à indagação de qual o padrão de política educacional e cultural que nos é apresentado na actual proposta de lei do IV Plano de Fomento.

Nela se refere que o ensino será tarefa da maior envergadura e cuja execução mobilizará vultosos recursos, e aponta-se, ainda, a importância da satisfação em maior grau das grandes necessidades colectivas da educação no próximo hexénio.

Tranquiliza-nos a existência de vultosas verbas facilitadas à execução, aliciante promessa em boa hora posta ao dispor de tão importante missão, que, para não ser desaproveitada, carece de possuir nos seus fundamentos o necessário conteúdo ideológico. Pensar-se apenas em termos de reformas do ensino ou de reciclagens ou de preparação profissional seria insuficiente, porque a educação e cultura do povo português exigem muito mais amplo alcance, exigem o global aproveitamento de todos e cremos ser este o fim que é visado na actual proposta de lei.

Há, pois, que bem definir a política cultural e edu cacional que devemos ter e que seja a indicada para obter o desenvolvimento integral do homem e o aproveitamento pleno das suas qualidades, isto não apenas através do ensino institucionalizado e não também e apenas em relação às crianças ou jovens em idade normal de frequentarem escolas, institutos ou Universidades.

Para o que especialmente agora nos interessa chamar a atenção é para os outros, para os mais velhos, aqueles que constituem o presente, porque os jovens serão o futuro. Futuro que, aliás, também está bem patente nas nossas preocupações.

Para esses jovens, que mais tarde serão os responsáveis por Portugal, se viram mesmo as nossas melhores atenções, pois precisamos de confiar neles. Apreciamo-los desde já no seu idealismo, na sua busca de melhores dias, no seu generoso sacrifício em terras de África. Para os mais velhos, porém, desamparados pela falta de conhecimentos que nunca lhes foi possível obter, ou desactualizados em face da corrida dos nossos tempos, para esses com que é preciso inteiramente contar, porque, se a sua presença agora não for válida, nem futuro promissor poderá haver para todos os que desejam ser mais em busca de uma plena realização pessoal, para os responsáveis por pesadas tarefas de planeamento ou execução. A todos é urgentíssimo que lhes sejam oferecidos meios adequados à sua rápida promoção.

Não podemos abandonar ninguém por ultrapassado. Oportunidade igual tem de ser entendida como igual para todos, e para todos os grupos etários activos e responsáveis.

O que muito nos preocupa é haver falta de aptidões qualificadas e, simultaneamente, não nos preocuparmos o suficiente com tanto desperdício de boas vontades. Portugal será bem melhor se todos souberem como bem cumprir.

A promoção humana nos nossos dias todos sabemos, mas às vezes esquecemo-lo- não se pode obter unicamente numa idade de estudar, prolonga-se pela vida fora, exigindo-se um dinâmico conceito de educação e cultura em constante modificação, em reajustamentos contínuos. Numa sociedade em evolução não seria possível aprender tudo em jovem, além de que a formação integral é um problema que preocupa especialmente o homem já maduro, e por realização integral entendemos uma maior espiritualização a atribuir ao conceito de vida para que esta valha a pena ser vivida, entendemos a obtenção do justo equilíbrio entre as concepções técnicas e humanísticas, pois que ambos têm de coexistir no homem moderno, entendemos a justa ansiedade de ir mais longe.

Sim, carecemos de um ensino, carecemos de uma educação capaz de, abrindo-se em leque, abranger todos, que não seja, porém, uma massificação de cultura, porque deverá respeitar a personalidade de cada um, porque deve espiritualizar o homem e resolver-lhe os seus próprios anseios. Fins comuns - caminhos diversos!

Todas as idades, sobretudo tratando-se de população activa, merecem que as apoiemos. Não será trabalho nem dinheiro perdido, pois, l não nos mereça atenção, e talvez até deva ser combatido.

Ocorre-me, por exemplo, neste momento apontar a tendência nacional para nos considerarmos sempre pobres e ridículos em relação às nações estrangeiras.

Que importante trabalho de mentalização há para realizar, uma vez estabelecido esse autêntico padrão do português, padrão que seja um fato que lhe sirva perfeitamente, e não um fato inteiramente diferente de modelo estrangeiro em que ele se sinta mal.

Depois há que explorar e desenvolver esse nosso conceito de política cultural e educacional em todas as múltiplas facetas e levá-lo a todos, através do ensino institucionalizado, através de todos os meios de comunicação para tal mobilizados, através de todos os processos e das mais actualizadas técnicas, há que difundi-lo com a colaboração dos particulares que em todo este processo tem também de estar presente.

Ensinar os jovens a abandonar todos os restantes é ficar a meio do grande caminho que há a per