Esse caminho português, no meu modesto entender, poderá resumir-se assim.

Defesa intransigente do território nacional, sacrificando embora nessa luta disponibilidades humanas e materiais que noutras circunstâncias poderiam e deveriam ter aplicação sócio-económica bem mais reprodutiva. Caberá aqui uma palavra de louvor às forças armadas, sentinelas intemeratas da integridade territorial e vítimas de uma luta insidiosa e sem quartel por parte do inimigo comum.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Descentralização progressiva e ocupação administrativa cada vez mais eficaz dos territórios, de molde que a execução da política traçada seja cada vez mais executada e participada por aqueles que habitam esses territórios e directamente sofrem as contingências do terrorismo, que, traiçoeira e selvaticamente, perturba e condiciona a vida das populações e o progresso local.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Intransigente fidelidade ao multirracialismo, de forma a varrer quaisquer manifestações segregacionistas que ali ou além possam, ainda que incipientemente, tender a manifestar-se. Aqui e no ultramar não há brancos, nem pretos, nem amarelos, nem mestiços. Mas apenas portugueses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No ultramar não pode haver protestos contra actos de terrorismo perpetrados contra um ou mais elementos de determinada etnia. Porque a repulsa pelas acções terroristas e pelos massacres que se verifiquem tem de ser idêntica, seja qual for a cor da pele das vítimas que sofram as consequências da agressão.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

inclusive daqueles que se habituaram a ter o ultramar no coração, mantendo prudentemente as suas bolsas na metrópole ou na... Suíça.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aceitar a reintegração na comunidade nacional de quantos, um dia momentaneamente transviados, decidam acolher-se à sombra protectora da Bandeira Portuguesa, sem que essa reintegração possa transformar os que regressam em cidadãos de 2.ª classe, com menos direitos do que os demais.

Eis, Sr. Presidente, o que me parece não sofrer quaisquer dúvidas, pelo menos por parte da esmagadora maioria dos representantes do povo português.

O que, então, parece indispensável será ter a coragem de prosseguir. E de realizar com fé e entusiasmo. Reajustando aqui Adaptando além. Mantendo a linha uniforme dos grandes princípios e a flexibilidade adequada ao desenrolar dos acontecimentos e das circunstâncias.

Não desejaria terminar sem uma referência especial a Moçambique, que neste momento carece de especiais atenções.

Que a situação se apresenta difícil, ninguém contesta. Que o quadro é bem menos sinistro do que alguns pretendem fazer crer, não tenho a menor dúvida.

Angola passou em 1961 e durante largos anos por fases porventura ainda mais difíceis.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A onda de terrorismo manifestou-se bem mais violentamente. E as dificuldades económicas ainda há pouco tempo pareciam irremovíveis.

E, no entanto, o Estado de Angola caminha hoje, celeremente, sob o comando de Santos e Castro, para a prosperidade. O ritmo do trabalho aumentou. As grandes realizações sucedem-se. A recuperação da moeda acentua-se. As trocas comerciais estão em via de normalização O abastecimento público regularizou-se. A confiança renasceu.

Estou seguro de que Moçambique há-de também vencer o momento menos feliz que atravessa.

Para tanto afigura-se indispensável que não lhe sejam cerceados os meios de que carece, cumprindo ao Governo Central acompanhar com desvelo e cuidada atenção o desenrolar dos acontecimentos.

Dificilmente podaríamos encontrar alguém mais apto para essa delicada tarefa do que o actual Ministro do Ultramar, com especiais vínculos nessa parcela portuguesa do Índico.

Vozes: - Muito bem!