tamente das respectivas populações todos os seus anseios nos vários aspectos das suas necessidades- básicas. Uma nota dominante ficou retida nos nossos tímpanos - a electricidade -, eis a prioridade solicitada pelas populações rurais do Algarve, antes que a água e vias de comunicação (caminhos ou estradas), que são também necessidades básicas

Com efeito, a electricidade é a modalidade de energia com mais lata aplicação na vida social. Não é possível conceber-se uma verdadeira promoção sem a presença daquela fornia de energia, desde a simples iluminação aos complicados computadores electrónicos.

Nos meios rurais, além da iluminação, que por si só é sinal de que ali chegou a civilização, com seus inegáveis benefícios, não só de bem-estar, à utilização da energia eléctrica na informação e educação das populações através da rádio e televisão, nos usos domésticos mais variados, à sua aplicação em industrias que podem transformar-se em pólos de desenvol vimento económico insuspeitados.

Ainda é de considerar a sua utilidade no abastecimento de água para uso doméstico e regas, com a utilização de grupos electro-bombas para extracção e condução de água de poços existentes, motivo também por que foi dada primazia à electricidade.

O empolamento turístico no Algarve acentuou assimetrias regionais que urge atenuar, pela promoção acelerada das populações autóctones, de molde a que o desnivelamento que daí resultou não crie facetas negativas àquele importante sector de economia.

A electrificação rural é, sem dúvida, o meio mais válido para obstar certos aspectos negativos do desenvolvimento turístico.

Com efeito, existem no Algarve grandes empreendimentos turísticos plenos de magnificências salomónicas que muito atraem (sobretudo estrangeiros, já se vê), feerricamente iluminados, e ao lado, separados às vezes apenas por uma estrada, aglomerados populacionais autóctones, que, vivendo na sua modesta ruralidade, se al umiam ainda com candeias de azeite ou candeeiros de petróleo. Este contraste, tão marcadamente acentuado, necessita urgente solução, pois que, além de constituir uma afrontosa injustiça social, pode vir a ser fermento de reivindicações que ultrapassem as nossas previsões.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Considero, pois, o benefício da electrificação rural, de resto presente no espírito do Chefe do Governo, que a ele se tem referido mais de uma vez, como o meio que mãos possibilite a promoção das populações rurais, dada a vasta gama de utilização para uma elevação do nível de vida, desiderato do Estado Social que desejamos concretizado.

O Sr. Leal de Oliveira: -V. Ex.º dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr Leal de Oliveira: - Sr. Deputado Desejo apenas dizer uma palavra, até para não diminuir tão importante intervenção como a que está a produzir nesta Assembleia.

Desejo simplesmente dizer que V. Exa. está focando um ponto de grande importância para o desenvolvimento do Algarve, desenvolvimento turístico, industrial e urbano que o Algarve merece e que todos nós queremos.

Efectivamente, se o problema da distribuição da energia eléctrica não for devidamente acautelado, poderá vir a ser, e até já o é, um ponto de estrangulamento do desenvolvimento algarvio.

Muito obrigado.

O Orador: -Muito obrigado, Sr Deputado Leal de Oliveira pela achega que trouxe à minha intervenção.

O turismo terá de ser uma actividade que prestigie Portugal, evitando-se, quanto possível, contrastes atentórios em relação à nossa vivência.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O Algarve vive presentemente a insânia do turismo. Acreditamos que, como Marcelo Caetano afirmou, seja «fonte de riqueza que seria cegueira não aproveitar ao máximo e que renderá tanto mais quanto nós soubermos manter o clima de paz e bondade, que é para os homens deste mundo torturado em que vivemos mais precioso que o sol e o mar».

Parece-nos, no entanto, que o Algarve terá também de procurar outros empreendimentos de economia mais estável, dado que o turismo se apresenta mais sensível à prosperidade por factores internos e externos, inclusive às vicissitudes da moda.

Correspondendo ao mandato com que o povo algarvio nos quis honrar, elegendo-nos um dos seus representantes nesta Câmara, daqui solicito ao Governo da Nação, nomeadamente aos Srs Ministro das Finanças e da Economia e Secretário de Estado da Indústria para que seja dada celeridade à electrificação rural do Algarve, já iniciada em algumas povoações, anseio maior do povo algarvio dirigido ao Governo de Marcelo Caetano Que dos proventos do turismo no Algarve se dê primazia a esta justa e benéfica aspiração das suas gentes

Inserido ainda no problema da electrificação, encontra-se o já debatido aspecto de uniformização das tarifas eléctricas.

Com efeito, não é possível compreender-se à primeira vista que tal regime não seja exequível a nível nacional, dado que no IV Plano de Fomento se trata do mesmo a nível regional «Reestruturação e saneamento económico-financeiro de distribuição da energia eléctrica » Objectivos, cap x, p 540 do tomo I.

Se é possível uniformizar a nível nacional o preço dos combustíveis líquidos, que são fontes de energia, qualquer que seja a sua origem, porque não fazê-lo com a electricidade?

Não são portugueses os utentes de energia eléctrica, quer sejam transmontanos, minhotos ou algarvios? Porquê tanta diversidade no preço do quilovátio como no número de quilovátios para os vários escalões dentro do mesmo país?

O Sr. Leal de Oliveira: O chamado bailado das tarifas.

O Orador: - Como disse, é assunto que julgo ter sido bastante debatido, aguardando solução que parece, nesta hora, mais premente, dada a actual con-