a sua pronta presença naquelas ilhas sinistradas, presença que foi como lenitivo sagrado para muitos milhares de pessoas que imediatamente conheceram a esperança certa de melhores dias, para poderem continuar a vida nas localidades que tinham escolhido para seus lares.

O Sr Linhares de Andrade: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Com certeza.

O interruptor não reviu.

O Orador: - Obrigado eu.

Entre as declarações feitas então por S. Exa., no local dos sinistros, apraz-nos registar aqui algumas e agradecê-las de todo o coração, porque vieram de encontro aos nossos melhores desejos.

E foram elas

Aqui no distrito, especialmente na ilha do Faial e na ilha do Pico, o progresso não será travado pelo facto de algumas contrariedades terem acontecido [...]

Ficamos todos contentes e altamente tranquilos por ouvir essas e outras declarações, ditas muito especialmente para as populações da ilha do Pico, pois, assim, as obras que haviam sido planeadas, projectadas e algumas já em curso nesta ilha, como as do abastecimento de água a todas as freguesias, da electrificação a todas as freguesias, do acabamento das estradas longitudinal e transversal, dos caminhos de penetração, não vão sofrer qualquer interrupção, bem como a política dos portos não vai sofrer atrasos E, nesta conformidade, esperamos também que o porto da vila das Lajes do Pico seja incluído, como o foram os da Madalena e Cais do Pico, no IV Plano de Fomento, para que a nossa alegria seja quase total.

Quando estive na Horta, pelas férias do Natal, visitei todas as zonas sinistradas, podendo assim verificar a extensão do sinistro, que é muito grande, principalmente na ilha do Pico, onde atingiu várias freguesias, danificando muitas casas.

Quando regressei a Lisboa, já se haviam iniciado as obras de reparação, embora houvesse ainda abalos de terra!

Devo também deixar aqui uma palavra de justo louvor ao Sr Governador Sanches Branco, por bem o merecer, porque continua a ser permanentemente solícito com a sua simpática presença junto dessas populações sinistradas.

Quando das três últimas crises sísmicas do Faial, em 1926, em 1958 e agora em 1973, o Hospital da Horta foi sempre mais ou menos atingido. Em todas essas ocasiões houve grande pânico e tiveram de ser evacuados todos os doentes, com grandes prejuízos físicos, psíquicos e morais para os mesmos.

Julgo que seria agora ocasião única de substituí-lo por outro mais próprio, em vez do actual edifício, grande casarão, com salas enormes, altíssimas e desconfortáveis, sem quaisquer condições ou requisitos próprios dos hospitais modernos, isto é, construir-se um novo hospital que fosse seguro e funcional, segundo as modernas técnicas hospitalares E o que existe, devidamente reparado, poderia utilmente servir para a instalação de museu regional, arquivo distrital, bibliotecas e até para a instalação de alguns e determinados serviços distritais.

Aqui fica a sugestão para ser devidamente estudada por quem de direito.

Quando, em 24 de Agosto de 1971, foi solenemente inaugurado pelo venerando Chefe do Estado o Aeroporto da Horta, o Sr Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Engenheiro Rui Sanches, no seu magnífico discurso que proferiu, disse «preocupa-me particularmente a revitalização do porto da Horta [...] bem como os problemas do tráfego portuário da ilha do Pico».

Àquela primeira parte do discurso já S. Exa. deu expressiva solução, publicando, a 15 de Janeiro deste ano, o Decreto-Lei n.º 4/74, em que «[...] tendo em vista os melhoramentos previstos no plano portuário dos Açores e a exploração comercial das infra-estruturas já existentes, entre as quais sobressai o porto da Horta, é agora criada a Junta Autónoma dos Portos do Distrito».

Está, pois, satisfeita uma velha e nobre aspiração do meu distrito e que vai dar uma vida nova à cidade da Horta e ao seu porto, que tem, como nenhum outro, condições excepcionais de localização para servir a navegação que demanda os continentes europeu e americano, depois de devidamente construídos os respectivos depósitos de combustíveis, ora em estudo.

Mas as restantes palavras do Sr Ministro merecem também especial realce, porque dão satisfação à prioridade especial na construção do porto da Madalena da iha do Pico, onde desembarcam e embarcam por ano mais de 130 000 pessoas, que são mesmo aquelas que circulam obrigatoriamente no chamado Canal do Faial. E muitos dias há em que as lanchas do Pico têm de navegar horas à procura de um dos portinhos ou dos portecos da ilha, para deixar ou receber gentes que não puderam adiar a vinda ao Faial ou a ida do Faial, muitas delas por necessidades imperiosas ou imprevistas, como sejam as pessoas doentes de urgência. E tudo isto chega a ser possível, porque o arrojo e a perícia dos marinheiros da ilha do Pico são únicos na vida difícil daqueles mares.

Assim, um porto verdadeiro na fronteira daquela ilha é bem uma necessidade de há tantos anos, tão antiga que nem sabemos quando começaram os estudos para tamanho e tão importante melhoramento.

Porém, só agora é que merecidamente vai ter execução, embora há muitos anos se dissesse que a ilha do Pico bem merecia ser chamada a tomar parte no conjunto distrital da Horta, ocupando nele o lugar que lhe competia pela sua grandeza e proximidade, pois o Faial e o Pico formam, sem dúvida, uma unidade moral e económica, pela sua natural vizinhança.

Antes de terminar estes meus simples dizeres, ainda desejava referir-me à minha querida ilhas das Flores