O Orador: - A melhoria do serviço prestado pela linha do caminho de ferro da Lousa e a eliminação total ou parcial do seu traçado à superfície na cidade de Coimbra são objectivos interligados que requerem soluções conjugadas que considerem simultaneamente todas as aspirações justas.

A suspensão da circulação das composições entre a «estação nova» e o cais a construir junto ao parque e o transporte de mercadorias, apenas de noite e em comboio completo, sempre que seja necessário, são soluções provisórias para os mais graves problemas da «baixa» de Coimbra e acautelam devidamente os interesses das populações. Assim deverão ser compreendidas e aceites.

Muito maior número de circulações, horários convenientes e novas paragens das composições de passageiros são respostas para as justas aspirações das populações, que certamente aceitarão bem que para o seu transporte se localize no parque de Coimbra o final da linha.

O Sr. Coelho Jordão: - Muito bem!

O Orador: - Aqui deixo, pois, o meu apelo, que desejaria ver devidamente interpretado e aceite, na esperança de que seja, dentro em breve, considerado o problema da linha do caminho de ferro da Lousa, com as soluções apontadas ou com outras que as substituam.

O Sr. Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Sr. Engenheiro Rui Sanches, que sempre define com oportunidade as melhores soluções para os problemas e que sempre concede aos anseios de Coimbra generosa atenção, e o Sr. Presidente do Conselho de Administração da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que conhece a legitimidade das pretensões de Coimbra no sector que superiormente dirige, justificam-me bem esta esperança.

É a pensar assim que espero voltar, dentro em breve, a este assunto apenas para louvar e agradecer.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Manuel Viegas Carrascalão: - Sr. Presidente: Antes de pela primeira vez usar da palavra nesta Assembleia, é meu desejo endereçar a V. Ex.ª os meus mais respeitosos cumprimentos da mais elevada consideração e admiração, sentimentos de que V. Ex.ª é credor pelos altos exemplos de integridade, de trabalho e de portuguesismo, dados ao longo de toda a sua vida. A verdade não é elogio, nem eu, na minha modéstia, estaria à altura de fazer o elogio a V. Ex.ª Limito-me a reconhecer as qualidades de um homem, que, por serem autênticas, são conhecidas de todos os portugueses, até daqueles que, como eu, vivem e labutam na mais longínqua parcela de Portugal.

E peço vénia para saudar os meus ilustres pares, a quem faço votos pelo mais frutuoso mandato, porque fazê-lo é formular a esperança -direi melhor-, a certeza de que todos haveremos de contribuir para a solução dos problemas das terras e povos que representamos, de que, numa palavra, seremos úteis à Nação e ao seu progresso.

Sr. Presidente: Saudar o Governo, e em especial é seu extraordinário chefe, Prof. Doutor Marcelo Caetano, pela sua política ultramarina, eminentemente nacional, é meu indeclinável dever. A política do Governo dá aos Portugueses uma confiança total nos destinos da Pátria.

Também quero saudar o Governador de Timor e todos os que se têm arduamente esforçado para que a província e o seu povo tenham um futuro promissor e digno.

E não posso esquecer os eleitores que me concederam a honra de ser um dos seus representantes na mais alta Câmara do País, reiterando-lhes o meu firme propósito de dar todo o meu esforço e todo o meu entusiasmo para que Timor realize todos os seus justos anseios e alcance o progresso a que faz jus pedia sua entranhada devoção a Portugal. Posso afirmar que Timor, apesar da distância que a separa da Pátria-Mãe, é uma província tão portuguesa como qualquer província da metrópole. A lusitanidade dos Timorenses tem sido, aliás, demonstrada com a maior eloquência. Num passado ainda bem recente, em que foi ocupada por estrangeiros, o povo de Timor mostrou ao Mundo que o coração de Portugal batia em seu perito leal e generoso.

Em nome dos Timorenses quero expressar a sua gratidão pela grande dádiva que os planos de fomento lhes têm concedido e pela recente adjudicação da empreitada de construções de estradas e aeroportos. Mas não posso deixar de salientar que as altas verbas distribuídas para o progresso da província nem sempre têm sido aproveitadas da melhor maneira, por não terem sedo administradas por pessoas à altura de o fazer.

Embora plenamente convicto de que o Governo está atento aos problemas de Timor, entendo, porém, ser oportuno chamar a sua atenção pana vários pontos:

1.º A necessidade urgente de recrutar mais técnicos aptos e decididos a trabalhar, para que o IV Plano de Fomento não redunde em fracasso, como algumas vezes tem acontecido.

Para que essa execução possa ser positiva e possa corresponder ao pensamento do Governo e às aspirações dos Timorenses é imprescindível que o investimento de tão avultados capitais seja acompanhado do melhor apoio técnico;

2.º A necessidade, também urgente, de aquisição de um navio que não seja muito velho e que possa garantir, em condições vantajosas, o escoamento dos produtos das costas sul e leste da ilha para os centros consumidores da costa norte, e possa também garantir as ligações marítimas com o exterior, incluindo os portos de Moçambique, dado que o navio da Companhia Nacional de Navegação mantém uma carreira irregularíssima, sem datas certas, e com uma frequência que raras vezes atinge as três viagens por ano;

3.º A imperiosa necessidade de existir em Timor, pelo menos, um avião, em bom estado, com capacidade e autonomia suficientes para o serviço interno e para cobrir nas falhas o serviço de ligação com o exterior - pois ninguém ignora que Timor é uma ilha - e recrutar a tribulação necessária para esses serviços;

4.º A necessidade igualmente imperiosa de, pelo menos uma vez por mês, haver ligação aérea entre Timor e a metrópole com aviões portugueses;

Vozes: - Muito bem!