tra escala. Se os desequilíbrios projectados na escala nacional ferem a nossa sensibilidade, os que se pratiquem a nível regional tornam-se mais dolorosos, por maior proximidade dos contrastes que determinam uma hipersensibilidade. Um plano só será eficaz quando puder contar com o apoio e a adesão das populações.

Discordo de que se delimitem pequenas zonas preferenciais a desenvolver, sem autêntica justificação qualificativa ou, pelo menos, muito discutível, em vez de se procurar o tratamento simultâneo de áreas de maior dimensão. Hoje, toda a economia, e até a política, se está a encaminhar para os grandes espaços.

Quando um doente é tratado, não se divide em pedaços para tal, e as zonas do corpo que mais afectadas estão exigem, todavia, tratamento mais específico, ou seja, um tratamento tópico por vezes.

As zonas do interior do País têm características muito semelhantes e deveriam ser encaradas com maior realismo. Elas são as mais desprotegidas, e por tal a emigração foi maciça. Têm todo o direito a um tratamento prioritário, já que mais se sacrificam, mais carências têm, mais precisam de ajuda. Quanto mais afastados dos centros, mais necessidade de nos bastarmos a nós próprios, que só será minorada pela facilidade de intercâmbios de pessoas e mercadorias.

A força centrípeta dos pólos de desenvolvimento, penso, sobreleva largamente a tão anunciada acção difusora.

As linhas de desenvolvimento terão de seguir as tendências naturais das populações, e só com muita habilidade e tacto, em regra faltando nos tecnocratas, se poderão, com êxito, encaminhar para novos horizontes.

Forçar soluções antinaturais levará as populações a reagir.

A «cidade» construída pela tecnocracia, se contra as tendências naturais das gentes, levará estas a não a quererem habitar e a rejeitá-la, apesar de todos os índices de conforto material que lhes proporcione.

Sempre que a técnica se apresente com possibilidades de melhorar a v ida dos povos, promovendo para tal alterações de hábitos ancestrais ou propondo novas linhas de rumo, haverá que, previamente, desenvolver todo um processo de esclarecimento ou de mentalização, como hoje se diz, e não se deve fazer de cátedra, mas antes partindo de uma posição de humildade e serviço.

Isto exige muito tacto, apurada sensibilidade, muita diplomacia, sempre condicionada por determinadas constantes, por incidências especialíssimas por vezes, que terão de ser tomadas na devida conta se se quiser obter resultados capazes.

O distrito de Bragança aguarda, no seu conjunto, como realidade indesmembrável e indiscriminável, que o IV Plano de Fomento lhe traga uma rede rodoviária moderna e funcional, qual porta aberta a um autêntico desenvolvimento.

Dada a problemática actual do caminho de ferro em toda a província de Trás-os-Montes, maior acuidade toma o problema das rodovias. A estrada Porto-Bragança deverá, como se espera, modificada no traçado e capacidade, constituir a via de comunicação e transporte adequada ao desenvolvimento por que aspiramos.

Bragança, cidade de serviço próxima da fronteira, fica no caminho da Europa. A fronteira de Quintanilha deve constituir a respiração principal do tráfego rodoviário, que desejamos ver crescer, como vem sucedendo em toda a Europa. A fronteira de Miranda do Douro aguarda o importante papel que terá, necessariamente, de desempenhar no desenvolvimento regional.

Com boas vias de comunicação permitir-se-á a fácil e rápida circulação de pessoas e mercadorias e o intercâmbio que leva ao desenvolvimento.

A captação de capitais dos emigrantes, em que o interior é fértil, constitui uma potencialidade significativa, desde que habilmente tratada.

Confrange saber que um distrito como o de Bragança contribui substancialmente para o desenvolvimento de outras zonas, quer directamente, quer facilitando-o com as potencialidades dos seus constantes e progressivos depósitos bancários. Na banca verificamos, todavia, algum exemplo bem positivo de consciência regional, no sentido do investimento local, e assim ajudar a promover o seu desenvolvimento.

Como dizia um dia Marcelo Caetano, temos falta de empresários com imaginação. Uma marcada timidez de eventuais empresários só se poderá vencer com a ajuda do Estado, estimulando e garantindo com o seu aval pelo menos a fase de arranque. Dentro desta política não cabe o conceito de negar apoio financeiro a certa iniciativas, a não ser quê consintam numa outra localização próxima dos grandes aglomerados. Isto será segregar as pobres zonas do interior. E fiquemos por aqui neste ponto, sem deixar de assinalar que, dentro de um conceito materialista e reprovável, se sabe que seria mais rentável uma boîte em Lisboa do que investir numa empresa agrícola no interior! Com mentalidades destas onde iríamos parar?

A navegabilidade do Douro até à fronteira, problema nacional e regional, tem particular incidência na problemática sócio-económica de todos os territórios circunvizinhos.

Trazer o mar ao interior é uma possibilidade que não se pode menosprezar, pois seria criminoso, e no caso vertente transformará radicalmente, desenvolvendo-o, o interior, e não se limitará ao nosso país.

Desejamos que os transportes aéreos sejam facilitados, pela construção dos aeroportos de que tanto carecemos. As comunicações naturais são com o Porto, todavia, queremos ligações aéreas, pelo interior do País, até Lisboa, que se justificariam com escala por cidades do interior ou do centro.

Aguardamos que o IV Plano de Fomento nos traga a construção da rede de edifícios escolares que a expansão histórica arrancada no capítulo da educação implica.

O distrito de Bragança foi o primeiro a conseguir ciclos preparatórios em todos os concelhos. Faltam edifícios adequados ao seu bom funcionamento, já que as soluções de emergência não resolvem o problema em definitivo.

Desejamo s ver a Escola Normal Superior instalada convenientemente e a dar os seus frutos, bem como a extensão do Instituto Politécnico em Mirandela, uma zona que bem merece ser considerada prioritária.

Queremos ver completadas as instalações militares de Bragança, para que aquele centro de instrução,