sejam os movimentos da destruição- haveria de renovar a perenidade dessa história reabrindo o pesado e empoado livro de dois séculos, a que se aditam agora, às velhas folhas de pergaminho, novas folhas, em cuja primeira se inscrevem já factos imorredoiros.

Sena o espírito reformista do Governo de Marcelo Caetano, aberto aos interesses do povo português, que haveria de auscultar os anseios e corresponder às lídimas aspirações de desenvolvimento das sentes da região transtagana.

Não se deve -ao contrário do que escreveram agoireiros - a criação do Centro de Estudos Universitários a além do Tejo a «aspirações-pressões» ou a qualquer «caciquismo à mistura». Não é preciso mais do que relembrar as lúcidas e irrefragáveis palavras do Ministro da Educação Nacional proferidas em Évora a S de Fevereiro de 1972.

Aqui estou. Para vos alimentar a esperança Para trabalharmos com esse objectivo. Não serão necessários anos Talvez dias.

E noutra passagem:

Não constitui surpresa para o Ministro da Educação Nacional a afirmação viva, a afirmação voluntariosa da gente do Alentejo que deseja ter aquilo que nunca devia ter perdido - a sua Universidade.

Quase dois anos volvidos (4 de Janeiro de 1974) ao dar posse ao magnífico reitor e comissão instaladora, afirmaria1 «Começa hoje a Universidade»

Concluirei reproduzindo uma ideia feliz então proferida por quem hoje é meu colega de circulo - o Sr. Deputado Santos Murteira o povo da Região Sul não pediu, mereceu a Universidade, porque, ao corresponder à chamada feita, trabalhou com esse objectivo.

Difícil é em trabalho de grupo ou de esforço colectivo distinguir quem quer que seja, ainda mais quando esse alguém encarna, profundamente, o verdadeiro espírito de trabalho em equipa.

Contudo, não posso calar, à luz de elementar justiça e para desmerecer a acusação do feio pecado da ingratidão humana, a acção decisiva e o valor dos trabalhos neste empreendimento do Deputado Cotta Dias. Recordo a intervenção brilhante que teve na Assembleia Nacional para emudecer, com argumentação serena e irrefutável, certas vozes que, falaciosamente, pretendiam fazer crer, mediante razões de quantidade e de acentuado tom tecnocrata, a ilegitimidade de pretensão do povo transtagano. Os mesmos que, afinal, não poupam o Governo à crítica de nada contribuir para que se atenuem as assimetrias regionais.

Lembro só mais aquele facto da sua iniciativa e que terá sido, porventura, o primeiro passo desta grande caminhada, cuja primeira jornada chegou ao fim Quero referir-me ao colóquio que sobre o ensino teve lugar em Évora no Instituto Superior Económico e Social, com vista à participação na reforma do sistema educativo.

Sr. Presidente: A posse do magnífico reitor e da digna comissão instaladora marca a nova arrancada no caminho da institucionalização da Universidade que procurará ser, segundo afirmou naquele acto, «universalista pela metodologia, estrutura e saber e regional pelas prioridades que farão parte dos seus objectivos e preocupações» Colocando-se ao serviço do homem como seu «objectivo primordial», não se afasta do sentido humanista que caracterizou a antiga Universidade de Évora e justifica a organização da multiplicidade dos ramos do conhecimento científico no âmbito de currículos interdisciplinares que dêem resposta às actuais exigências do desenvolvimento social e económico.

O Sr. Leal de Oliveira: - Dá-me licença, Sr. Deputado?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Leal de Oliveira: - Sr. Presidente: Aproveito a ocasião que o Sr. Deputado Amílcar Mesquita me proporcionou para também me congratular com o facto que está a relatar: mais um instituto universitário, mais estudos universitários em Portugal.

Aproveito também para relembrar as palavras do magnífico reitor dos estudos universitários, ao indicar que irá tomar a máxima atenção para a diversificação regional dos vários elementos que constituirão a futura Universidade no desenvolvimento de todo o País.

Muito obrigado.

O Orador: - Eu é que agradeço, Sr. Deputado Leal de Oliveira, as palavras que acaba de proferir e, a propósito das mesmas, lembrarei que mais adiante farei referência à ideia que acaba de apresentar.

Conscientes do estádio da economia da região, conhecedores das potencialidades existentes, confiantes nos recursos disponíveis, a Universidade representará para todo o território a sul do Tejo um verdadeiro motor do desenvolvimento e uma resposta às necessidades prementes do futuro.

Ressalta claramente do discurso pronunciado no acto de posse pelo reitor a intenção de ir ao encontro da vocação regional e concretizar a vontade do seu povo, fazendo da instituição universitária a Universidade do Desenvolvimento, ou seja, que a sua realização institucional se projecte e ramifique por toda a região, consoante as aptidões e possibilidades de cada meio. Assim, em Évora, através de estruturas novas e métodos modernos, parece possível, no âmbito de estudos universitários, o funcionamento de cursos de Letras (em moldes diferentes e currículos distintos do clássico), de Geografia e História (tal a riqueza do património documental da Biblioteca Pública de Évora), de Ciências Exactas (como Matemática, Física e Química), de Ciências Naturais (como Biologia, Botânica e Zoologia), de Tecnologias Agro-Pecuária e de Produtos Alimentares e Medicina (considerando as necessidades sanitárias da região e a existência de infra-estruturas em grau suficiente). Justifica-se na Universidade, ao lado do Centro de Estudos Luso-Brasileiros, um centro de estudos árabes. Por seu turno, em Portalegre, além dos cursos que podiam ser organizados a partir da sua Escola Normal Superior, com base no regime de associação previsto no diploma legal criador dos estabelecimentos de ensino superior, poderiam ter lugar cursos de Engenharia Têxtil. Por outro lado, Beja, no aproveitamento de infra-estruturas aí existentes, poderia ver a funcionar cursos de Aeronáutica, de Indústria Pesada e de Guerra (com respectivas oficinas) e uma estação de ensino hidro-agrícola, independentemente do mesmo alcance, na base daquela associação.