Na p. 153, col. 1.ª, l. 35; onde se lê: «consciência, até aderimos», deve ler-se: «consciência até, aderimos».

Está na Mesa uma carta de S. Ex.ª o Presidente do Conselho, que vai ser lida.

Foi lida. É a seguinte:

Sr. Presidente da Assembleia Nacional:

Tendo chegado ao conhecimento do Governo a existência na Assembleia Nacional de dúvidas quanto à situação do Sr. Deputado Fernando dos Santos e Castro, Governador-Geral de Angola, tenho a honra de esclarecer que, no entendimento dado pela Presidência do Conselho ao n.º 3 da base XX da Lei Orgânica do Ultramar Português, os Governadores-Gerais são considerados membros do Governo.

Por esse motivo, parece deverem ser abrangidos pelo disposto no § 2.º do artigo 110.º da Constituição.

Apresento á V. Ex.ª os meus respeitosos cumprimentos.

A bem da Nação.

O Presidente do Conselho, Marcello Caetano.

Deu-se conta do seguinte

Vários apoiando a intervenção, do Sr. Deputado Santos Murteira.

Da Câmara Municipal de Monchique e de António Valente apoiando a intervenção do Sr. Deputado Leal de Oliveira.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada D. Alda de Moura de Almeida.

A Sr.ª D. Alda de Moura de Almeida: - Ao usar da palavra pela primeira vez nesta Assembleia, permita-me, Sr. Presidente, que cumprimente V. Ex.ª, com saudações de admiração e respeito, pelas altas qualidades, expressas na firmeza de carácter e inteligência com que orienta os trabalhos desta Câmara. Aos Srs. Deputados, quero do mesmo modo testemunhar o meu apreço s dar-lhes a certeza da minha colaboração em todos os assuntos que possam trazer a esta Casa de interesse para o País, ajudando a resolver os múltiplos problemas que neste momento preocupam os governantes.

É meu desejo ainda saudar e homenagear neste dia S. Ex.ª o Ministro do Ultramar, que ontem, em missão de serviço, chegou a Moçambique, levando o conforto da sua presença, da sua palavra, já nossa conhecida, a quantos ali trabalham e lutam pela paz.

Moçambique saberá retribuir ao Ministro Baltasar Rebelo de Sousa, com o apoio e a confiança dá sua acção governativa, toda a simpatia que de tantas maneiras lhe tem tributado.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Assim, o pensamento dos Deputados por Moçambique está hoje, e durante estes dias, acompanhando a visita ministerial, em que põem as maiores esperanças para o futuro do Estado de Moçambique, o diálogo entre os homens e a comunhão cada vez maior, de credos, raças, etnias, ao serviço do mesmo ideal comum - construir Portugal.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Sr. Presidente: Sendo a primeira vez que tomo parte activa nesta Assembleia, sinto naturalmente a inibição própria de quem inicia um caminho novo, inibição que venci, pelo desejo que tenho em servir o País, pugnando pelos interesses inerentes à minha condição de mulher e à minha missão de mãe e educadora.

Estão nesta primeira linha os problemas que aos nossos jovens dizem respeito, problemas que tanto preocupam o País e os seus responsáveis a todos os níveis.

Sendo tão importante o papel da juventude na vida da Nação e sobretudo na construção do seu futuro, sendo tão sérias as interrogações que os jovens nós põem neste momento, ousei pedir a palavra nesta Assembleia para reflectir em breves apontamentos sobre alguns aspectos que se referem à educação político-social da juventude do País, factor que reputo da maior importância na hora que corre.

Esta reflexão tem como objectivo dar a cada jovem consciência da sua responsabilidade na vida política na cional, de tal forma que, chamados a participar de algum modo na vida da Nação, o façam conscientes, em verdadeira dádiva de valores, do contributo que deles se .espera para o engrandecimento da Pátria.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Nesta linha de orientação, todos os jovens, escolares ou não, devem ter noções claras da verdadeira política do País, nos seus múltiplos aspectos, para que se possam integrar na causa nacional, compreender e viver o momento da política actual, apreender todo o seu significado e comprometer-se de facto na construção do futuro da Pátria.

Importa preparar os homens de amanhã na responsabilidade que lhes pertence, abertos a horizontes maus vastos, onde caibam os seus ideais nobres, esclarecidos, para poderem aceitar e compreender até ao fim á grandeza da sua missão como cidadãos construtores de uma sociedade válida em todos os aspectos positivos.

Não podemos correr o risco de manter a juventude alheada da política do País: é preciso. interessá-la, fazê-la compreender por que razão e esta a nossa maneira de agir, sobretudo nos problemas mais difíceis.

Um conhecimento político consciente não se adquire decorando apenas os artigos da Constituição.

É necessário compreender, pensar, avaliar; e o jovem para ser capaz de assim proceder terá de ser esclarecido, ensinado.