A juventude exerce na sociedade actual uma força de extraordinária importância, mas, muitas vezes, ao ser chamada a postos de responsabilidade social, ou mesmo política, não está preparada para assumir essas responsabilidades, porque foi doutrinada por outros ideais, não podendo, por asso,, cumprir, como é necessário, as suas tarefas.

Há realmente uma lacuna a preencher, um diálogo, a estabelecer, amigo e fraterno, entre o mundo adulto e o jovem. Temos de estabelecer uma confiança e uma aceitação mútua. Só assim se pode enriquecer a comunidade com tudo o que de positivo possui cada geração. Certamente que os jovens revelam sinais negativos que comprometem o seu sonho de mundo novo.

Refiro-me à contestação pela contestação, sem o desejo de construir, que é urgente. Refiro-me à recusa sistemática de todos os valores tradicionais, como se na tradição não houvesse nada de válido, da experiência feita, da riqueza adquirida, que não podemos desprezar ,sem nos. negarmos a: nós próprios e comprometermos o futuro. Porém, vai mal a comunidade que não acredita na capacidade da juventude, que - desconhece sistematicamente os seus valores e se recusa ao diálogo com as novas gerações, só porque estas pensam de maneira diferente, embora se reconheça que a juventude, à nossa juventude, tem muito de positivo.

Os jovens querem participar ha construção do mundo de amanhã e por isso desejam ter oportunidade de exprimir a sua opinião, de fazer conhecido o seu contributo para a marcha da comunidade de que se sentem parte.

Mostremo-nos atentos aos seus valores reais, que são muitos. Escutemos as suas interpelações, quando forem absolutamente justificadas, compreendamos as suas reivindicações e movimentos positivos, ajudemo-los a libertarem-se de manifestações alienantes, acompanhemos os seus anseios legítimos, respondamos com programas concretos às reformas que forem justas, prevejamos as suas contestações e antecipemo-nos em soluções que permitam espaços de mais diálogo, mais bem-estar, mães responsabilidade e participação, mais compromisso social e político, mais comunhão, na grande cidade humana em que vivemos.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Neste contexto, como já fiz na Assembleia Legislativa de Moçambique, chamo a atenção do Governo para este problema, que reputo de. capital importância em todo o Estado Português.

É urgente criar formas que permitam aos nossos jovens ter uma consciência nacional - os jovens amorfos, sem convicções, sem capacidade crítica nunca poderão ser os responsáveis pelo amanhã, para enfrentar os graves problemas que à sociedade portuguesa continuarão a pôr-se, a fim de prosseguir nos objectivos que secularmente a amimam. A Nação Portuguesa é ímpar no concerto das nações do Mundo.

Precisamos de jovens com consciência política construtiva, dentro da nossa linha de rumo, que lhes permita a criatividade para soluções difíceis, a coragem, a fidelidade para não trair o País e a sua tradição.

Que tenhamos a decisão necessária para nos debruçarmos sobre este problema, que reputa de interesse fundamental para o futuro, que exige estudo, senso e acção esclarecida.

A nossa juventude é um valor tem preço; é dela que tudo depende, e se quisermos ter firmeza e confiança no porvir temos de pensar na preparação consciente dessa mesma juventude, tendo em atenção os supremos interesses do País.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Pode uma nação ter um exército forte, tecnicamente preparado; pode ter corpos administrativos competentes; técnicas apuradas; relações políticas habilmente conduzidas; pode ser económicamente próspera e sólida, mas, se a sua juventude não for constituída por gente qualificada, íntegra, moralmente forte e generosa, estimulada por ideais, nobres, o futuro dessa nação será incerto.

Vozes: - Apoiado!

A Oradora: - O mundo volta hoje a sua atenção para os jovens, porque eles são cheios de curiosidade, de interesse de saber, cheios de desejo da vida e podem, peles seus próprios valerei, ser facilmente vítimas de nefastas influências.

A formação da juventude é talvez na vida do País o mais importante.

Dizia um dos maiores inimigos da civilização ocidental que, para a melhor destruir, deviam os seus colaboradores começar por corromper a juventude, afastando-a da religião, interessando-a no sexo, destruindo-lhe a moral. Assim, podemos compreender que estamos no meio de uma das guerras melhor planeadas e mais difíceis de todos os tempos - a guerra fria -, uma guerra difícil que tem escravizado mais pessoas do que qualquer outra guerra anterior.

A nossa juventude está em causa, especialmente a adolescente, que está no centro e na primeira linha, desta guerra, treinada em todas as frentes, pela introdução do vício da droga.

É nosso dever defendê-la.

Como o conseguiremos?

Ocupando-a, subtraindo-a à astúcia traiçoeira dessa destruição em massa. Pára tal, será necessário recorrer, com certeza, à família, à escola e à terapêutica, para que a juventude não se perca e o País não se desfalque.

Os aspectos positivos desta juventude não podemos deixar de os enfrentar com esperança, com optimismo, sob pena de voltarmos as costas ao futuro, que está nas suas mãos, queiramos ou não queiramos - o que for a juventude de um povo, assim será o futuro desse mesmo povo.

A nossa juventude é o futuro da Pátria, o futuro de Portugal.

Nas terras do ultramar a que pertenço e pela minha vivência de educadora e mãe, eu sinto que os jovens são uma força de extraordinária importância, que urge respeitar e promover; eu tenho os olhos postos nessa, juventude, em que espero, na qual confio e que desejaria ver participar mais na vida da comunidade.

A Nação tem que confiar hoje, tal como sempre, na sua juventude.

Há doze anos alterou- se profundamente a vida nacional) no ultramar.