A produção da zona excede em muito o consumo local Daí a sua exportação paia grandes centros de consumo (V g Lisboa) e a utilização para queima, nos termos já referidos.

A zona da península de Setúbal abrange dezanove freguesias, numa área total que pouco excede os 55 000 há. É constituída pelos concelhos de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montojo (sem a freguesia de Ganha), Seixal e Sesimbra.

A serra da Arrábida contribui para uma diferenciação climática que permite considerar duas subzonas a Outra Banda, a norte, a Arrábida, a sul. A primeira comede com as mancebas ternárias e quaternárias e dispõe de um clima semelhante ao da zona de Oeste. A Arrábida tem características predominantemente mediterrânicas.

A maior percentagem de vinhedos localiza-se na subzona norte. Vinhos excessivamente alcoólicos e encorporados, produzidos em areias secas, têm a sua expressão mais conhecida no Montijo.

Eis a posição relativa do Montijo no conjunto das produções do distrito de Setúbal.

Os vinhos da subzona sul são de boa qualidade, aproximando-se os das encostos secundárias dos da Região Demarcada do Moscatel de Setúbal.

Na zona alentejana a cultura da vinha tem, desde sempre, revestido pouca importância, tanto no aspecto económico como na sua projecção social.

Os principais centros produtores encontram-se muito dispersos Vidigueira-Cuba. Redondo, Borba, Reguengos de Monsaraz, Évora, Estremoz.

Trata-se de vinhos muito alcoólicos e de baixa acidez fixa, que são, na sua quase totalidade, consumidos localmente.

Amorim Grão, no Esboço Duma Corta Regional de Portugal, referindo-se ao Algarve, assinalava 81

Pela variada constituição geológica do seu solo, pelas suas formas especiais de relevo, comparáveis a um gigantesco anfiteatro por onde se desce em degraus sucessivos, das montanhas setentrionais para a costa marítima, pela sua exposição ao sul, factor determinante de uma diferenciação profunda, de acentuado cunho mediterrânico, e, ainda, concomitantemente, pelos seus aspectos característicos de revestimento vegetal - a região algarvia forma uma espécie de mundo à parte.

É no litoral que a vinha do Algarve se localiza. A sua presença é relativamente modesta, a não ser nos concelhos de Lagoa e Lagos. A freguesia de Moncarapacho (Olhão) foi solar dos conhecidos vinhos da Fuseta, que a filoxera destruiu impiedosamente.

Os números que se seguem revelam a produção do distrito de Faro nos últimos quatro anos e a parte que, nessa produção, pertence aos dois concelhos referidos

Os vinhos são muito alcoólicos, pouco carregados e, por vezes, desequilibrados devido à baixa acidez fixa.

Estes vinhos atingem preços mais elevados do que os importados de outras regiões, dada a intensidade da procura.

Cerca de 80 por cento da produção provém de lavras com menos de cinco pipas. Tal como o vinho do Porto, também o Madeira tem corrido mundo levando consigo a fama da sua afortunada terra de origem.

Shakespeare recordou-o quando, em Henrique IV, Falstaff se dispõe a vender a sua alma «por um cálice de Madeira e uma perna de capão fria». O duque de Clarence descobriu, por seu turno, outra forma fatal de o apreciar, ao decidir morrer num bom tonel de malvasia!

Cultura predominante a partir do século XVI, substituindo a moribunda cana-acarina, sabe-se, contudo, que já estava radicada na ilha em meados do século anterior.

Tal como aconteceu no continente, no século passado, também a filoxera aí realizou destruição impiedosa.

Outro aspecto que o tem perseguido é a concorrência desleal desde o «Madeira grego» no «Madeira espanhol»

Promulgados vários aco dos, passou o Madeira a uma denominação de origem mais definida e que lhe assegurou mais ampla protecção 82

Por outro lado, regimes internos deram melhor consistência às suas formas de produção e de comercialização.

JÁ em Agosto de 1897 a Comissão de Vigilância do Vinho no Distrito do Funchal, nomeada pelo Governo, ao abrigo do estabelecido aos Decretos de 20 de Setembro de 1894 e 16 de Maio de 1895, fazia publicar um regulamento «para cumprimento das disposições de vigilância e fiscalização activa sobre todo e qualquer indústria que se exerça em menoscabo daquele preceito ligai, a qual ao mesmo tempo que defrauda o consumidor estabelece uma concorrência desleal»

81 Cf também Geógrafa de Portugal, cit., pp 417 e segs.

82 «Origem e expansão do vinho da Madeira», Associação Comercial do Funchal, Jornadas Vinícolas - 1962, cit., vol. IV, p. 288