País, nos faz bem antever quão graves poderiam ser os transtornos causados se não dispuséssemos no nosso território dos recursos indispensáveis, será demasiado acentuar a importância de dispormos, por elementaríssimas razões de segurança, de uma indústria militar o mais completa e autónoma possível?

Já alguém disse, com toda a razão, que sem indústria militar adequada não há, verdadeiramente, defesa nacional.

Julgo serem bastantes estas simples observações para evidenciar este aspecto essencial do problema, onde tão intimamente se ligam a defesa e o fomento, que, aliás, já aqui abordei anos atrás mais desenvolvidamente e acerca do qual, ainda há dias, insistia também, desta tribuna, o Sr. Deputado Roboredo e Silva.

Há outra conclusão, talvez até mais elucidativa, que poderá igualmente colher-se da comparação dos elementos a que venho aludindo: é a que se refere à proporção do potencial humano empenhado no esforço da defesa. Enquanto os países que atrás men cionei, com dispêndios de nível aproximado dos nossos, mantêm efectivos que só no caso da Grécia chegam aos 5 %, mas nos outros andam entre 1,5 % e 3% da sua população activa; no nosso caso, esse valor deve ultrapassar os 7 %.

O Sr. Roboredo e Silva: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

rças equipadas dessa forma seríamos, de longe, a maior potência militar ao sul do Equador, em todos os aspectos.

Para isso -e essa tecla tem sido batida por mim numerosas vezes, nomeadamente na legislatura passada-, era absolutamente indispensável reestruturar, mas em bases reais, positivas, as indústrias militares nacionais. Chega a bradar aos céus que, ao fim de quase uma dúzia de anos de guerra no ultramar, nós não tenhamos ainda uma indústria militar que satisfaça as necessidades essenciais das forças armadas portuguesas.

Era só isto que desejava dizer, Sr. Deputado, para apoiar e porventura acrescentar alguma coisa que não chege a dizer.

Muito obrigado.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado Roboredo e Silva. As palavras de V. Ex.ª, não só por virem de um Deputado experiente, como de um homem com o seu passado e com as suas responsabilidades, valorizam, sem dúvida, as considerações que faço e que são ditadas por alguma experiência da vida e profunda noção das responsabilidades que todos devemos ter perante o desafio que nos está lançado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Trazer o problema a esta Câmara, julgo que é uma prova apenas de confiança na consciência nacional e de que o País não recua em apreciar e enfrentar devidamente os seus problemas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

equipamento das tropas multiplica necessariamente a acção dos homens. Só ele permitirá encarar a redução de efectivos e, além disso, quando todos sabemos como as forças que nos atacam vão dispondo de meios cada vez mais aperfeiçoados, vão melhorando a sua instrução, vão recebendo cada vez mais descarado apoio de potências que bem conhecemos, não será isto uma outra fortíssima razão para nos apressarmos a reforçar substancialmente, em quantidade e até em tipo de armamento ou equipamento, os meios de que dispõem as nossas tropas? Estou certo de que ninguém terá dúvidas a este respeito, que o Governo tem este assunto também na primeira linha das suas preocupações; mas creio oportuno lembrá-lo aqui, para que todos nos convençamos dos esforços que não podem deixar de fazer-se para o conseguir.

Outros aspectos poderia ainda abordar no tocante a estas despesas que, em meu entender, carecem também de corrigir-se.

Entre 1960 e 1972 o orçamento ordinário subiu para cerca de 3 15 % do que era então; pois, a dotação do Ministério do Exército, que é a infra-estrutura sobre a qual assentam uns 80 % dos efectivos totais, sofreu apenas um incremento muito inferior à média geral, situando-se na ordem dos 230 %. O Ministério da Marinha beneficiou de um aumento algo maior - da casa dos 290%-, mas, mesmo assim, inferior à média global.