províncias de África, tem de ser execrado, porque transformou a missão num instrumento de traição, colocando-se à margem da sua actividade, a qual deveria antes processar-se junto dos terroristas e de quem os instiga, arma e ajuda, e nunca na nossa terra, porque aqui é o povo que sofre a guerra e não quem a fomenta.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Tem-se dito e redito que o direito de defesa é legítimo Todos os missionários o sabem, nacionais ou estrangeiros, porque a própria Igreja o reconhece, Paulo VI tem-no afirmado em algumas das suas alocuções. Eles, os missionários, os sacerdotes em geral, e todos os homens, no fim de contas, sabem que qualquer povo, vendo a sua herança nacional em perigo, tem a sagrada obrigação de colaborar com o seu Governo e com as suas forças armadas, enquanto se mantiver tal perigo.

O Governo e o povo não podem atraiçoar-se um ao outro, ficando como que apáticos, à espera de serem aniquilados Neste caso não compreendo que existam ideologias políticas ou concepções antagónicas, uma vez que a Pátria está em causa e só esta palavra per se não pode deixar de ser aquele símbolo sublime que nos electriza e nos torna orgulhosos de ser cidadãos do País em que nascemos; ...

O Sr. Ávila de Azevedo: -Muito bem!

O Orador: -... em tal emergência não pode haver, dizia eu, ideologias ou concepções antagónicas que dividam ou semeiem ódios ou mesmo malquerenças entre os cidadãos do mesmo povo.

Todos devem estar unidos e coesos, formando uma verdadeira casa da guarda, até que o perigo desapareça e a calma surja de novo, qual alvorada resplandecente de paz e de amor.

Lembremo-nos que nas duas grandes guerras deste século os partidos políticos, nos países em que existiam, deram-se as mãos e constituíram ministérios de verdadeira união nacional, abstraindo de convicções político-ideológicas, para viverem unicamente a salvação das suas pátrias.

Aplico esta doutrina inteiramente aos sacerdotes, que não podem usar o seu múnus religioso para fugirem aos seus deveres para com a Nação, e aproveito para pedir a atenção do Governo, pelo Ministério respectivo, para p caso dos padres que apostataram ainda em idade militar e dos que, candidatos a sacerdotes, abandonam os seminários maiores, a fim de que não deixem de cumprir os seus deveres militares como cidadãos sem prerrogativas especiais que passaram a ser.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Afigura-se-me ter aqui cabimento transcrever, a propósito da matéria que venho tratando, alguns períodos de artigos publicados no Diário de Lourenço Marques -Dominicais do Advento - por esse grande patriota e distinto prelado que é o arcebispo de Lourenço Marques.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Lógico seria que padres e leigos impacientes pregassem o evangelho puro aos homens em vez de se lançarem contra o Governo. Aí é que está a nossa missão e obrigação. Mas é muito mais fácil gritar nas praças e até nas igrejas do que exercer um apostolado humilde e salutar junto dos indivíduos. E mesmo a estes há que pregar direitos e obrigações.

E ainda: No Concílio Vaticano II, entre muitas e generosas afirmações escritas, ficou esta, que transcrevo como exemplo: «Cristãmente, a missão própria confiada por Cristo à sua Igreja não é de ordem política, económica ou social, o fim que Ele lhe propôs é, com efeito, de ordem religiosa. Mas desta missão religiosa deriva um encargo, uma luz, uma energia, que podem servir para o estabelecimento e consolidação da comunidade humana segundo a lei divina».

Noutro passo: «A juventude está a ser desorientada por muitas e variadas gentes; por certos professores que procuram arrancar, até com violência, aos jovens aqui lo que faz parte da natureza racional humana: o amor de Deus e da Pátria...

Importa e sem medo denunciar este crime contra nós mesmos.

O mundo de hoje ri-se estultamente de certa linguagem, de certos homens do passado Concretamente, dos mártires da Igreja e dos heróis da Pátria. Mas criou diabolicamente outro martírio e outro heroísmo: aquele martírio e aquele heroísmo que se colocam directamente ao serviço da desordem e do mal».

Qualquer comentário às transcrições que li serviria apenas para empalidecer a sua crua realidade.

Recordo, voltando agora ao assunto inicial, que depois de tudo o que referi teve lugar a Cimeira de Argel -a formação indiscutível do bloco afro-árabe -, com as graves consequências que comporta para o Ocidente e designadamente para nós, entre outras, mananciais de dinheiro à disposição de alguns africanos, da O. U. A. e desde logo dos perversos movimentos terroristas. À bon entendeur...

O Governo está alerta de certeza, mas mais que nunca todos temos de estar com ele para as decisões políticas que julgue conveniente adoptar com o objectivo de manter bem altas a portugalidade, a honra, os interesses fundamentais e a dignidade desta velha nação que foi sempre fiel à sua palavra e nunca apunhalou pelas contas quem quer que fosse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não pretendo ser futurologista nem pretensioso, mas penso que o momento não admite desentendimentos, nem estagnações, nem quixotismos de qualquer espécie, unicamente profunda ponderação e decisões adequadas.

Sr. Presidente. Sirvo-me de estar no uso da palavra para felicitar o Governo e agradecer-lhe, porque frequentes vezes me referi a essa imperiosa necessidade ao longo da legislatura anterior e até já nesta o fiz, a decisão que tomou de aumentar os vencimentos do pessoal dos quadros permanentes dos três ramos das forças armadas. Esta medida e a outra remodelando os quadros tomam a carreira das armas mais atractiva, minimizando certamente as dificuldades quase insuperáveis consequentes da actual rarefacção dos quadros permanentes.