rem enfrentar as necessidades do abastecimento público, que fazem com que Portugal seja a terceira nação na capitação mundial do consumo de peixe.

Apesar da luta que o armamento trava há anos contra a falta de peixe na nossa costa continental e nos mares longínquos, da constante ampliação das águas territoriais por parte de diversos países ribeinhos, do aumento excepcional do preço do gasóleo, que é agora quase proibitivo, do índice progressivo dos salários das tripulações e do custo de todos os materiais, das reparações e da construção naval, problemas sobre os quais poucos se têm verdadeiramente debruçado, a exploração da pesca representa hoje a fé inquebrantável dos armadores e dos corajosos pescadores, que, arriscando dinheiro uns e a vida outros, desejam firmemente sobreviver por entre tantas e tantas deficuldades para que o País possa continuar a estar abastecido do peixe que as nossas populações consomem.

Mesmo com os comentários a que atrás me referi, o progresso das pescas está à vista e não parará, pois continuaremos atentos às inovações tecnológicas que forem surgindo. Ê esta a palavra de ordem no IV Plano de Fomento.

O Sr. Leal de Oliveira:- V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Leal de Oliveira: - Sr. Deputado, peço desculpa de fazer esta interrupção à sua exposição, mas não podia deixar de muito me congratular pela panorâmica que V. Exa. fez dos portos do Algarve.

Eu quero associar-me às suas palavras e peço ao Governo que efectivamente faça o que V. Exa. Aponta.

Muito obrigado

O interruptor não reviu.

O Orador: - Agradeço muito as suas amigas palavras.

Não quero terminar estas considerações sem dirigir uma saudação ao Sr. Ministro das Obras Públicas e Comunicações pelo dinamismo e clara objectividade com que tem levado a cabo o plano de expansão portuário imposto pelos processos de industrialização e integração económica nacional.

Bem haja o Sr Ministro Rui Sanches pela forma inteligente com que tem equacionado os vários aspectos em que se desdobra a problemática portuária, que sempre me mereceu a maior atenção como homem ligado por laços de fraternal amizade aos trabalhadores do mar, nas pescas e nas actividades de recreio. Estão-lhe gratos todos os que, nos portos, têm o seu testemunho de trabalho e um lugar de refúgio, de convívio e até de entretenimento

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Gonçalo Mesquitela: - Sr. Presidente, Srs. Deputados É do pleno conhecimento do País que a situação de luta contra o terrorismo em Moçambique apresenta hoje facetas preocupantes que se vão assemelhando às que, nos últimos anos, os Portugueses tiveram de viver e vencer em Angola.

Ê o terrorismo puro, com o objectivo de atemorizar pela violência, o de fazer mal para criar o clima propício à obediência, já que outros métodos de persuação se têm revelado ineficazes para a anuência convicta das populações. O ataque a gente indefesa, a camponeses, a lavradores, gente humilde dos campos ou dos aldeamentos no mato, pretos e brancos sem distinção no sofrimento.

A morte, a ruína, a tortura, o rapto, todos os meios servem para os homens das organizações terroristas, albergados e protegidos por países vizinhos de Moçambique e que aliados de Portugal ajudam a sustentar, a armar, auxiliando material e moralmente Para eles é preciso aturdir pelo terror, garantir cumplicidades, forçando-as, entre os Moçambicanos, criar o ambiente para que os padres Hastings do estrangeiro e de Portugal continuem a poder gritar contra nós o seu ódio, em palavras profanadoras, essas com que os idólatras de ideias novas propagam as apostasias modernas o objectivo imediato é sempre e só o de abater as resistências morais, a vontade de resistir.

Vivemos tempos difíceis em Moçambique Todos têm os elementos .para o avaliar. As perdas em bens e em vidas são maiores do que nunca foram. A ferocidade do inimigo é mais assanhada do que em períodos anteriores. Sofrem-nas os nublares que se defendem e os atacam com armas nacionais. Sofrem-nas as populações que, quanta vez, não encontram defesa para além da fuga ou de transigências com que compram o direito à vida, esperando poder ser recuperadas pelas nossas tropas. E sofrem todos os que ali vivem, nas suas angústias, na incerteza do viver físico do amanhã próximo, na dúvida sobre se o que se está a fazer basta para sustar a vaga que destrói e corrompe, se basta para evitar a erosão da economia, da resistência moral, da própria disciplina cívica.

A guerra subversiva tem uma química subtil, no que se refere ao espírito As ideias mais absurdas, impulsionadas por aquele clima de incerteza e de receios, infiltram-se, tomam cambiantes disbolicamente inocentes na sua aparência e provocam reacções que não sendo detectadas e combatidas a tempo, para poderem ser destruídas por ideias firmes, claras e alicerçadas em factos, vêm a gerar verdadeiras doutrinas e teorias que, embora falsas, permitem a alguns satisfazer efemeramente a sua ânsia de encontrar um caminho que pareça mais claro e seguro.

Queremos provas de que assim é? Pois, todos os dias elas surgem, no nascimento dos boatos sem consistência ou lógica, mas que se repetem à saciedade, mesmo contra as evidências mais palpáveis, como se fossem artigos de fé.

Mas não só na criação deles São prova também desta poluição do espirito, a propagação dos que o inimigo lança entre nós, respeitem à sua acção, à sua força, aos seus apoios ou respeitem à nossa vida pública, às nossas vicissitudes políticas ou à vida privada dos homens que tenham qualquer significado para a província ou para o País. Perde-se o espírito crítico Abandona-se o exame claro e objectivo das questões para assistirmos à onda avassaladora das notícias menos plausíveis ou das acusações mais infames, sem que nada, nem a verdade cristalina, desfaça as dúvidas que por sua vez se juntam a outras anteriores e assim alimentam aquelas soluções aparentes, que são falsíssimas, mas que respondem ao receio instintivo que se vive, às interrogações para que se não encontra resposta, às aberrantes verificações do dia-a-dia.

Assim, o clima a pouco e pouco deteriora-se, a confiança estiola, a dúvida instala-se e os espíritos