mais rapidamente, com proveito para a economia nacional, pois, com base em tipos e qualidades, já hoje bem definidos -casos de Borba, Redondo e Reguengos, pensando por agora só no distrito de Évora- se poderiam englobar terrenos de outros concelhos, criando um clima de maior justiça pela igualdade de oportunidades que se dava a todos que estivessem nas mesmas condições.

Pensando agora nas zonas vinícolas tradicionais definidas na alínea 3 da base n, e sobre que se têm pronunciado vários oradores, por encontrarem a definição insuficiente, julgo útil expor o encadeado de ideias que a economia da proposta me sugere.

Em meu entender, todo o articulado em apreciação está sob o signo que deve nortear a viticultura nacional e que se encontra logo expresso no preâmbulo da proposta de lei, o da qualidade.

Nesse sentido, aceito as prioridades que se estabelecem na base III, começando-se nas regiões demarcadas, porque, como resulta da própria definição - base II-, são as que nos garantem a produção de vinho mais qualificado, passando-se depois para as regiões cuja produção é de qualidade que se lhe segue, as zonas tradicionais, e a que, por terem ainda garantia de qualidade na produção, se dá preferência em relação às zonas produtoras não especificadas, em que já não existe essa garantia.

Aceitando esta interpretação, confesso que só percebo as objecções expostas, se se quiser estabelecer critérios diferentes dos da proposta, que, repete-se, é o do primado da qualidade. Creio que a definição será insusceptível de confusão se dermos à palavra «tradicionais» o seu verdadeiro e aqui único sentido.

O Sr. César de Góes: -V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. César de Góes: - Tenho estado a ouvir V Ex.ª com cuidado, e cheguei à conclusão de que V. Ex.ª defende uma viticultura nova em grandes

Eu pergunto a V. Ex.ª a o que fazemos nós da viticultura tradicional também já em grandes espaços, não tão fáceis como aqueles que V Ex.ª referiu?

Pelas palavras que ouvi parece poder concluir-se que V. Ex.ª pretende transferir simplesmente a cultura da vinha das regiões onde se encontra para novas regiões.

Eu pergunto a V. Ex.ª o que se fará dessas novas regiões, qual será o seu destino, qual será o seu fim?

O Orador:-Das novas? Eu agradeço-lhe a interrupção. V. Ex.ª ouviu com toda a atenção, certamente, tudo o que eu disse, mas creio que talvez, logo no início, não tenha ouvido, porque eu estabeleço todas as considerações que faço partindo de três premissas.

A primeira, que é reconhecida por todos, é a de que hoje não temos vinho em quantidade que chegue Sobretudo vinhos de qualidade. Se os tivermos, e podemos ter, poderemos conquistar novos mercados que hoje se abrem.

Isto é um facto.

Posto isto, estabelece-se a proposta de lei, e eu perfilho inteiramente que são estes que temos de produzir, e, quanto a estes, nós poderemos abrir - e temos toda a razão para abrir- todas as plantações novas que possam vir a dar esses tipos e qualidades de vinho.

Nunca advoguei transferência de vinha Nem falei ainda nisso, mas, por acaso, faiarei adiante

A interpretação do Sr. Deputado César de Góes não me permitiu ler o resto da explicação, que se refere àquilo que eu considero as zonas tradicionais.

O Sr. César de Góes. - Se V. Ex.ª me permite, é só mais uma observação

V Ex.ª diz que já não temos vinho suficiente. Nem V. Ex.ª me provou, nem ninguém ainda mo provou. V Ex.ª esquece-se de que as nossas produções são cíclicas e por consequência sobejam muitas vezes em tal quantidade, que se elas pudessem ser arrecadadas, como nunca o foram, nós teríamos nas ocasiões de falta o vinho suficiente para mantermos os nossos consumos, quer internos, quer externos.

Mas repare V. Ex.ª que ainda não tivemos dificuldades de vinho para satisfazer os nossos pedidos.

O Orador: - Nos mercados externos? Os pedidos que tem havido?

O Sr. César de Góes: - Quais?

O Orador: - Mas houve pedidos desde o Japão à América ..

O Sr. César de Góes: - Quais?

O Orador: - E que nós nem podemos pensar em satisfazer

O Sr César de Góes: -Quais, Sr. Deputado?

O Orador: - Isso é do conhecimento de todos. Eu que não sou da sua região sei-o O Senhor, se o não sabe, basta perguntar a quem negoceia.

O Sr. César de Góes: - Nós temos é pedidos de sonhadores. Agora pedidos concretos do Japão ou da América..

Pois nós temos estado a abastecer a América de vinhos, e como V Ex.º sabe ..

O Orador: - Sr. César de Góes, dá-me licença?

Enquanto não há produto, não pode haver pedidos concretos, há consultas para saber se há Só quando há produtos é que pode haver concretização dos pedidos.

O orador não reviu as respostas.

O Sr. César de Góes. - V. Ex.ª não esqueça que não somos só nós a produzir vinhos e que os vinhos não são culturas anuais, não se podem plantar vinhas a esmo, para daqui a cinco, seis ou sete anos as termos de arrancar por não termos quem nos compre o vinho.

Tome V. Ex.ª nota desse aspecto, que é muito importante, não são culturas do ano, são culturas que demoram muito tempo a fazer, que exigem investimentos importantíssimos, e não se pode mudar de repente a política do vinho da forma como V. Ex.º está a pensar poder fazer-se

O interruptor não reviu

O Orador: - Eu tenho a impressão de que V. Ex.ª é que está errado

O Sr César de Góes: -O futuro nos dirá se é V. Ex.ª se sou eu.

O Orador. - A meu ver «tradicionais» qualifica, dentro do espírito da proposta, aquelas zonas a que,