vado que foi o elenco dos Deputados em mais de 60 % do seu efectivo - saiba realizar, sob a presidência firme e esclarecida do Sr. Deputado Amaral Netto, aquele muito que de nós espera o País, que por forma tão inequívoca acaba de. conferir o seu mandato à Representação Nacional. E assegurar igualmente a V. Ex.ª a nossa leal e constante colaboração, contribuindo para a desejável eficiência das tarefas que vão ser-nos cometidas.

Temos bem a consciência das horas difíceis que o Mundo atravessa e dos perigos e dificuldades que a Nação tem de enfrentar na sua marcha ascensional para novas e exigentes metas de progresso, de bem-estar, de segurança colectiva.

Não subestimamos, por isso, o primeiro dos imperativos que condicionam o nosso êxito, qual seja o de mantermos firmemente a nossa unidade em torno daquilo que é essencial para a defesa da Pátria, dos princípios fundamentais que norteiam o regime que a serve e que tem de adaptar-se evolutivamente aos progressos da sociedade portuguesa, que pretendemos acelerar cada vez mais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não quero deixar de prestar igualmente a homenagem devida ao Sr. Conselheiro Albino dos Reis, que, por jus de nascimento, dirigiu até há instantes os trabalhos desta sessão, e o fez com o mesmo raro brilho e saber de experiência feito com que em sucessivas legislaturas ocupou a cadeira presidencial, impondo-se à veneração e contagiante estima de tantas gerações de parlamentares que tiveram, como nós, o privilégio de apreciar a lucidez e permanente juventude do seu fino espírito.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não posso silenciar neste momento uma palavra de profunda saudade e de sentido preito à memória dos dois candidatos a Deputados que, no decurso da campanha eleitoral, Deus quis chamar a Si.

Tanto o Dr. Rui Pontífice, Deputado nas duas anteriores legislaturas, como o nosso malogrado colega Ramos da Cruz eram almas de eleição, que se entregaram sem medida ao serviço dos outros, à promoção constante de bem-estar das suas regiões e ao progresso do País.

E foi ao serviço da comunidade e no mais exemplar devotamento à causa cívica a que ambos se consagravam em plena campanha eleitoral que a morte os veio ceifar repentinamente.

A Assembleia ficou mais pobre. Não se perdeu, porém, o testemunho das suas vidas, nem o exemplo de empenhamento na acção política que religiosamente guardamos como preito à sua imperecível memória.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Resta-me, Sr. Presidente e Srs. Deputados, reiterar a VV. Ex.ªs os mais cordiais votos de feliz e eficiente trabalho parlamentar e os protestos da mais franca e leal colaboração.

Assim Deus nos ajude e nunca falte o ânimo para, em todas as circunstâncias, bem servir o País.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: As circunstâncias impõem-me uma pequena nota prévia, que gostaria considerásseis desligada de tudo quanto de sentimento último direi a seguir, mas que se refere à boa ordem dos trabalhos da Assembleia.

O programa legislativo que nos está presente, e que tem como tópicos mais urgentes a discussão e votação da proposta de lei do IV Plano de Fomento para 1974 e os cinco anos seguintes, e a proposta de lei de meios já para o próximo ano, aconselha a que preparemos imediatamente a eleição de comissões que façam o estudo pormenorizado e preparatório para os nossos debates destes diplomas.

O Regimento, na sua nova forma, prescreve que as comissões hão-de ser eleitas sobre listas apresentadas até à véspera da data da eleição.

A urgência a que aludi faz-me prever a necessidade de marcar essa eleição para a próxima terça-feira.

Em consequência, ficam VV. Ex.ªs prevenidos de que a Mesa receberá, até segunda-feira de manhã, listas de propositura de constituição das Comissões Eventual para o Estudo do IV Plano de Fomento, de Finanças e de Economia, cuja eleição será marcada para a ordem do dia da sessão de terça-feira próxima, dia 20 do corrente mês.

Srs. Deputados: Vou ter que faiar um pouco dós meus próprios sentimentos e opiniões. Como será a única vez em que terei oportunidade para tanto, desde já lhes pedirei desculpa se me alongar alguma coisa.

Continuo a maravilhar-me de estar neste lugar, agora já intimamente consciente de erros que farei por não repetir, mas não me livrarão de incorrer noutros.

Aceito, porém, a eleição como primeiro acatamento da vontade da Assembleia - aceito-a com humildade, mas agradeço-a com natural desvanecimento.

E neste duplo sentimento procurarei as linhas directrizes da minha devoção ao cargo, sempre na certeza de que VV. Ex.ªs me deixam o primeiro lugar para melhor servir a Assembleia, servindo-nos também.

Será, porventura, oportuno confessar que, Deputado já em seis legislaturas, seriamente sopesei a aceitação da candidatura para mais esta, na crença de ser bastante tempo de dar lugar a vozes novas, a outros modos de exercer a representação do eleitorado, de tratar dos interesses da Nação, sem perder de vista os do círculo onde há tantos anos venho a ser honrado e animado por provas de confiança.

Mas a candidatura parlamentar envolvia tanto o propósito de servir, participando na condução dos negócios públicos, como a dedicação ou apoio à linha do Governo em que tal propósito se tenha por melhor assegurado. E assim aceitei a candidatura no sentido da concordância com uma acção governativa que aprovo e na qual encontro promessas de prossecução, conforme me parece bastante adequada aos tempos e às necessidades do País. Não envolverá esse apoio, enquanto me encontre neste lugar, nem demissão do dever de sustentar a soberania da Assem-