mico-socíal do Pais através da execução do IV Plano de Fomento, manifestando fundamentadas esperanças nos resultados da aplicação das medidas enunciadas pelo Governo.
Assim, se nos mantivermos coesos e firmes, apoiando os nossos governantes, contribuiremos para a manutenção de um clima de paz social e de prosperidade em todos os sectores da vida portuguesa.
A eloquente mensagem presidencial, pelo seu alto significado, merece, pois, o incondicional aplauso desta Câmara.
aqui saúdo, muito respeitosamente, S. Ex.ª o Sr Presidente da República, a quem rendo as minhas homenagens pelo seu exemplo como cidadão e patriota, que não se tem poupado a esforços nem a sacrifícios para bem servir a Pátria.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Sr. Roboredo e Silva: - Sr. Presidente, Srs. Deputados Depois do ignóbil ataque do já célebre padre Hastings através da notícia publicada no Times em Julho último sobre um criminoso massacre de populações inocentes em Moçambique, praticado por soldados portugueses, notícia apoiada no pseudoteste-munho de padres de Burgos, extensa cabala cuidadosa e minuciosamente urdida no estrangeiro, que demonstra a força dos inimigos de Portugal, e que para muitos ingénuos ter-se-á dissipado ou para dissipação caminha, convém falar um pouco do recente colóquio sobre política ultramarina portuguesa, que teve lugar em Bensburg, na República Federal da Alemanha. É natural que esta reunião internacional tenha passado despercebida a muitos portugueses, apesar de um grande diário lisboeta lhe ter feito adequada referência.
Entre a assistência havia de tudo, desde altas entidades das igrejas católica e evangélica a professores universitários e jornalistas de nome Também havia portugueses categorizados e respeitáveis e outros de vários matizes políticos, e activistas estrangeiros de todas as cores e feições, como aliás era de esperar. É claro que nem o colóquio se realizaria se não estivessem presentes padres brancos e padres de Burgos, três deles ex-missionários em Moçambique.
A facilidade com que se deslocam estes padres, pretensos missionários, de Bruxelas, Roma e Madrid a outros locais no estrangeiro demonstra à saciedade que para este género de propaganda anti-Portugal não há falta de dinheiro nem dificuldades de tempo para cada um se dedicar aos seus misteres.
Não me deterei sobre as discussões que ocorreram, apenas direi que estes tais padres denegriram e vilipendiaram as nossas autoridades, os bispos portugueses, as forças armadas e toda a nossa política de promoção dos autóctones. Tanto quanto sei, da parte destes indivíduos-padres só se ouviram palavras de ódio, de rancor, sem a mais leve tonalidade de justiça desde ataques cerrados à Concordata e ao Acordo Missionário até considerarem os aldeamentos campos de concentração, pois as nossas autoridades eram tão infames que não deixavam viver os naturais no mato, como deveria ser na opinião deles, padres, uma vez que só ali -no mato- se considerarão verdadeiramente africanos.
Passando fome, sede, sem amparo de qualquer espécie, dada a tendência para o nomadismo de algumas etnias, movimentando-se às vezes muitas dezenas de quilómetros para encontrar água na época do cacimbo ou possibilidades de sobrevivência, vivendo assim à margem da sociedade, é que o autóctone se sentiria feliz e africano, segundo a estranha filosofia desses famigerados indivíduos-padres Feliz e africano, direi eu, somente para poder ser «trabalhado» sem peias por padres missionários do calibre dos que fizeram tais afirmações.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Ainda bem recentemente o bispo de João Belo se referiu aos benefícios dos aldeamentos, que aliás saltam à vista de quem efectivamente deseje a promoção sócio-económica das populações nativas!
Sei que houve esclarecimentos do lado português, que repuseram as coisas nos seus termos, e muito útil foi a presença de jornalistas alemães que tinham visitado as províncias ultramarinas O motivo que me levou a fazer esta rápida resenha sobre o colóquio de Bensburg foi, no entanto, entre outros, entender que não estaria certo que nesta Assembleia se não erguesse uma voz a respeito de certos padres-missionários, em que a designação de missionário é abominável, porque o seu espírito de missão cristã e evangélica não existe.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Se aos missionários estrangeiros não é possível exigir que partilhem do nosso patriotismo, não se lhes pode reconhecer, todavia, a faculdade de se pronunciarem sobre os destinos de uma pátria que não é a sua (se é que tem alguma) e que os recebeu como hóspedes apenas para exercerem uma missão específica que não podem falsear Uma vez que se afastem das normas de correcção e ultrapassem as fronteiras da sua missão, não são dignos de habitar na Casa Portuguesa.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: -..., porque são prejudiciais à nação e porque traíram o compromisso assumido, que correspondia única e estritamente ao cumprimento da sua missão específica.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - O missionário, seja qual for a sua nacionalidade, deve ser um homem bondoso, um educador exemplar e sobretudo um obreiro da paz, designadamente nas áreas onde a guerra é um facto, muito activo e dinâmico na busca dessa paz junto de quem promove e pratica a guerra, e profundamente humano, caridoso, compreensivo e colaborante junto de quem sofre as suas funestas consequências. Lá, no meio dos fautores da guerra, é que a sua acção pacificadora se impõe, a fim de convencer os agressores da sua desumanidade e violência, à luz das leis divinas que são todas elas amor e bondade. Assim, qualquer pseudo-pacifista nacional ou estrangeiro que advogue a subversão ou a demissão das populações portuguesas, mormente quem exerça o que deveria ser um verdadeiro e sincero apostolado de missionário nas nossas.