isso a informação é redundante, «não acontece nada» e os critérios são sempre os do passado. Incapazes de julgar novas situações.

Teremos, de vez, perdido a força de ir descobrindo? Com a certeza de que é mais seguro caminhar a procurar, mesmo com inquietude, do que ficar amarrado por seguranças que deixaram de o ser?

A proposta que resulta de quanto disse é a que há tempo sumariei como proposições deste aviso prévio.

Continuo a pensar que uma política de informação, em Portugal, deverá: Transcender a simples política de noticiário;

b) Ter em conta a evolução de uma sociedade rural para uma sociedade urbana, em que o controle social surge como parcelar, competente e especializado, em que as condições de vida põem em causa o contrôle global, e ter em conta a situação do País;

c) Colocar o acento tónico no desenvolvimento e na inovação (em vez da tradição e do passado);

d) Ser dinâmica e actuante, isto é, desempenhando um papel activo no processo social de desenvolvimento;

e) Ser realmente comunicação, criando e desenvolvendo estruturas de participação.

Para que tal seja possível, parece-me prioritariamente necessário: Uma imagem de Portugal novo (não romântica, folclórica, patrioteira ou provinciana);

b) Um alargamento do espaço-tempo em que nos movemos;

d) O fomento da informação especializada.

Isto defenderei, ao longo deste debate.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Sr. Presidente, V. Ex.ª dá me licença?

O Sr. Presidente: - Faz favor.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Nos termos regimentais, peço a V. Ex.ª a generalização do debate do aviso prévio do Sr. Deputado Magalhães Mota.

O Sr. Presidente: - Concedo a generalização do debate.

A Sr.ª D. Maria Raquel Ribeiro: - Peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada D. Maria Raquel Ribeiro.

A Sr.ª D. Maria Raquel Ribeiro: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: De há muito se esperava a oportunidade de efectuar o viso prévio, apresentado pelo Sr. Deputado Magalhães Mota, sobre meios de comunicação social e problemática da informação em Portugal.

Estávamos convencidos de que essa oportunidade chegaria, dada a importância do assunto nas coordenadas actuais da sociedade portuguesa. E, como tal, nos decidimos a participar no seu debate.

As características da sociedade moderna situam-se nos fenómenos da comunicação de massa. O que esta tem de específico encontra-se fundamentado na própria sociedade de hoje - industrial, científica e técnica, de informação, de movimento, de mudança rápida e de previsão; uma sociedade de consumo, a caminho da urbanização acelerada, onde surgem novas necessidades pessoais e sociais. Mas é também uma sociedade de cultura e de investigação, de difusão dos conhecimentos, de tempos livres, de participação, de vida privada e de autodeterminação.

A descoberta destas características perturba os esquemas antigos, sem que com isso lhes queira destruir o seu valor próprio. Todavia, porque se passou de uma sociedade estática ao dinamismo das relações pessoais, interpessoais e de massa, os valores próprios de uma sociedade tradicional tendem a esbater-se na construção da vida urbana, que se vai infiltrando nos ambientes rurais, sobretudo através das técnicas de comunicação social.

O processo exige um transporte rápido das coisas, das pessoas, mas, especialmente, das informações. O homem moderno, desde o citadino ao rural, desde o intelectual ao analfabeto, não sabe viver sem os meios de comunicação social: a transmissão das ideias, dos factos, das imagens, através da imprensa, da rádio e da televisão acompanham o homem no trabalho e nos tempos livres, na juventude como na idade adulta ou na velhice. Condicionam o seu presente e o seu futuro. Já se pensou nos efeitos da comunicação de massa na criança e na juventude deste século? O seu círculo restrito, da convivência na família, na escola ou nos grupos de vizinhança, alargou-se instantaneamente aos círculos da vida nacional e internacional. São os novos modelos de comportamento e de relações humanas que se fixam e se imitam.

Falar dos meios de comunicação social é ter em conta a sua influência como elemento de mudança da forma habitual da comunicação entre os homens. Mudança que tem de ser considerada não só do ponto de vista de informação enquanto objecto da comunicação, como do ponto de vista dos sujeitos que captam ou recebem a mensagem.

No que respeita à informação, os meios de comunicação social, sobretudo através da rádio e da televisão, tornam possível a transmissão directa, universal, imediata, isto é, sem intermediários. É a abertura directa ao mundo, a qualquer dos seus acontecimentos. Actualmente, o mundo inteiro é objecto de uma informação imediata. Daqui se podem tirar todas as consequências sociais e políticas. Mas se a ciência e a técnica produziram novos meios de comunicação, também o homem da civilização hodierna mudou. Move-se noutros parâmetros de vida. As novas técnicas trazem ao homem novos modos de se compreender e fazer compreender. O som, a imagem, a cor, o movimento, utilizados como meios de comunicação, trazem um poder emocional que torna o homem mais participante na mensagem que recebe. É preciso sublinhar que foi a própria comunicação humana que mudou e não só os meios técnicos. As relações humanas de hoje não têm as mesmas características- estabelecem-se por via pessoal, mas também, e «em directo», através da rádio e da televisão.

Os homens entram em contacto, por vezes, mais facilmente, nos dados da comunidade nacional ou internacional do que nos acontecimentos da sua aldeia ou bairro. Quem não acompanhou os voos espaciais e a estada na Lua? As mudanças na comu-