seguida uma rentabilidade como V. Exa a referiu. Na região, por exemplo, do vale do Tâmega, uma região alcantilada, com pequenas parcelas de terra para vinha, a maior parte delas é para floresta e outras praticamente só podem ser trabalhadas à mão; como é que poderíamos aceitar essa disciplina para fazer a vinha em grandes parcelas, numa dimensão até mecanizada, se se trata de uma região que vive da produção do vinho e da floresta? Teríamos que renunciar ...

O interruptor roo reviu.

O Orador: - Não foi isso. Eu tenho a impressão que V. Ex.ª não ouviu o que eu disse... Eu disse «salvo casos especiais e evidentes» e, como V Ex.ª compreende, aí nesses casos eu ponho não só aqueles vinhos de qualidade para os quais o preço nem conta, como todos esses casos que V. Ex.ª me está a referir

O Sr Gonçalves de Abreu: - Muito obrigado pelo seu esclarecimento

O Orador: - Tenho a certeza de que não pode haver dúvidas quanto a estarem cumpridos os requisitos que permitam estabelecer aí, desde já, determinadas zonas demarcadas, entre as quais as que antes citei.

Quanto às características de reputada qualidade e tipicidade dos seus vinhos, para não invocar só o concenso público, que já podemos deduzir da carta foral concedida em 1166, pelo nosso primeiro rei, a Évora, e que encontramos expressa nos escritos, do século XVI, de Duarte Nunes Leão, assim como em outros documentos e épocas, como já foi referido em pormenor por um meu colega de círculo, refiro os resultados do único concurso nacional e anual que conheço, o do «melhor vinho», aberto a todas as adegas cooperativas, e só a estas, e cujo resultado vou referir, quanto a vinhos tintos, no ano de 1969 concorreram vinte e três adegas, sendo quatro do Alentejo, cabendo o primeiro prémio à de Redondo e às restantes menções honrosas; em 1970 concorreram quarenta e uma adegas e igualmente quatro do Alentejo. O primeiro prémio foi atribuído à Adega de Borba e às três restantes menções honrosas, em 1971 concorreram trinta e três adegas, entre as quais cinco do Alentejo O segundo prémio coube à Adega de Redondo e às quatro restantes foram atribuídas menções honrosas, em 1972 concorreram trinta e oito adegas, sendo seis do Alentejo, cabendo o primeiro prémio à de Reguengos e às cinco restantes menções honrosas.

Como se depreende do que ficou dito, não oferece dúvidas de que se encontram no Alentejo zonas que têm condições para servirem de base a regiões demarcadas Julgo não ser necessário fazer a demonstração de que também aí há toda a facilidade para um completo e moderno amanho cultural e existem empresários evoluídos e com capacidade de iniciativa e risco.

Para mais é uma região já sujeita ao cadastro e com o estudo completo do seu solo, factores indispensáveis para se poder avançar com segurança

Estão, pois, criadas todas as cond ições que a proposta do Governo considera necessárias para se poderem definir as regiões demarcadas, uma vez que os serviços têm o conhecimento dos porta-enxertos e garfos a aconselhar, assim como o das restantes normas técnicas a fazer cumprir.

Há, contudo, um ponto para que gostaria de chamar a atenção e que resulta do conhecimento da carta de solos, de uniformidade do clima do Alentejo interior e da necessidade de dispormos de quantidades de vinho, homogéneas e apreciáveis, para podermos conquistar os mercados externos, satisfazendo a procura

O que actualmente verificamos na zona alentejana é uma falta de quantidade de vinho, em consequência das restrições que ao longo de anos e por razões conjunturais que em nada se assemelham às de agora, a começar na legislação pombalina, foram sempre penalizando esta região, quanto a num, com evidente prejuízo dos interesses regionais e principalmente dos nacionais. As necessidades do presente obrigam-nos a recuperar rapidamente o tempo perdido, pois, hoje, embora se esteja ainda sob muitos reflexos emocionais das crises do passado, já se podem analisar mais friamente os interesses em jogo e todos admitimos como sendo, em absoluto, necessária uma política de qualidade, aliada à economia da produção, para podermos defender o interesse nacional.

Assim, estou certo de que ninguém contestará a necessidade de alargar, dentro das condições propostas de qualidade, tipo e economia, a quantidade do produto, e daqui a necessidade de estender as áreas de produção que satisfaçam estas condições para além das existentes.

Contudo, quando falamos de grandes espaços, somos de imediato levados ao pensamento de que o conceito de região demarcada fechada, isto é, em continuidade, não se adapta às necessidades a que temos de fazer frente.

Todos sabemos da variedade de solos que, pelo menos na região a que me refiro, encontramos no âmbito de uma simples freguesia e também sabemos que para conseguirmos uma certa garantia de homogeneidade das produções precisamos não só do mesmo clima, como do mesmo tipo de solo, porta-enxertos e castas iguais, para além de técnicas semelhantes de cultivo.

Daqui o sermos levados ao conceito da região demarcada aberta, que, por oposição ao conceito anterior, é uma região descontínua, em que interessa mais a identidade ecológica que a situação geográfica, isto é, uma região demarcada definida para grandes áreas, mas englobando dentro dessas só os solos do mesmo tipo e onde o clima e a exposição sejam uniformes

No meu entender, uma solução deste tipo evitaria a proliferação excessiva das regiões demarcadas, ressalvando os inconvenientes que daí adviriam para a comercialização, sobretudo no campo do mercado externo, e também permitiria uni mais rápido alargamento dos benefícios sócio-económicos, evitando concentrações prejudiciais.

No Alentejo, pela uniformidade do clima e uma vez que já se conhece a sua carta de so los, seria fácil e útil seguir-se neste caminho, tanto mais fácil quanto se trata já de uma região sujeita a cadastro geométrico, o que permite um melhor controle.

Política e economicamente também haveria interesse, porque não só se evitariam reparos daqueles que, embora vizinhos, mas fora das áreas limitadas, possuindo o mesmo tipo de solo e, portanto, as mesmas possibilidades de qualidade de produção, veriam ser atribuídas grandes áreas de plantio a um e a ele nenhuma hipótese, mas também se poderia andar