derem do mesmo modo. No acordo a estabelecer na que «assentar em princípios sólidos que permitam articulações perfeitas entre as instituições interessadas, sem prejuízo das suas vocações especiais e dos estatutos do pessoal que nelas serve», como expressamente se diz naquele despacho. Pretende-se, portanto, garantir a independência das instituições, o respeito pelos direitos do pessoal e uma salutar coordenação de esforços; mas ao mesmo tempo evitar ambiciosas tentações de usurpação. É também absolutamente indispensável que seja respeitado o regime de tempo completo que ali se consigna. Só dessa forma é possível garantir aos hospitais as suas funções de tratamento, de recuperação, de ensino e de investigação. Mas, para isso, é indispensável assegurar aos que ali trabalham em tal regime a remuneração condigna e as condições que lhes permitam essa ocupação com bom rendimento e que lhes sirvam de estímulo e até de conforto. É necessário, portanto, que, sem demora, se apure o que deve fazer-se para que esses serviços possam estar em condições de exercer, em pleno, a sua nova missão. Sem isso, pode falhar o que se pretende atingir e comprometer, assim, uma orientação que se me afigura da maior importância para o nosso país.

Felicito sinceramente os dois ilustres Ministros por este importante despacho e faço os melhores votos por que os futuros encarregados das funções docentes, os conselhos pedagógicos, as administrações hospitalares e os próprios alunos compreendam as responsabilidades que lhes cabem e que cada um, dentro da sua esfera de acção, concorra para que se abram, por esta via, amplas e modernas perspectivas à preparação dos futuros médicos e ao exercício de uma medicina de alto nível.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Calado da Maia: - Sr. Presidente: Ao usar da palavra pela primeira vez nesta Assembleia, dirijo a V. Ex.ª os meus mais respeitosos cumprimentos e as homenagens devidas a tão alta personalidade nacional, que, por desejo bem expresso dos seus pares, foi reeleito para o elevado cargo de Presidente desta Assembleia.

Às elevadas qualidades de carácter e bondade junta V. Ex.ª uma forte e generosa personalidade e elevado grau de inteligência, que lhe permitiram conduzir, por forma tão brilhante e acertada, a X Legislatura.

Tive a honra de ser companheiro de V. Ex.ª na lista de Deputados à Assembleia Nacional e é com o maior desvanecimento que quero expressar a V. Ex.ª toda a minha admiração, amizade e respeito, pelos elevados dotes que o impõem como um dos maiores parlamentares do nosso tempo e dizer-lhe da honra que representa, para o nosso distrito, o facto de V. Ex.ª ocupar tão elevado cargo nesta Câmara.

Creia, Sr. Presidente, que estas singelas palavras não representam um dever protocolar, mas são a expressão muito sincera de um sentimento da maior consideração, apreço e reconhecimento dos elevados dotes morais e intelectuais de V. Ex.ª

Para VV. Ex.ªs, Srs. Deputados, vão as minhas cordiais saudações, com a promessa de leal colaboração nos trabalhos desta Assembleia.

Sr. Presidente: Já alguns Srs. Deputados, por forma brilhante e acertada, se referiram à grave crise do fornecimento dos combustíveis líquidos, frisando as dificuldades criadas a todos nós, que utilizamos os transportes automóveis.

São as enormes «bichas» de carros junto das bombas abastecedoras, onde, a par daqueles que, com enormes sacrifícios e perdas de tempo de trabalho, por necessidade, portanto, ali permanecem; outros, sem outro motivo, que não seja a satisfação do seu egoísmo, ou com inconfessáveis interesses, vão arrecadando combustível de que não precisam.

Desde aquele que, depois de algumas horas de espera, contabilizou de gasolina escassos escudos, até outros que atestam os depósitos dos seus carros, para voltarem a encher, depois de despejarem em depósitos tantas vezes impróprios o combustível que não utilizaram e que reservam ou por egoistamente pensarem e maiores dificuldades futuras, ou, o que é mais grave, com a intenção de especularem com o seu preço, por venda aos que não podem dispensar o automóvel como instrumento de trabalho.

Várias medidas foram propostas para a solução ou atenuação deste problema que agita o País, criando um clima emotivo, que não se justifica, dadas as palavras responsáveis do Sr. Presidente do Conselho dirigidas à Nação, que nos dão a certeza de que o Governo, sempre atento a todos os problemas, procurará, pela I forma mais conveniente, a solução que for melhor para o abastecimento dos combustíveis líquidos, fonte energética indispensável não apenas à circulação rodoviária, mas às várias indústrias básicas da Nação.

Depois das notáveis intervenções fei tas nesta Câmara por tão ilustres Deputados, parecerão inoportunas as palavras que me propus proferir, mas parece-nos que deve ser apontado um aspecto do problema, que vimos abordar especificamente, por o reputarmos importante nesta conjuntura.

Na verdade, não obstante tudo quanto aqui foi dito, e depois das calmas palavras do Sr. Presidente do Conselho, parece que todos os portugueses deviam sentir o dever, e até o desejo, de colaborarem, numa atitude consciente, na resolução das dificuldades que a todos atingem, mas, bem pelo contrário, passa por nós, em altas velocidades, uma maioria dos utentes das estradas nacionais, sem o menor respeito pelos que cumprem a disposição que obriga a circulação dos veículos a 80 km/h, com excepção das auto-estradas, como importante medida de economia de combustível, e ainda com desprezo e falta de noção dos seus deveres sociais, numa atitude egoísta que perturba a boa convivência na estrada, onde a «indisciplina» é escandalosamente gritante.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Essa indisciplina, resultante da falta de educação, civismo e falha de senso de alguns utentes das estradas, que criminosamente arriscam a sua vida e a dos outros, tem de ser combatida, pois as estatísticas de mortos, feridos e estropiados por acidentes de viação são extraordinariamente chocantes e sobem, numa curva crescentemente aterradora.

Infelizmente, todas as medidas, tomadas, quer por parte do Governo, quer das entidades ligadas ao trân-