juntura energética motivada pela crise petrolífera e sobre o qual peço também particular atenção dos Srs Ministro das Finanças e da Economia e Secretário de Estado da Indústria.

Não ignoramos as dificuldades da hora presente, que, além da defesa do nosso ultramar, se encontram agravadas pela conjuntura internacional, com inevitável repercussão na nossa economia.

Impõe-se parcimónia na natureza das solicitações a formular ao Governo, mas terá de dar-se exequibilidade às necessidades básicas dos rurais, os que mais vivem do salário e necessitam protecção, como bem acentuou o Chefe do Governo recentemente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Neste aspecto a petição que formulo está integrada na linha de actuação ora delineada, aguardando confiadamente que ela seja concretizada.

O que venho de expor, Sr. Presidente e Srs Deputados, tem apenas um sentido - servir Portugal

Vozes: - Muito bem!

O Sr Sá Viana Rebelo: -Sr Presidente, Srs. Deputados Efeméride notável acaba de se celebrar em Luanda, e que eu entendo dever dar conhecimento a esta Assembleia, que, sendo eminentemente política, sempre escuta com atenção e dá realce aos factos que se prendem com a história do País e reflectem uma tradição que só nos honra.

elebrou-se o l º centenário da Biblioteca Municipal de Luanda, onde, há um século, foi incluído o Arquivo Geral do Senado da Câmara, inclusão de que resultou agora poder patentear-se ao público, que cheio de curiosidade acorreu aos Paços do Concelho luandense, livros raros, alguns dos quais autênticas relíquias, como os venerandos códices relativos aos séculos XVII e XIII.

Numa época em que tanto se discute o materialismo das colonizações apenas como origem de lucros pingues, é de realçar a espiritualidade que presidiu à inauguração, em 1874, desta Biblioteca Municipal em terras de uma Angola, então pouco aprazível, veículo cultural destinado a todos, repito, a todos, e onde houve o cuidado de guardar e preservar dos males do tempo exemplares sobre os quais hoje se debruçam com atenção, e por vezes com surpresa, os historiadores da presença portuguesa em África.

Felicitando os fautores da comemoração do 1.º centenário de uma biblioteca de que nós, os Angolanos, temos legítimo orgulho, aqui deixo este breve apontamento de notícia e de realce.

E já que falei acerca de um centenário, quero deixar aqui bem expresso o desejo de todos quantos vivem em Angola de que as comemorações do 4 º centenário da fundação de Luanda sejam realizadas a nível nacional, pois não é vulgar, creio mesmo ser caso único, existir uma cidade ao sul do Equador, em África, que possa apresentar um atestado de vida com quatrocentos anos.

Foi em Fevereiro de 1575 que Paulo Dias de Novais desembarcou na ilha que enfrentava a costa ocidental, logo para esta se transplantando e fundando Luanda com os portugueses que levara consigo e também com aqueles que já viviam nessa ilha.

O Sr. Almeida Santos: -V. Ex" dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Almeida Santos: -Tenho ouvido com muito agrado as brilhantes palavras de V Exa., meu querido amigo e Deputado Sá Viana Rebelo, pessoa que há muitos anos admiro.

Falou V. Exa. sobre o Arquivo e Biblioteca Municipal de Luanda. Numa época em que todos os países africanos buscam com afã os resquícios da sua cultura, nós temos um dos mais ricos espólios culturais na Biblioteca e no Arquivo de Luanda Simplesmente, esse espólio está a ser perdido por atentados do tempo e dos insectos. Suponho que deveríamos preservar esse rico espólio, que deve ser o mais rico de todo o ultramar, entregando-o, por exemplo, ao Arquivo Histórico Nacional, embora ficasse sempre propriedade da Câmara Municipal.

A Câmara Municipal não tem estrutura para proteger esse seu espólio e está a perdê-lo, como digo. Eu conheço perfeitamente todo o espólio dos arquivos da Câmara Municipal de Luanda, sobre eles me tenho debruçado atentamente -é um dos meus hobbies-, e verifico contristado que dia a dia, mês a mês, todas essas preciosidades estão a ser deterioradas. Talvez fosse útil que a Câmara Municipal, ou o próprio Governo, fixasse que iodo o Arquivo Municipal figurasse no Arquivo Histórico que está a ser organizado em Angola numa sala própria que fosse propriedade da Câmara Municipal.

Muito obrigado.

O interruptor não reviu.

O Orador: - Muito obrigado a V. Exa. pela valorização que deu às minhas palavras.

Pequeno aglomerado de casas de pau a pique, transformou-se na maior e, quanto a mim, na mais bela cidade ida costa ocidental africana, capital de um Estado Português bastante falado em todo o Mundo, como terra promissora de potencial extraordinário e símbolo eloquente, bem vivo, da sociedade multirracial que nós, Portugueses, soubemos criar e manter através dos tempos.

Dentro de um ano, precisamente, iniciar-se-ão as comemorações do 4.º centenário de Luanda, e no reconhecimento de quanto tal efeméride representa para Angola o Sr. Governador-Geral decidiu custear as despesas com essas comemorações, gesto que atraiu para si o reconhecimento não só dos Luandenses, como dos Angolanos, pois estes também sentem, também vivem as comemorações da sua velha e sempre renovada capital.

Mas julgo meu dever pedir a atenção do Governo Central para esta efeméride, que não pode passar despercebida nem ao País, nem ao mundo com quem temos relações.

Quatro séculos de vida, quatro séculos de história, tantos sacrifícios para a conquista da realidade sonhada, merecem comemorações condignas e a nível nacional, pois Luanda é obra e jóia da Nação.

Vozes: - Muito bem!