lores morais vigentes, dizendo que tal destruição era necessária e eficiente ao desaparecimento das situações injustas e à instauração da sociedade ideal aquela em que vigoraria sempre a justiça entre os homens. Abusou-se do espírito de generosidade e da inexperiência da juventude.

Dir-se-á, não obstante, que os países comunistas também conheceram a contestação juvenil escolar. E que esta não é, portanto, um acontecimento exclusivo do Ocidente. Trata-se, todavia, de simples coincidência formal do acontecimento. Pelo menos, a contestação, nos países comunistas, foi explicada como um movimento salutar, .pois era destinado a aperfeiçoar o próprio sistema socialista. Ora, nos países capitalistas, todos nós sabemos que o movimento contestatário se dirigiu e dirige ao derrubamento do sistema capitalista

Com o decorrer dos tempos o movimento contestatário no Ocidente (sem exceptuar o nosso país), com as características apontadas, ou seja, de exclusiva finalidade anárquica, extravasou da juventude estudantil e invadiu tudo e todos, as pessoas de qualquer categoria social e em grande número, e, bem assim, alguns organismos- sejam de associação particular, paraestaduais, ou mesmo estaduais Por isso é que afirmei ser preocupante a presente situação social e política no nosso país. Domina o espectro da desordem, do medo e da insegurança.

Em face desta situação, que fazer? Deixarmo-nos destruir por ela ou actuar por modo a vencê-la? A escolha, para mim, está feita Teremos de vencê-la. E criar, para tanto, todo o condicionalismo adequado e operante.

E será possível?

Estou convencido de que sim Aliás, a acção destinada a preservar os valores morais - da dignidade da pessoa, com todas as suas implicâncias e em todas as suas perspectivas, e, ainda, a da dignidade das nações traduzida pelo respeito mútuo que se devem merecer - começa a aflorar no Ocidente.

E na nossa pátria essa acção é já um facto certo e predisposto a desencadear-se. Não pude deixar de vibrar, íntima, mas profundamente, quando, no passado mês de Janeiro, assisti, no meio das mais altas patentes das nossas forças armadas, ao acto austero e expressivo da posse do vice-chefe do Estado-Maior-General das Forcas Armadas Ouvi-lhe afirmações tranquilizadoras de que «a Pátria não deve ser confundida com idealizações equívocas», que «a Nação -consubstanciada na massa anónima do povo que a conforma - é o verdadeiro suporte moral das forças armadas, incutindo-lhes, como tal, um carácter de absoluta integração nos valores por que a própria Nação se define», que, «justamente por isso, não poderá consentir-se qualquer desvio na fidelidade à pureza do conceito eminentemente cívico que preside à instituição militar [ ], como lídima afirmação do povo em armas e garante da sua soberania», « é que sé à luz da pureza ética desta linha conceituai que se impõe consciencializar a Nação e valorizar e dignificar as suas forças armadas».

Feliz a pátria que encontra, na mais adequada das suas instituições, este reduto de pureza cívica e ética capaz de reconsciencializar o seu povo como nação. E quando essa pátria é a nossa redobrada é a felicidade.

O Sr. Serras Pereira: - Muito bem!

O Orador: - As afirmações produzidas pelo ilustre militar são deveras importantes Estabelecem a base segura para solucionar a nossa preocupante situação social e política.

O reconhecimento de um conceito eminentemente cívico, que não poderá sofrer desvios, julgo ser o reconhecimento, em simples, mas permitido corolário, de que es forças armadas querem ser e serão, com toda a legitimidade, a guardiã de defesa na ordem externa e, muito principalmente, a guardiã sou garante dos valores morais da Nação», ou seja, da ordem interna, sem a qual esses valores não se poderão concretizar, em cada momento, e através das pessoas e das instituições civis competentes para os prosseguirem

Eu dou, portanto, o meu inteiro apoio a esta linha de rumo Ela é a certeza de que a ordem será mantida e que, assim, serão possíveis as relações humanas livres, inclusive no domínio do político, dentro do mútuo respeito pelos direitos próprios de cada um, e que se quer manter a ordem, de forma intransigente, mas sem se desejar a ditadura

Rumo certo e conforme a melhor interpretação do nosso actual fenómeno sócio-político Por um lado, os movimentos anarco-terroristas são ainda repelidos pela grande maioria da população, essa grande maioria dita silenciosa, mas que não prescinde da sua liberdade de acção e de expressão logo que encontre clima propício e de segurança E, por outro lado, afastados os comunistas, creio que não incorrerei em grave erro se admitir que os defensores do «pluralismo político» serão verdadeiros se animarem o seu pleno acordo com a linha de rumo apontada da defesa intransigente da ordem. É que eu, e suponho que ninguém, poderá compreender uma «actuação pluralista», de funcionamento normal, sem a defesa do respeito mútuo pelos direitos de cada um e dos valores morais inalienáveis da Pátria

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Razão tinha eu em considerar a «linha de rumo» apontada conforme à nossa realidade social e política do momento presente.

Finalmente, aquela «linha de rumo», que é a da garantia da ordem, exige lance daqui um forte chamamento a todas as entidades civis, judiciais, políticas e executivas, no sentido de que impende sobre elas o indeclinável dever de procederem, com tenacidade, à eliminação de tudo quanto perturbe a nossa vida social e política; dever indeclinável imposto, sem dúvida, pelo exemplo nobre das forças armadas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, quem [...] por meios impróprios, violentos e agressivos, a normalidade da vida social e política não merece o estatuto de homem civilizado

Focando, de novo, e tão-somente, a contestação dos jovens estudantes, por motivo óbvio de não ser possível nestes breves apontamentos versar outros aspectos de contestação, direi, por fim, que, uma vez esclarecidos, como estão, de que desempenham o papel de simples «joguetes» de interesses antipatrióticos e destruidores das suas próprias pessoas (pela não aquisição de cultura e pela ingestão deletéria