O seu Aeroporto continua em obras, não servindo ainda regularmente os portugueses daquela ilha. Serve, porém, os franceses que ali vivem e regressam à França nos seus aviões Os aviões da SATA também lá vão, mas só quando fretados. Parece um paradoxo, mas tem sido mesmo assim!

Os Florentinos, durante muito tempo, serviam-se às vezes dos aviões da Força Aérea Portuguesa, que escalavam aquela ilha quinzenalmente. Mas não sei porquê, deixaram de o fazer, e agora só lã vão a pedido das autoridades locais, para transportar militares, funcionários em comissões de serviços públicos ou doentes em estado grave, comprovado por atestado médico Os restantes doentes resignam-se a embarcar, quando há lugares, no Ponta Delgada, da Insulana, munidos de um bilhete onde consta «sem direito à acomodação», ou então não embarcam, por ser imprudente a viagem em tal qualidade de transporte.

Simplesmente, porque em matéria de comunicações marítimas, os meus patrícios e até as restantes i lhas dos grupos central e ocidental estão em piores condições que há cinquenta anos! Também parece paradoxo, mas é mesmo assim, infelizmente!

Informam que o Aeroporto das Flores ainda não está completo. Mas isso não tem obstado que aviões da concessionária das ligações aéreas dos Açores vão ali, quando fretados!

Por esta penosa «insulandade», os Florentinos interrogam-se se é mesmo certo serem considerados como «segregados» das restantes ilhas dos, Açores Coisa semelhante gritam os Corvinos, quando falam de falta de assistência médica, dizendo, sem qualquer espírito de malícia, que «só se morre na ilha do Corvo quando Deus quer e é servido»

E, já que estou a falar da linda ilha das Flores, seja-me permitido exteriorizar o meu desgosto e o dos meus patrícios por, no IV Plano de Fomento, também não ter sido considerado b porto da ilha das Flores.

Sendo natural desta ilha e conhecendo, por experiência própria, a odisseia que se repete várias vezes no ano quan do dos embarques e desembarques de passageiros e mercadorias, parecia-nos justo que o porto da ilha das Flores bem merecia ter sido incluído no IV Plano de Fomento.

Vozes: - Muito bem!

O Sr Pereira do Nascimento: - Sr. Presidente, Srs Deputados Ao usar, pela primeira vez, da palavra nesta Assembleia, é-me muito grato saudá-la

Para V. Exa., Sr. Presidente, serão, como não podiam deixar de ser, os meus cumprimentos de muito apreço, estima e admiração, de tal forma são conhecidas, mesmo entre os. novos Deputados, as altas qualidades evidenciadas por V. Exa. na anterior legislatura.

Para todos VV. Exas., Srs. Deputados, as minhas saudações também.

Regressei, há cerca de quinze dias, de Cabinda.

Da Cabinda do petróleo, que é hoje uma indústria política, Cabinda, distrito que já deve ser hoje dos territórios mais promissores da Nação Portuguesa, mas Cabinda que é hoje também, talvez mais do que nunca, o ponto nevrálgico de uma situação criada pela ambição e ganância de certos políticos sem escrúpulos.

Talvez por isto, a quadra que antecedeu ali o Natal foi fértil nos mais variados boatos e ameaças.

Que se passa ou passou, afinal, em Cabinda?

Não aconteceu em Cabinda nada de anormal, excepto a anormalidade habitual ali e nos outros pontos de Angola onde são forçados a coexistir o trabalho pacífico e a vigilância armada. Podemos, de facto, confirmar Cabinda prossegue, em paz e tranquilidade, a sua vida normal O território não foi invadido, dos poços de petróleo continua a jorrar líquido mais que preciosos, as pessoas movimentam-se para todos os pontos do distrito com o mesmo à-vontade e a mesma serenidade de sempre, o progresso e a paz, podemos dizê-lo, são a sua constante.

Nada, portanto, de anormal a não ser determinadas afirmações que partiram de outro Estado que connosco tem fronteiras e que tiveram o condão de provocar a mais viva repulsa.

A única coisa de diferente aconteceu no passado dia 14 do corrente Cabinda iniciou um novo passo em frente, o mais importante da sua história comercial moderna.

Aquando da sua primeira visita oficial a Cabinda, em 29 de Junho do ano transacto, feita pelo mar, em homenagem aos que no passado se encontravam e fundiram também pela mesma via e para significar a importância que o seu governo atribui às comunicações marítimas de Cabinda e o papel que ele representa na economia do distrito como principal alavanca para o seu progresso, prometeu S. Exa. o Governador-Geral Engenheiro Santos e Castro, para breve, a adjudicação da construção de um porto de longo curso.

Fiel à sua palavra e ao lema da sua governação de que sem Angola falam mais as realizações do que as palavras», cumpriu Santos e Castro a sua promessa.

Por isso, esteve em festa a cidade de Cabinda, no passado dia 14 do corrente. O distrito mais ao norte do Norte de Angola viveu dois acontecimentos assinaláveis, quais foram a inauguração da nova pista de jactos do aeródromo local e a assinatura do contrato de empreitada que assinalou o início da construção do porto de longo curso da cidade.

Com isto preencheu-se uma lacuna que há muito se vinha fazendo sentir, velhíssima e não menos justa aspiração das gentes de Cabinda, de que tanto se falou e escreveu, quase até ao seu descrédito.

É que a necessidade de se dotar o distrito com um porto de mar era não só um anseio dos seus habitantes como uma promessa que já tinha mais de três dezenas de anos e em que já quase ninguém acreditava.

Da sua importância transcendente para a economia e para a vida do distrito, «chave de muitos problemas», falam os condicionalismos da situação geográfica de Cabinda - qual ilha isolada, como está, encravada entre os dois Congos, só com uma saída a oeste pelo Oceano Atlântico -, pelo que as suas comunicações marítimas assumem capital relevo, conjuntamente com as possibilidades que se abrem para o total aproveitamento das suas matérias-primas tão procuradas.

E as gentes de Cabinda souberam aguardar, e, com o mesmo espírito de nobreza que as distingue, manifestaram, exuberantemente, a sua satisfação pelo início de uma obra que, talvez nesta altura, justificasse, no dizer do Engenheiro Santos e Castro, já outra