populações, não será conveniente um enquadramento dessas populações rurais por elementos de etnia europeia mais evoluídos?

O interruptor não reviu

O Orador: - Não tenho dúvida nenhuma em responder a V Ex.ª neste momento, embora rapidamente porque o tempo está contando contra mim, que, em estritos termos de política de povoamento, sempre tenho defendido essa mesma tese Nesta altura, em que estamos tratando de uma primeira fase, que é de promoção social das populações que estão largamente esparasas pelo território, temos de começar pelos aldeamentos, mesmo sem termos ainda elementos de outras etnias que se misturem.

O Sr. Roboredo e Silva: - Continuar com os aldeamentos.

O Orador: - Exacto, continuar com os aldeamentos

Mas entendo que realmente, para uma política de promoção integral, é indispensável termos o enquadramento de elementos evoluídos de qualquer etnia

O orador não reviu a sua resposta.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto ao nacional a prova está nesta própria Assembleia... A tónica desta estratégia tem sido a autenticidade portuguesa do nosso esforço Tudo é devido por Portugal aos Portugueses, porque são eles que o constituem Por isso, só limitações materiais absolutas podem evitar que este esforço se desenvolva ainda mais, porque da Nação se trata. E todos os meios se têm mobilizado

É justo que nesta matéria se renda homenagem ao contributo admirável que as forças armadas têm prestado também nestes sectores de acção civil, articulando-o com o dos serviços provinciais. A par da segurança, tem sido decisiva a acção dos militares na assistência sanitária, na escolar e, em muitíssimos casos, na técnica, mercê de inteligente aproveitamento de muitos elementos que servem nas fileiras.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas, para além deles, o que se está a fazer em matéria de promoção social das populações mais atrasadas é de molde a poder tornar orgulhosos os Portugueses de hoje A acção do Governo nacional e do Governo-Geral de Moçambique tem-se traduzido em resultados que deviam ser mais divulgados entre tantos que parece entenderem de fornia diferente o problema ultramarino.

A Sr. D Teresa Lobo. - Muito bem!

O Orador: - O número de escolas que se tem aberto e posto a funcionar é notabilíssimo e cresce de ano para ano em ritmo vertiginoso. As limitações que tem tido resultam de não haver agentes preparados para maior número. A fede hospitalar, se não é mais densa e não cresce mais de ano para ano é porque não temos médicos que bastem -longe disso - nem pessoal de enfermagem e auxiliar que se consiga formar em quantidades que garantam maior número de camas ou de postos. Faltam-nos elementos especializados em quase todas as profissões essenciais, desde, como disse, os médicos e os professores aos mecanógrafos ou aos geólogos ou os agrónomos ou simples mecânicos. Temos estado a formá-los, dentro da população evoluída, que já dispomos, e acelerando a promoção dos mais atrasados para que possam responder pela sua quota-parte de trabalho válido no conjunto da obra eminentemente nacional que se está a realizar.

Toda a província está empenhada nesta tarefa, pagando salários cada vez mais altos, desproporcionados, por vezes, à rentabilidade do seu resultado, por enquanto. A igualização de oportunidades entre todas as camadas da população é norma generalizadamente aceite em toda a província. A maior garantia da autenticidade desta cooperação está na absoluta necessidade que temos de todos os elementos humanos aptos para as tarefas comuns.

É necessário que se preste justiça aos Governos de Lisboa e de Lourenço Marques por esta orientação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E não posso deixar de chamar a atenção para a notabilíssima acção do Governador-Geral Pimentel dos Santos, cujo "Plano para quatro anos" e a sua execução bem merecem ser conhecidos e estudados por todos os que se interessam por Moçambique e pelo ultramar.

Vozes:-Muito bem!

O Orador: - Mas tudo isto se tem feito com os olhos postos em Portugal, neste Portugal maior em que nos inserimos e que só é o nosso Portugal porque Moçambique também dele faz parte.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tudo é devido ao País que herdámos Mas tem de se manter esta condição sem que se deixe desvirtuar o esforço, pelas tais ideias falsas a que me referi, algumas das quais parecem até de inspiração estrangeira, para não dizer ligada ao inimigo Está nesta categoria a de certa moçambicanização de Moçambique que foi exposta sem um sinal de portugalidade, de unidade nacional. Como se o sentido da aberração não estivesse antes na orientação dada ao objectivo do que nos métodos preconizados. É típico da nossa boa fé portuguesa que tal ideia pudesse ser exposta em conferência de imprensa, em Lisboa, ao fim de tantos anos de guerra, por elemento de portuguesismo duvidoso porque dele carece na sua formação, na sua sensibilidade e no seu raciocínio.

Vozes:-Muito bem!

O Orador: - O que se ouviu defender foi mais a definição de como ideias terroristas podem ser realizados por via pacífica, sem hecatombes, do que a explicação de como se deseja que Moçambique evolua dentro da unidade portuguesa.

Vozes:-Muito bem!

A Sr. D. Teresa Lobo: -O Sr. Deputado dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.