O Orador: - 5.º A necessidade de recrutamento de professores de mais elevado nível de competência, tanto para o liceu como para a escola técnica, sem o que os alunos que os frequentam não sairão habilitados para ingressar em qualquer curso superior ou desempenhar a contento quaisquer funções; para que Q província possa contar com valores que ajudem no seu desenvolvimento é preciso que a juventude encontre no ensino local as sólidas bases que lhe garantirão enfrentar, sem dificuldades, as carreiras que escolherem; a infra-estrutura do ensino deve começar pelo real valor dos que ministram os ensinamentos.

Certamente existirá qualquer razão que torna difícil o recrutamento dos imprescindíveis técnicos e de um bom corpo docente para Timor; cumpre-nos descobrir qual essa razão impeditiva, que não existe em relação a outras províncias.

Oferecerão elas condições mais vantajosas?

Se assim é, creio que seria oportuno proceder-se a uma revisão das condições que actualmente são concedidas ao funcionalismo de Timor para que, e principalmente, os técnicos e professores passem a considerar a ida para o mais distante território português não como um castigo, como actualmente acontece, mas como um prémio para a sua competência.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Hoje, infelizmente, são muito poucos os que se dispõem a trabalhar só por espírito de missão. Pois nos nossos dias já nem mesmo todos os missionários a isso estão dispostos!...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Nesta minha primeira intervenção não me alongarei mais. Durante o meu mandato hei-de ter ainda muitas oportunidades para trazer à Assembleia os problemas de Timor, para os estudar, para os procurar resolver.

É com verdadeiro espírito lusíada que os Timorenses sempre têm vivido e assim hão de continuar pelos tempos além.

A sociedade multirracial portuguesa espalhada pelo Mundo é uma realidade consoladora para quem a soube construir, reconfortante para (todos os naturais de todas as províncias ultramarinas, que não conhecem a humilhação da discriminação racial, pois que, bem pelo contrário, lhes são facultadas as mesmas possibilidades e igualdade de oportunidades para ascenderem a qualquer posto da Administração, da justiça, do funcionalismo, da política e do Governo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Um povo que desconhece a segregação social, que não tem preconceitos quanto à cor da pele, ao credo ou à etnia dos seus irmãos ultramarinos, como é o caso do povo português, um povo assim, eivado do sentimento de justiça, de bondade, de compreensão e de tolerância, é um grande povo, talhado para os mais altos cometimentos e a quem o Mundo há-de acabar por reconhecer os seus direitos, a sua razão, a sua verdade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vim de Timor e não é a primeira vez que me encontro na metrópole.

Sinto-me em Lisboa como em Díli, e nunca encontrei racismo. Sou ião português aqui como em Timor, sou tão (respeitado em Timor como em Lisboa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E sei que na Guiné, em Angola, em Moçambique, em Cabo Verde ou em S. Tomé a convivência entre portugueses brancos e de cor é pacífica, amigável, fraterna.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Essa sociedade multirracial há-de contribuir com a sua devoção, com o seu (trabalho, com o seu amor à Pátria, para o engrandecimento do nosso Portugal, que todos desejamos ver cada vez maior e mais prestigiado, e que certamente veremos graças ao superior talento e ao raro senso governativo do grande estadista que é o Sr. Presidente do Conselho, Prof. Marcelo Caetano.

A força da bandeira verde-rubra é tal que chega ao longínquo e paradisíaco Timor com redobrado vigor e insuspeitada grandeza.

O respeito e o amor por essa bandeira, que os Timorenses respeitam, amam e veneram, com todas as fibras da alma e do coração, é a mais evidente prova da sua lealdade à Pátria, que desejam, acima de tudo, bem servir.

Fado em nome do povo timorense, que tanto me honro de representar nesta Assembleia, e S2Í que, pela minha voz, esse povo admirável quer fazer saber ao Governo e a toda a Nação que está disposto a trabalhar sem tréguas peio progresso cultural, social e económico da província, porque essa será a melhor maneira de mostrar ao Mundo que Timor é Portugal.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Antes de passarmos à ordem do dia, quero pedir a atenção de VV. Ex.ªs para o facto de que a Assembleia ainda não acabou de se organizar em comissões, conforme é disposição constitucional e regimental.

VV. Ex.ªs terão compreendido que, em virtude do processo moroso das eleições, eu preferisse, nesta altura, não propor a VV. Ex.ªs eleições de comissões além daquelas que estavam indicadas para entrar imediatamente em exercício.

Mas parece-me que na reabertura da sessão legislativa, em 15 de Janeiro e nos dias imediatos, será altura de completarmos esta organização.

As comissões que ainda estão por eleger, como VV. Ex.ªs bem sabem, são as de Negócios Estrangeiros; de Trabalho e Previdência, Saúde e Assistência; de Educação, Cultura e Interesses Espirituais e Morais; do Ultramar; de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, e de Política e Administração Geral e Local.

Aponto estes factos à consideração de VV. Ex.ªs para o caso daqueles que quiserem propor listas para a constituição dessas comissões as enviarem para a Mesa, se possível, pelo menos em relação a algumas, até ao fim deste primeiro período da sessão legisla-