por uma enorme massa de passageiros dos concelhos ribeirinhos;

Necessidade da ligação ferroviária através da Ponte Salazar;

Quanto às ligações fluviais entre as duas margens do Tejo, já o meu colega Caldeira Pais se ocupou do assunto e mostrou bem a transcendência do problema.

Julgo de interesse focar hoje a questão relativa ao prolongamento da Auto-Estrada do Sul.

Ela é, sem dúvida, uma das necessidades mais imperiosas que se torna imprescindível resolver, por muito sentida por todos aqueles que têm de utilizar a estrada nacional n º 10 a caminho de Setúbal e do Sul do País.

No IV Plano de Fomento indica-se, no sector «Transportes», como um dos «objectivos económicos próprios do sector: promover a satisfação das necessidades reais e potenciais de transporte decorrentes do desenvolvimento económico do País, utilizando um mínimo de recursos produtivos».

E mais ad iante, ao tratar de transportes e infra-estruturas rodoviárias, diz-se

«A fim de responder à pressão da procura, foi programado o lançamento da rede de auto-estradas e encontra-se em conclusão o novo plano rodoviário.

Dispor-se-á, portanto, ao iniciar o próximo Plano, de orientações relativas ao desenvolvimento das ligações rodoviárias a longo prazo, tendo em conta as fontes geradoras de tráfego, presentes e futuras, assim como de informações sobre o interesse económico relativo dos diferentes investimentos rodoviários».

O caso que vamos tratar está bem enquadrado nestes princípios, pois diz respeito à satisfação de uma necessidade de transporte decorrente do desenvolvimento económico de uma região, verdadeiramente gerador de um tráfego considerável.

Por esta razão nos atrevemos a apresentar o problema, certos de que ele apresenta excepcional importância e vem na natural sequência do desenvolvimento económico que por toda a vasta zona norte do distrito de Setúbal se vem processando.

A questão é, pois, que sem ligações rodoviárias capazes esse desenvolvimento económico pode ser prejudicado e que não pode processar-se com a dimensão e a rapidez que a todos interessa se não for considerada a construção do prolongamento da Auto-Estrada do Sul, desde o Casal do Marco até Setúbal. No momento actual, todo o trânsito que através da Ponte Salazar se dirige para o Sul segue pela Auto-Estrada até que no Casal do Marco entronca na estrada nacional n.º 10.

Até Coina, onde se faz a subdivisão do trânsito para o Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, filas ininterruptas de veículos de todas as espécies seguem continuamente, transformando essa meia dúzia de quilómetros num longo calvário.

E o trânsito, que mesmo em dias normais se subdivide nesse cruzamento em duas partes iguais, uma que se dirige para essas terras e outra para Setúbal

e Sul do País, começa, no que respeita à própria cidade do Sado, a atingir valores que excedem todas as expectativas.

A camionagem, que até há poucos anos não tinha grande significado, representa hoje um dos mais valiosos contributos para a saturação das possibilidades de tráfego nessa estrada.

As mercadorias transportadas entre Lisboa, Setúbal e o Sul do País crescem avassaladoramente, assim como cresce a tonelagem dos veículos que as transportam.

É não só o transporte de pessoas entre o Sul e Lisboa, do qual avulta o que se processa entre as duas cidades capitais de distrito, como o de mercadorias, muitas delas desembarcadas nos respectivos portos.

Trata-se de um movimento continuo de mercadorias que, abdicando do caminho de ferro que vai ao Barreiro, se processa para Lisboa e de Lisboa através da Ponte, congestionando completamente a estrada actual.

São as longas bichas de camionetas de passageiros, de carros carregados de pedra que de Sesimbra se dirigem a toda a parte, são os transportes TIR que se deslocam para a fronteira, são as camionetas que se movem lentamente transportando pesados contentores, são as filas imensas de automóveis que são montados em Setúbal, em suma, é um desfile lento de viaturas de todas as espécies que tentam chegar à auto-estrada existente ou à estrada que de Setúbal vai para o Alentejo, como se aí encontrassem ar puro para respirar.

E os desastres sucedem-se pelo enervamento de seguir em bichas intermináveis, sem possibilidade de ultrapassar os pesados veículos que nos dois sentidos se movem com uma lentidão capaz de arrasar os nervos à pessoa mais calma.

Apenas a título de curiosidade, citemos alguns números que foi possível obter.

Na estrada que de Setúbal vai a Almada e a Lisboa através da Ponte circulam, apenas de uma empresa, os seguintes autocarros - média diária.

Se tivermos em conta que as carreiras são de quinze em quinze minutos nos dois sentidos e que podemos computar em cerca de 10% a 15% os transportes em vazio, julgamos ser possível fazer uma ideia do que representa este movimento.

E é preciso não esquecer que várias empresas utilizam essa estrada com movimentos apreciáveis.

Das estatísticas quinquenais da Junta Autónoma de Estradas e previsões do Gabinete de Estudos e Planeamento extraímos que as médias diárias de passagens na estrada nacional n º 10 - em Setúbal-Azeitão - têm progredido da seguinte forma, e prevê-se que venham a ser nos anos futuros.