É mister redobrar de esforços na defesa contra o inimigo, que não desarma, e enveredarmos por uma política mais austera, mais severa, contra quem, na selva, nas vilas ou nas próprias cidades, comete os mais nefandos crimes contra as populações indefesas!

Os terroristas, armados e treinados além-fronteiras, pagos para cometerem as maiores atrocidades, não conhecem outra lei que não seja a lei da força.

E as nossas populações africanas, que têm um conceito especial da justiça, não compreendem acções psicológicas, onde elas, na verdade, muitas vezes não têm lugar!

Os negros e os brancos portugueses de Moçambique, numa fraterna comunhão de ideais, querem gritar aqui bem alto, pela voz de quem livremente elegeram para sua representação, que repudiam, com o maior fervor patriótico, todo o conteúdo dessa VII proposta, cujo objectivo é o desmembramento da Nação Portuguesa, ligada às suas províncias do ultramar há perto de seiscentos anos e que por essa razão querem conti nuar a ser sempre portugueses!

Manifestam-se, por nosso intermédio, contra o racismo retrógrado e em clara violação dos princípios fundamentais que se encontram estabelecidos na Declaração dos Direitos do Homem!

Protestam energicamente contra o cerceamento dos seus direitos de defesa, clara e abusivamente contido na referida proposta contra Portugal!

Sr. Presidente: Não me quis alongar em considerações, mas também não me quis silenciar perante tão clamoroso e cobarde ataque, pois não mo perdoariam os milhões de moçambicanos pretos e brancos que constituem a densidade populacional daquele cantinho de terra, a todos os títulos bem portuguesa.

As considerações de defesa inteligentemente postas na O. N. U. e o patriotismo com que o Sr. Embaixador António Patrício reagiu, e ainda os relatos que por favor da imprensa portuguesa a todos esclareceu, dispensam quanto eu pudesse dizer para além destas breves e pálidas palavras.

Apraz-me agradecer, em nome de todo o ultramar português, o modo enérgico como foi por nós rejeitada tal proposta, bem como a argumentação válida que serviu de base à defesa de Portugal.

Creio que interpreto o sentir unânime de todos os portugueses, sejam quais forem as suas etnias e a latitude onde se encontrem, afirmando que, com O. N. U. ou sem ela, Portugal trilhará sempre caminhos honestos no prosseguimento da acção que nos propusemos, de proteger as terras e as gentes portuguesas e de preservar a civilização ocidental ameaçada.

Sr. Presidente: Já depois de ter preparado esta intervenção sobre a proposta africana condenando a representação ultramarina portuguesa na O. N. U., a nossa imprensa dá-nos conta do massacre cometido pela Frelimo na aldeia moçambicana de Nhacambo, em Tete.

Tendo bombardeado e incendiado a referida aldeia, os terroristas continuaram a dar largas aos seus instintos selvagens, esquartejando alguns cadáveres que haviam sido tombados para sempre pelas suas balas assassinas!

Espectáculo dos mais bárbaros, de que a Frelimo se vangloria e que o mundo, assistindo impávido e sereno, tacitamente vem aprovando!

Perante tão macabra cena, que os jornalistas de várias nacionalidades constataram no próprio local e não deixarão de relatar, prestando assim culto à verdade, não pode deixar de ser feita justiça à causa portuguesa, ao direito que nos assiste de defendermos honestamente, como o temos feito até agora, as populações ultramarinas portuguesas contra os constantes ataques terroristas, cujo auxílio, de toda a ordem, lhes é prestado por alguns países de feição comunista!

Nós não queremos auxílio semelhante; queremos, sim, e exigimos, apenas compreensão e honestidade de propósitos para podermos continuar a defender a humanidade em nome da civilização cristã contra os crimes de acção terrorista que vêm avassalando o mundo inteiro!

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Amílcar Mesquita: - Sr. Presidente: É imensamente grato ao meu coração, em momento que peço a V. Ex.ª a palavra, no recomeço dos trabalhos da primeira sessão desta legislatura, trazendo a esta Câmara assunto da maior transcendência e muito caro às gentes transtaganas, aproveitar a oportunidade para a ela associar cumprimentos de muito respeito e profunda admiração e estima por V. Ex.ª

Sr. Presidente: Acaba de escrever-se a caracteres de oiro uma página mais do livro da Universidade de Évora.

Desde os recuados tempos do século XV, era a cidade-museu centro esplendoroso de arte, ciência e cultura humanista, que, com a fundação da Universidade em 1559, irradiaria para o mundo inteiro os mais diversos ramos do saber: teologia, exegese bíblica, direito, filosofia, história e hagiografia, ascética, oratória sagrada, filologia e linguística, cartografia e erudição vária.

Alguns nomes conquistam fama universal de mestres como filólogos, teólogos, exegetas, juristas, filósofos, humanistas. Assim, Manuel Álvares, Francisco Suarez (doutor exímio), Luís de Molina, Sebastião Barradas, Cristóvão Gil, Pedro da Fonseca (Aristóteles português), Francisco Soares Lusitano, e tantos, e tantos outros. O seu prestígio e influência chegam à África, à Ásia e ao Brasil.

Projecta-se no mundo a vocação e espírito um ver salistas da Universidade eborense.

O modelo desta Universidade esteve na origem da tentativa de fundação de uma Universidade no Brasil no século XVII: em 1670 tentam criar na Baía uma Universidade. Em 1729 e em 1747 surgem as tentativas para alargamento ao Brasil da Universidade de Évora.

Teria, assim, perfeita justificação, à luz da história e na pujança actual da vida da comunidade luso-brasileira, um Centro ou Instituto de Estudos Luso--Brasileiros na restaurada Universidade.

Sr. Presidente: A cidade-museu parecia ter encerrado para sempre a história da sua gloriosa Universidade.

Mas o querer dos homens - ultrapassando o tempo, vencendo as adversidades, a projectar-se, continuadamente, do passado no presente para o futuro, à luz da cultura que não se apaga por mais fortes que