informar das realizações que estão em curso no Brasil, com as quais se pretende dar-lhes solução conveniente.

Através das visitas a hospitais e dispensários, dos trabalhos apresentados e das discussões realizadas, todos os brasileiros, espanhóis e franceses, alguns de renome mundial e autores de importantes trabalhos realizados em países africanos, puderam documentar-se sobre a orientação de quanto se tem feito em matéria de saúde pública naqueles dois Estados e confrontar as nossas realizações com o que se passa em tantos outros países do continente africano.

Verificamos que os estrangeiros convidados estavam muito longe de conhecer o notável esforço realizado por nós em matéria de saúde pública e de protecção das populações, e foi com o maior prazer que testemunhámos as justiciosas palavras com que se referiram ao que ali viram e ouviram e à orientação que seguimos.

A posição que alguns deles ocupam em organismos internacionais em relação com a saúde, como s ejam a Organização Mundial de Saúde, o Centro Internacional da Infância de Paris e a Escola de Saúde Pública de Rennes, e as funções que outros exercem no ensino da Pediatria Social, em França, na Espanha e no Brasil, servirão, sem dúvida, para esclarecer muitos outros e concorrerão para que nos seja feita devida justiça.

Por isso reputamos da maior importância política e médico-sanitária que reuniões desta natureza se repitam, periodicamente, não só no Estado de Angola, mas também no de Moçambique e noutras províncias portuguesas do ultramar.

Sei que os Srs. Ministro do Ultramar, Secretário de Estado do Fomento Ultramarino, Governador-Geral de Angola e Reitor da Universidade de Luanda, conscientes da importância que poderiam ter estas jornadas, lhes deram o mais entusiástico apoio.

Elas corresponderam inteiramente ao que se esperava.

Aqui lhes deixo - a todos - não sómente as minhas felicitações pelo assinalado êxito político e médico-sanitário de que elas s e revestiram, mas também o meu apelo por que elas se possam repetir nas condições que referi.

Sr. Presidente: a outra reunião a que aludi teve lugar na metrópole e congregou brasileiros e portugueses, estes da metrópole, dos Estados de Angola e de Moçambique e de outras províncias do nosso ultramar. Foi a primeira reunião do seminário consagrado à situação da criança na Comunidade Luso-Brasileira, que há-de continuar a realizar-se, de dois em dois anos, alternadamente, em Portugal e no Brasil, e no qual serão, em cada reunião, analisadas as soluções mais convenientes para os problemas prioritários da infância, no âmbito daquela Comunidade.

O Brasil enviou-nos uma representação seleccionada, constituída por secretários de saúde de dois dos seus mais importantes estados, por professores universitários de pediatria e por especialistas da medicina infantil, dos problemas pedagógicos e dos jurídicos da infância. Os portugueses da metrópole e dos nossos estados e províncias do ultramar, a cargo de quem estava a exposição de temas, mostraram-se ao mesmo nível da ilustre representação brasileira. Contam-se por mais de quarenta os grandes assuntos discutidos nesses quatro dias de intenso trabalho.

As conclusões aprovadas, em grande número, abrangem múltiplos aspectos médico-sociais da peri-natalidade da primeira infância, das idades pré-escolares e escolares e do menor deficiente e, também, problemas jurídicos da infância e outros da protecção social da família. Vão ser entregues aos Governos de Portugal e do Brasil para estudo complementar e possibilidades de execução.

Como se procura que o seminário não seja uma organização estática mas uma instituição dinâmica, de acção permanente, ao serviço da criança dentro da Comunidade, vão iniciar-se já os trabalhos de solução dos temas prioritários a ser tratados na próxima reunião, durante a qual serão analisados, também, aqueles para a solução dos quais os Governos puderam já tomar as respectivas medidas. Será uma instituição assistida por especialistas e com a preocupação de constante colaboração com os Governos dos dois países no sector referido.

Esta primeira reunião revelou-se do mais alto interesse polítco e médico-sanitáro, trazendo à vida da Comunidade uma nova modalidade da sua actividade e reforçando os laços que, neste campo, reúnem pediatras, pedagogos, juristas e sanitaristas.

Penso que será do maior interesse que os problemas da criança tenham a maior projecção dentro da Comunidade Luso-Brasileira. Ela é a mais importante reserva dos recursos humanos nos dois países - é, sem dúvida, a sua maior riqueza. O mundo que aí vem, o mundo de amanhã, há-de depender, essencialmente, da forma como cuidarmos das crianças de hoje. Tudo o que a sociedade investir para a preparar da melhor forma possível, ser-lhe-á restituído com avultados juros. Tal como disse o Prof. Robert Debré, «a preocupação pela criança não é sómente uma ,obra de carida de e de solidariedade humana - é um excelente investimento de capital».

Contam-se por muitos milhões as crianças da Comunidade de que é necessário cuidar e que temos de preparar convenientemente para o extraordinário papel que os povos da língua portuguesa têm de exercer no Mundo. Elas constituem quase metade dessa população.

O Brasil realiza, desde há anos, com ritmo verdadeiramente febril, uma intensa e profunda revolução no campo médico-sanitário, pedagógico e de bem-estar da criança que há-de traduzir-se, dentro em breve, em resultados da mais alta valia.

Em Portugal, procuramos edificar o Estado Social de Marcelo Caetano, onde os problemas humanos e, portanto, os da criança terão lugar cimeiro.

Foi por isso que julgamos da maior oportunidade reunir brasileiros e portugueses para esta ambiciosa e aliciante tarefa de estudar as soluções mais convenientes para os problemas de maior necessidade da infância e da adolescência dentro da nossa comunidade, para que uma e outra possam vir a ser integradas nas melhores condições possíveis no mundo dos adultos.

Temos razão para aguardar, confiados, a atenção e a acção dos Governos de Portugal e do Brasil.

SS. Exas. os Presidentes da República de Portugal e da República Federativa do Brasil deram o seu alto e honroso patrocínio a esta iniciativa, cuja sessão inaugural teve a presidi-la a figura veneranda e prestigiosa de S. Ex.ª o Almirante Américo Deus Rodri-