É voz corrente naquelas paragens que o Aeroporto de Ponta Delgada não serve os interesses da população da ilha, da sua população, da sua economia e até que a situação estrangula o almejado progresso de todo o arquipélago. Que os entendidos o digam! Eu não sei.

É sentimento geral que o serviço da TAP não satisfaz, longe mesmo, as elementares necessidades da maior ilha açoriana poucas carreiras, aleatórios e inconvenientes horários, já proibitivos os preços das cargas e das passagens, demoras e suspensões, discutível a qualidade do serviço no ar, etc.

As carreiras açorianas não darão ainda grande interesse económico? É possível.

Porém, viajam menos pessoas que as que desejariam só por falta da devida e necessária ligação com a ilha que mais tráfego pode proporcionar, a de S. Miguel.

No ano transacto o Aeroporto de Ponta Delgada movimentou mais de 5000 aviões e nele embarcaram cerca de 65 000 passageiros, desembarcaram mais de 60 000, carregaram-se 750 t de pro dutos, descarregaram-se mais de 600 t, o correio recebido ultrapassou os 185 000 kg e o expedido 80 000 kg.

Estes números, mais do que movimento, ilustram a ideia que estamos muito aquém dos níveis de utilização dos transportes aéreos considerados necessários à satisfação do desenvolvimento económico que se prevê, não pensando ainda na perspectiva de intensificação turística da ilha e do restante arquipélago.

O Açoriano tem natural tendência para evoluir.

Já não é ignorante do mundo moderno e, se fosse dotado de facilidades de movimentação aérea, o gradiente de crescimento deste tipo de transporte, que foi superior no ano que findou a 25%, teria sido substancialmente multiplicado.

Estamos sujeitos na ilha de S. Miguel, em matéria de ligações aéreas Açores- metrópole, às escalas dos aviões da TAP por Santa Maria, nas segundas-feiras e sextas-feiras, sábados e domingos, pela Madeira às terças-feiras e pelas Lajes às quintas-feiras.

Os aviões que transpo rtam de Santa Maria para Lisboa ou das Lajes para Lisboa escalam aqueles aeroportos a horas que obrigam a ligações de S. Miguel para Santa Maria e para as Lajes pela madrugada ou nas vésperas de cada dia.

O horário é péssimo. Parece ser o que mais convém à companhia nas ligações entre os E U A e Lisboa ou vice-versa.

Resta ao Micaelense a única deslocação directa, via Madeira, às terças-feiras, mas anda-se nas asas de ícaro quase o dobro, arrisca-se mais um bocadinho em tempo e em espaço e o serviço das refeições é uma afronta a quem paga e a quem merece as regalias de qualquer outro passageiro noutro espaço aéreo.

O Sr Ribeiro Moura: -Muito bem!

O Orador: - Concluímos que há aspectos selvagens ainda na terra açoriana e não os desejamos transformar em monumentos folclóricos, antes porém temos vergonha deles.

Açores, berço de destacados intelectuais, artistas e poetas, distintos e sensíveis homens das ciências e das letras, valiosos e eruditos governantes e parlamentares - fosse vivo Hintze Ribeiro que aqui nesta Casa fez história-, bravos e patrióticos soldados e missionários, é irreconhecível nalguns dos seus aspectos!

Açores, tu, que tens o maior crescimento de Alfabetização do espaço português, cresce e desenvolve-te! Mereces mais!

Por isto, o homem açoriano continua esperançado e vai vencer.

Dos mais distantes lugares, onde quer que ele se encontre, manda sempre na mensagem de saudade o voto de que um dia voltará à sua querida terra.

Mas as asas do Atlântico que o transportarão, facilmente, para vir trazer o seu abraço saudoso, são ainda muito frágeis, raras e não parecem dos portugueses que rasgaram horizontes e deram mundos ao Mundo.

Enquanto não surgirem todas as medidas apropriadas, os Açorianos irão sofrendo disciplinadamente, lutando com estoicidade...

É que saibamos nós, açorianos de cá, preparar àqueles que vivem na estranja, o mais rapidamente possível, o seu regresso, abrindo-lhes a nossa casa comum com bem-estar, onde só poderá haver no futuro para viver justiça, paz e progresso.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Almeida Garrett:- Sr. Presidente- Duas palavras apenas, e ambas de profunda satisfação. A primeira, para me congratular com as providências que o Governo, por iniciativa do Sr. Ministro da Economia e do Sr Secretário de Estado da Indústria, acaba de tornar em lei no quadro da política industrial que esta Assembleia formulou na Lei do Fomento Industrial.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Desnecessário se torna sublinhar mais uma vez o profundo significado de tal diploma para o desenvolvimento da economia portuguesa.

Neste momento, seja-me permitido, no entanto, repetir que não basta ao País saber que tem possibilidades de evolução no quadro das legítimas aspirações de todos os portugueses. É-lhe necessário também, e mais do que nunca, tomar consciência de que a responsabilidade pelo seu futuro pertence a todos os portugueses e que a dicotomia entre eles, nomeadamente entre governantes e governados, ganhou, à luz dessa responsabilidade, um sentido de compromisso total, compromisso pelo bem e pelo porvir da Nação, um compromisso que não é lícito, nem a uns nem a outros, menosprezar por reservas ou dimensões mesquinhas.

Vozes: - Muito bem!