e não esqueçamos que a carga fiscal no nosso país ainda continua a ser inferior à da maior parte das restantes nações desenvolvidas-, elevar para 53 milhões de contos o Orçamento Geral do Estado para o ano em curso, quando este, por exemplo no início da anterior legislatura, em 1970, ainda só atingia os 28 milhões de contos!

Assim, as verbas atribuídas sejam bem utilizadas. Neste particular pesam responsabilidades essenciais sobre os sectores governamentais da Defesa, com 12 milhões de contos; Educação, com quase 7 milhões, e Obras Públicas, com pouco mais de 6 milhões de contos.

Permitir-me-ei destacar o Ministério da Educação Nacional, cuja actuação tem sido bastante controvertida dentro e fora desta Câmara, e do qual a Nação tem o direito de esperar que os avultadíssimos recursos postos à sua disposição sejam efectivamente empregues para «rapidamente e em força» ir alargando e modernizando o nosso sistema educacional, que decerto convirá seja independente de ide ologias, sobretudo estranhas, mas, simultaneamente, para ser portuguesmente válido, não poderá deixar de ter como finalidade última a de transmitir às gerações novas, não ideologias, mas sim os ideais, as ideias-

forças que justificam Portugal como nação una, livre e fraterna, aqui e no ultramar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Deus queira, neste aspecto, que as reformas planeadas ou em curso não se limitem a meras soluções, quiçá tecnicamente perfeitas, porém vazias daquele conteúdo que uma educação verdadeiramente nacional tem por definição o dever de dar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Tudo quanto antecede acha-se de certo modo resumido por forma extremamente feliz no trecho da «Nota final», com a qual o Sr Ministro das Finanças encerra o relatório do decreto orçamental para o ano em curso, e que passo a ler:

As mais-valias de receita ordinária calculadas permitem fazer obedecer a preparação do orçamento para 1974 aos princípios da proposta de lei de meios, a qual se seguiu com a maior exactidão.

Respeitando estritamente o equilíbrio orçamental, acataram-se as prioridades concernentes à Defesa Nacional, aos empreendimentos previstos no IV Plano de Fomento, cuja execução no próximo ano se inicia, não se descurou o auxílio a prestar às províncias ultramarinas e conta-se ainda com dotação volumosa para financiamento de programas autónomos de investimento para além dos do âmbito do Plano de Fomento.

No domínio das acções programadas, deu-se especial relevo à educação e à saúde e prosseguir-se-á igualmente intensa actividade no concernente às infra-estruturas económicas e sociais e bem-estar das populações rurais, de modo a cumprem-se as linhas gerais do programa do Governo para o próximo ano.

A expansão da educação e o reforço da investigação científica conhecerão um novo surto do maior significado.

Por outro lado, no plano da divulgação, a nível de Governo, da política de desenvolvimento do País, creio poder afoitamente dizer que o essencial já está escrito e dito. Acrescentarei, no entanto, que o cidadão interessado está sem dúvida à espera de um comentário à parte especificamente ultramarina do IV Plano de Fomento, semelhante àquele que, de modo sugestivo e esclarecedor, o Sr. Ministro de Estado anteontem à noite apresentou através dos órgãos de informação, a propósito da orientação geral do Plano e da sua incidência directa sobre o continente e as ilhas adjacentes Aguardamos, portanto, com expectativa interessada, a comunicação que, estou convencido, o Sr. Ministro de Estado ou o seu colega do Ultramar - já que esta matéria corre por um e outro departamentos- apresentarão decerto oportunamente a público.

Todas estas considerações, Sr. Presidente, foram-me sugeridas pela situação económica mundial e pelo seu re flexo sobre o nosso país Ninguém sabe ao certo como evoluirá a conjuntura internacional, que pode estar à beira de um colapso semelhante ao dos anos 30, talvez por se não ter dado a devida atenção aos avisos repetidamente prodigalizados por alguns profetas clarividentes como, em matéria monetária, Jacques Rueff Em tal hipótese, teremos fatalmente de lhe sofrer também as consequências.

No entanto, e mesmo nesse caso, Portugal, porque é plurirracial e porque é multicontinental, estará aqui e no ultramar em melhores condições de resistência do que a maior parte dos restantes países, mesmo da Europa.

Mas é também possível que passado o actual período de desajustamentos, e suportadas as perturbações que necessariamente o acompanham, o Mundo se encaminhe para um novo estado de equilíbrio, e então os receios do momento não serão justificados

Em ambas as circunstâncias, porém, uma coisa é certa, as possibilidades e as vicissitudes do nosso país serão completamente difere ntes, consoante nos mantenhamos, ou não, unidos, serenos e confiantes uns nos outros, e, muito particularmente, naqueles cuja função própria é governar o País.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Freitas Pimentel: - Exmo. Sr Presidente e Exmos. Srs Deputados Quando dos abalos sísmicos das ilhas do Faial e Pico, o Sr Ministro Rui Sanches, acompanhado de uma comitiva de técnicos do Ministério das Obras Públicas, apressou-se a visitar aquelas ilhas, onde permaneceu alguns dias, percorrendo cuidadosamente todas as zonas sinistradas.

Passados poucos dias, depois do seu regresso, o Governo tomou providências especiais e urgentes, tendo sido publicado, pelo Ministério das Obras Públicas, o Decreto-Lei n.º 680/73, em 21 de Dezembro de 1973, decreto que abriu um crédito de 80 000 contos para acorrer de pronto às despesas com as reparações e reconstruções das casas dos sinistrados.

Na qualidade de Deputado pelo distrito da Horta e ainda na de residente numa daquelas ilhas - a do Faial-, não posso nem devo deixar de dizer nesta Assembleia que me julgo no dever de agradecer ao Governo do Prof. Marcelo Caetano e ao seu ilustre titular das Obras Públicas, engenheiro Rui Sanches,