar uma posição política.

Voz: - E contra a Nação!

O Orador: - Contra o Governo e contra a Nação, mas é de acentuar que a reunião da capela do Rato foi uma reunião política, que é o que eles dizem que não.

Concluem várias coisas na moção, entre as quais a primeira: "repudiam vigorosamente a política do Governo Português de prosseguir uma guerra criminosa com a qual tenta aniquilar movimentos de libertação das colónias portuguesas, nas quais morrem, ficam feridos e incapacitados milhares de jovens portugueses".

Srs. Deputados, tenho pena de não estar aqui o Sr. Deputado Miller Guerra para lhe perguntar se concordava exactamente com esta moção.

Também não preciso de dizer novamente o que há, para mim, de repugnante numa posição nitidamente antipatriótica e antinacional diante da qual o Governo tem o dever de ser firme.

Vozes: - Muito bem! Muito bem!

O Sr. David Laima: - Sr. Presidente: Sentimo-nos, por vezes, tão magoados que nos é difícil dominar a emoção e encontrar, por isso, os termos exactos para bem exprimirmos quanto sentimos.

O arrebatamento, ainda que perdoável, continua, porém, a não ser desejado.

Assim, limitar-me-ei, se V. Ex.ª o consentir, a ler alguns dos telegramas que me foram enviados. Creio ser este o lugar próprio para me desempenhar da incumbência com que me honraram e dessa incumbência me desempenho com orgulho, consciência e total identificação.

Eis, pois, alguns dos telegramas - não todos!

Da secção do S. N. E. C. I. P. A. (Sindicato dos Empregados do Comércio, Indústria e Agricultura) do Cubal.

Agradecemos V. Ex.ª seja representado directamente S. Ex.ª Presidente do Conselho Ministros enunciado seguinte telegrama dois pontos queremos patentear nosso apoio total política ultramarina governo parâmetros enunciados Vossa Excelência última comunicação País e indignadamente repudiamos opinião desvairada minoria que atente contra integração património nacional e unidade todos portugueses ponto respeitosos cumprimentos.

Direcção secção representando filiados pede V. Ex.ª favor transmitir S. Ex.ª Presidente Conselho sentimento associados expressando apoio