outros valores, de ordem ética e moral, que é necessário preservar, e não podemos aceitá-la mesmo que nos seja demonstrado que isso contribuiria para o acréscimo do desenvolvimento global.

Há valores que são absolutos e imutáveis, que estão na base da estruturação da própria sociedade e que devemos conservar custe o que custar. Sobre eles temos de nos pôr todos de acordo, dado que sobre eles há-de, também, estar assente a sociedade portuguesa de amanhã.

Parece-me, pois, aceitável a taxa média de 7,5 % proposta no projecto do plano, e, no contexto das restantes projecções propostas, julgo que se alcançarão plenamente os objectivos finais. Aliás, creio ser muito difícil estabelecer uma taxa óptima de desenvolvimento, pois ela teria sempre as limitações que acima referi, e, sendo assim, a taxa óptima será aquela, mais elevada, compatível com as condições limites naturais.

Um plano de fomento, quando se projecta, não se projecta desligado da realidade existente; o qu e existe, neste momento, são as realizações dos quatro planos anteriores, e será sobre esta realidade que devemos procurar construir o futuro da sociedade portuguesa.

Um plano de fomento aparecerá, assim, como um grande quadro, onde se localizariam as mais variadas figuras do desenvolvimento económico-social - um quadro que conterá figuras de contornos bem definidos, esboços de outras e alguns sonhos também.

É assim que aceitamos um empreendimento do nível e grandeza do «Pólo de Sines», verdadeira obra de sabor europeu, porque da sua efectivação resultarão benefícios que todos iremos usufruir, na contribuição que o seu rendimento permitirá fornecer às regiões mais desfavorecidas. Mas não podemos prescindir de uma acção descentralizada do plano, em outros pontos que, embora com menos possibilidades futuras que Sines, no plano industrial, constituem pontos bem definidos de valorização regional, capazes de dinamizar vastas regiões, cuja economia agora adormecida, uma vez despertada, poderá produzir frutos, que ombrearão com os resultados daquele pólo, e contribuam para um desenvolvimento mais harmónico do País. Além deste prevê-se a efectivação de mais dois - Braga e Coimbra.

O pólo de desenvolvimento urbano-industrial de Sines aparece no relatório do projecto do plano como uma daquelas figuras de contornos já bem definidos, nos seus objectivos e finalidades, e decerto com alguma minúcia já, a demonstrar estudo atento e cuidadoso, a exigir uma realização adequada que lhe não falta até ao momento.

Na sua localização e desenvolvimento, este pólo de crescimento parece-me uma tentativa séria de encarar o problema da macrocefalia do centro polarizador que é Lisboa. Penso, todavia, que nesta vasta e rica Região-Plano de Lisboa não deve ser o início. A sua colocação à distância de pouco mais de 100 km de Lisboa representa uma descentralização para o sul, pelo que necessário se torna compensar esta descida caminhando para o norte. Num dos eixos de expansão do pólo de Lisboa, ao longo do vale do Tejo, para num aproveitamento total da mais vasta e rica região do nosso país conseguir um aumento significativo do P. N.º P. e portanto da riqueza distributiva, através dos três sectores diversificados existentes.

No seguimento dos eixos de desenvolvimento projectados pelo plano de ordenamento do território, a partir do centro polarizador de Lisboa, ao longo de todo o vale do Tejo situa-se a mais rica região do País, constituindo toda ela a sub-região interior de Santarém da Região-Plano de Lisboa, desde Vila Franca e Azambuja até Vila Nova de Ourem, Tomar, Ferreira do Zêzere e Mação, com itodo o potencial da sua economia diversificada, que, em meu entender, não foi objecto do tratamento a que tinha direito pela sua importância, mas que igualmente se impõe pelo potencial de valorização que encerra em si e que não pode deixar de ser considerada zona prioritária de descentralização industrial, e região prioritária de acções agrícolas concertadas, as quais não vemos traduzidas no Plano e cujas consequências serão o empobrecimento gerai e o definhamento das actividades existentes.

Nas projecções demográficas desta sub-região consta que de 422 900 habitantes, em 1970, passará a 405 300, em 1979, o que significa uma perda de 17600 habitantes que se dirigirão a Lisboa, mantendo mesmo assim o 6.º lugar em população dos distritos do País.

A região do vale do Tejo, com uma área de 6698 km2, 13 % da área total do País, e 464 385 habitantes, tem ao norte uma zona perfeitamente caracterizada que no III Plano de Fomento e Plano Intercalar de Fomento foi designada por pólo de desenvolvimento situado no (triângulo Tomar-Abrantes-Torres Novas, que dinamiza só por si uma população de mais de 200000 habitantes residentes numa barra de 1500 km2, portanto uma densidade de população media de 133 habitantes por quilómetro quadrado e que é constituída pelos concelhos de Tomar, Abrantes, Torres Novas, Ferreira do Zêzere, Constância, Barquinha, Entroncamento, Torres Novas, Alcanena e Vila Nova de Ourem, cuja maior distância entre eles é de 50 km.

Para este pólo Ide crescimento - triângulo - não foi considerada qualquer acção prioritária, apesar das referências que se lhe fazem, e, contudo, é uma região caracterizada por um forte dinamismo industrial, que vai esmorecendo, é bem a reserva de mão-de-obra que vai emigrando para o estrangeiro, e também porque, pelas suas características específicas, constitui uma zona perfeitamente caracterizada que pode constituir tampão Ide correntes emigratórias que se dirigem a Lisboa, permitindo assim um melhor arranjo urbanístico e, ao mesmo tempo, através ida descentralização da indústria, evitar os malefícios de uma excessiva concentração na área metropolitana de Lisboa.

Dispõe de infra-estruturas de apoio e de base nos sectores variados, assim distribuídos:

Saúde. - 3 centros de saúde, 4 hospitais sub-regionais de apoio e 1 hospital militar regional.

Educação. - 9 escolas do ciclo preparatório, 2 liceus, 2 escolas técnicas com anos suplementares, 4 escolas secundárias polivalentes, 1 seminário maior, e está prevista a criação de um Instituto Politécnico.

Turismo. Todo o equipamento de Fátima. 2 hotéis em Tomar, 1 hotel em Abrantes. Uma vasta e rica região monumental, de valor histórico incalculável; toda a extraordinária beleza da bacia hidrográfica do rio Zêzere, cuja indis-