A Sr.ª D Teresa Lobo: - As considerações de V Exa. encontrarão certamente a maior ressonância nesta Câmara, tal a sua justeza e oportunidade.

O momento que a Nação atravessa, ê preciso que fique bem claro, não se compadece com mimetismos políticos As opções têm de ser feitas em termos inequívocos, que não deixem lugar à dúvida, nem margem à indecisão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Muito obrigado pelo apoio que dá à minha intervenção.

Pois, trago na memória as manifestações de todos os que em Moçambique votaram nas últimas eleições para que aqui exercêssemos um mandato imperativo de unidade. A grande maioria dos eleitores foi de raça negra que sentiram como nós que Moçambique sim, porque Portugal

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A esse tudo é devido a para esse muito temos nós de pedir ao País Mas que se deturpe o sentido da moçambicanização como foi possível fazê-lo, ilustra bem como os mais elevados propósitos podem ser abusivamente utilizados por quem tem bases mentais e políticas que não são portuguesas As autênticas são as que desde a primeira hora todos os responsáveis têm advogado no sentido da colaboração efectiva entre portugueses de todas as raças, porque portugueses, e não por serem desta ou daquela província ou etnia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador - O desvirtuamento de portuguesismo das soluções só pode trazer consequências negativas. Portugal não está preparando territórios que amanhã venham a ser clientes económicos, políticos ou culturais do que se chama a metrópole. Portugal, porque somos nós todos, os da Europa e os de outros continentes, está a fortalecer-se a si próprio na unidade que, só vivida autenticamente, pode permitir as muitas fórmulas que sejam aconselháveis de autonomia de cada território no que respeita aos seus problemas regionais, mas sempre integradas nesse grande objectivo comum, da unidade nacional.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Falo à vontade porque um dos meus, que serve nas forças armadas, há bem poucos dias me afirmava que segue para o mato com os seus homens, todos de raça negra, para operações de cerca de um mês, e que nunca se lhe pôs o problema de ter ou não confiança neles, tão irmanados se encontram no bom combate por Portugal em Moçambique. É este o espírito que tem de existir, e que predomina, Santo Deus!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tudo o que desvie portugueses desta posição serve a subversão do mesmo tipo da que aqui na metrópole tem sido patente pelos que a preparam em capelas, em praças públicas ou em centros mais ou menos bem pensantes. Ora, a Pátria tem obrigação de se defender dos que a discutem!

Referi acima a necessidade de reforçarmos as coordenadas morais da Nação e este é um dos casos em que elas podem estar em perigo Por isso o cito como exemplo claro das atitudes que não podem ser permitidas sob pena de virmos a colher frutos amargos de transigências generosas. Temos de ter antes de mais a certeza de que a retaguarda está segura. E para além destes casos anómalos, como o que indiquei, há infelizmente atitudes mais permanentes. Daqui, da metrópole europeia, partem sementes de dúvida e miasmas de descrença, afirmações de sinal contrário.

Mas é preciso que os Portugueses saibam que cada vez que estes factores negativos se conhecem no ultramar, onde tantos metropolitanos se batem ao lado dos naturais das províncias, a dúvida pode começar a instalar-se. Quando a juventude, seguindo as modas antiportuguesas, se mostra menos esclarecida sobre o que ali os da sua geração estão fazendo e das grandes razões porque se sacrificam, lá eles preocupam-se com o que pode vir a definir-se contra Portugal, e que muita vez começa pela expressão do que não é mais que snobismo de moda passageira que o contacto com África faz desvanecer ao sol claro da verdade Mas a dúvida sobre a retaguarda não deve poder ter razões para se instalar.

Não podemos deixar apunhalar pelas costas os que combatem por Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para isto é importantíssima a acção da escola e dos órgãos de informação, que não podem deixar de ter presentes aquelas realidades no que se refere à influência de tudo o que aqui, na Europa, se passa, nas mentalidades e na resistência moral dos que no ultramar lutam e mourejam.

É neste contexto e neste clima moral que têm de ser apreciados os últimos acontecimentos da portuguesíssima cidade da Beira Solidarizando-se com Vila Pery e Manica, na dor e na revolta provocadas por bárbaro massacre terrorista contra uma família pacífica de fazendeiros, precedido de ataques seguidos à linha do caminho de ferro e instalações industriais daqueles distritos, a população beirense, habitualmente serena, mas sempre determinada e valente, manifestou-se de forma inusitada E nessas manifestações foi, porventura, injusta com elementos das forças armadas.

Lamento, e lamento profundamente, a injustiça do objecto que a exaltação do momento escolheu. Mas não posso deixar de compreender os Beirenses, assim como os moçambicanos do planalto de Vila Pery e Manica, pelas razões já atrás expostas.

O mesmo sentiu o governador do distrito da Beira, ao afirmar à população que se aglomerou junto à sua