Calcula-se em cerca de 167 000 ha as terras de lezíria do Ribatejo, das quais pouco mais de 100 000 ha são defendidas das cheias por diques ou tapadões 45000 ha, aproximadamente, têm as vinhas do Ribatejo, e destas apenas 30% se encontram plantadas em terrenos de campo aluvionais, cerca de metade em cada margem do Tejo

Além do mais, é a cultura da vinha a única com possibilidade económica na maior parte das zonas afectadas pelas cheias do no, pois não só fixa a deposição dos nateiros, obstando ao assoreamento das terras adjacentes, como evita, ao mesmo tempo, a erosão.

Poucas zonas de vinha no continente português possuirão as condições do Ribatejo para uma modernização cultural da vinha, na introdução das mais avançadas técnicas de mecanização, dadas as circunstâncias, sobretudo, de as subzonas da charneca do campo serem planas e de terreno de fácil mobilização

Por outro lado, o volume das suas produções permite ao Ribatejo manter uma exportação de vinho bem dimensionada, podendo, portanto, atingir e conquistar mercados estrangeiros, como acontece há tantos séculos.

Mas, voltando ao conceito de zonas vinícolas tradicionais resultantes do n.º 3 da base n da proposta de lei em discussão, parece ser apenas a qualidade dos vinhos nelas produzidos que determinam a sua classificação.

Ora, a região do Ribatejo, neste longo historial das suas vinhas, produziu vinhos da melhor qualidade, que, no mercado nacional e nos mais exigentes mercados estrangeiros, atingiram sempre as melhores cotações e satisfizeram os gostos dos apreciadores mais requintados.

Quando a invasão da filoxera, a partir de 1862, devastou as vinhas da região do Douro, foram os vinhos licorosos do Ribatejo, que então estava incluído na província da Estremadura, que permitiram aos comerciantes de vinho do Porto manter a sua exportação.

Isso comprova uma exposição feita às Cortes em 1908 pela Associação Comercial do Porto, protestando contra a proibição de os licorosos do Sul poderem ser lotados com os vinhos generosos do Douro, evocando que anteriormente assim vinha sido feito «sem jamais dar lugar a reclamações», proibição esta feita no Governo de João Franco.

Os vinhos adamados do Ribatejo são exportados para a Alemanha, onde, pela sua alta qualidade, têm a maior aceitação, acrescentando a produção dos afamados vinhos do Reno.

Considerando a extraordinária qualidade dos vinhos produzidos por esta zona ribatejana, em 14 de Janeiro de 1933 o Decreto n.º 22 123 criou a marca «Estremadura» para os vinhos de pasto e licorosos produzidos nessa província, especialmente os destinados à exportação, província que então englobava o distrito de Santarém.

Esta marca ou designação de origem não consta que tenha sido revogada e tinha por fim dar garantia de origem e de genuinidade aos vinhos produzidos naquela província.

O Ribatejo, nas suas três sub-regiões referidas, possui extraordinários vinhos, não só de boa qualidade, mas que, pela tipicidade de alguns, nela podem _e devem surgir regiões demarcadas, tal como a região do Cartaxo, de algum tempo em organização, e outras, dentro do conceito que a proposta de lei refere.

Os vinhos produzidos, quer na zona do Campo, quer nas zonas do calcário e do pliocénio e miocénio, pelo seu boquet, ligeireza e perfume, podem comparar--se aos melhores produzidos na França, na Itália e na vizinha Espanha.

Nos concursos anuais promovidos pela Junta Nacional do Vinho denominados melhor vinhos são atribuídos prémios nacionais -taça Federação dos Vinicultores, menções honrosas e prémios para cada zona e classe estabelecidas.

De 1957 a 1972, isto é, em dezasseis anos, no Ribatejo foram distribuídos os seguintes prémios nacionais.

referidos menções honrosas, quer em vinhos tintos, quer em brancos.